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Tanques russos às portas de Kiev, capital da Ucrânia, após negociações sem resultado

Os tanques russos chegaram às portas de Kiev nesta quinta-feira (10), seguindo a estratégia de cercar as grandes cidades da Ucrânia, após uma rodada de negociações de alto nível que terminou com acusações de que a Rússia atacou corredores humanitários

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AFP

Publicado em 10/03/2022 às 23:08 | Atualizado em 14/03/2022 às 18:35
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Os tanques russos chegaram às portas de Kiev nesta quinta-feira (10), seguindo a estratégia de cercar as grandes cidades da Ucrânia, após uma rodada de negociações que terminou com acusações de que a Rússia atacou corredores humanitários.

O primeiro encontro a nível ministerial entre os dois lados não resultou em um cessar-fogo no conflito, iniciado pelo presidente russo, Vladimir Putin, em 24 de fevereiro e pelo qual a União Europeia (UE) espera a chegada de milhões de refugiados.

Os Estados Unidos e seus aliados da UE disseram que estão considerando novas sanções contra a Rússia devido a sinais de uma "escalada" nos ataques a civis, mas descartaram o envio de aviões de combate.

No solo, uma equipe da AFP viu colunas de fumaça na cidade de Skybyn, a algumas centenas de metros do último posto de controle no extremo nordeste de Kiev.

Os tanques russos já haviam chegado aos subúrbios do norte e do oeste.

A cinco quilômetros da capital, a cidade de Velyka Dymerka foi alvo de foguetes russos Grad.

Segundo o Estado-Maior ucraniano, as forças russas continuam avançando para cercar Kiev sem descuidar de outras frentes, como as cidades de Izium, Petrovske, Sumy, Ojtyrka e a região de Donestsk.

"Corredores humanitários" para a Rússia 

A reunião entre os ministros das Relações Exteriores da Rússia e da Ucrânia, Sergei Lavrov e Dmytro Kuleba, na cidade turca de Antalya, não registrou nenhum resultado tangível para a cessação das hostilidades.

Kuleba indicou, no entanto, que ambos os chanceleres decidiram "continuar seus esforços", embora "a Ucrânia não desistiu, não desiste e não desistirá", acrescentou.

Lavrov disse que seu país está disposto a continuar as conversas no mesmo formato das três primeiras reuniões entre autoridades em Belarus e que uma reunião entre Putin e o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, foi descartada por enquanto.

Diante da impossibilidade de chegar a um acordo de cessar-fogo, o ministro russo afirmou que Moscou queria "falar sobre corredores humanitários" para evacuar civis das cidades sitiadas.

À noite, o governo russo anunciou que, mesmo sem acordos, seu exército abriria "corredores humanitários" dessas cidades para a Rússia.

Na Turquia, Lavrov reiterou que a Rússia "não atacou a Ucrânia", mas respondeu a "ameaças diretas contra (sua) segurança", e insistiu na desmilitarização e neutralidade da ex-república soviética.

Em reuniões separadas com o diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, os dois líderes disseram que estavam "dispostos" a trabalhar com o regulador da ONU para evitar incidentes nas muitas instalações nucleares da Ucrânia.

100.000 evacuados em dois dias

A Rússia mantém o cerco de grandes cidades ucranianas, o que obriga milhares de civis a passaram dias se protegendo de bombardeios em porões e abrigos improvisados. Em alguns lugares, a situação humanitária é crítica, segundo testemunhas.

De acordo com um representante do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Sasha Volkov, os habitantes de Mariupol, um porto estratégico no Mar de Azov, "começaram a brigar por comida".

"Todas as lojas e farmácias foram saqueadas há quatro ou cinco dias", acrescentou Volkov, que está na cidade, em uma gravação de áudio enviada à imprensa.

À noite, Zelensky denunciou que os russos haviam atacado uma rota por onde um comboio de ajuda humanitária viajaria para a cidade, sitiada há dez dias. É "o terror flagrante por parte de terroristas experientes", acusou.

O clamor de indignação aumentou após o bombardeio na quarta-feira de um hospital pediátrico daquela cidade, que deixou pelo menos três mortos, incluindo uma criança, segundo o prefeito.

A Rússia negou que suas aeronaves tenham realizado missões de ataque na área de Mariupol e afirmou que "o suposto bombardeio aéreo é uma provocação completa encenada para manter a agitação contra a Rússia entre uma audiência ocidental".

Em Kiev, metade da população fugiu desde o início da invasão, relatou o prefeito Vitali Klitschko.

Segundo Zelensky, cerca de 100.000 pessoas foram evacuadas nos últimos dois dias de cidades sitiadas.

Em duas semanas, mais de dois milhões de refugiados fugiram para a União Europeia, cujos líderes se reuniram em uma cúpula em Versalhes (a oeste de Paris) para analisar os impactos da guerra.

A comissária europeia para o Interior, Ylva Johansson, alertou que o fluxo não parou e que isso representa um "desafio muito grande" para os 27 membros da UE.

"Vamos ver cada vez mais pessoas fugindo da Ucrânia (...) Não sabemos exatamente quantas, mas eu diria milhões", disse a comissária sueca.

Na cúpula, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, descartou "uma via rápida" para a adesão da Ucrânia ao bloco, conforme solicitado por Kiev.

Sanções

Desde o início da invasão, os Estados Unidos e seus parceiros da Otan apoiaram Kiev, mas evitaram se envolver diretamente no conflito.

No entanto, a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos adotou um novo orçamento federal que inclui uma alocação de quase 14 bilhões de dólares para ajuda à Ucrânia, na forma de assistência humanitária, armas e munições.

O Ministério da Defesa russo acusou os Estados Unidos de financiar um programa de armas biológicas na Ucrânia e disse ter encontrado evidências disso em laboratórios ucranianos.

Na Rússia, as sanções ocidentais estão começando a pesar sobre a população. As últimas empresas estrangeiras a sair foram as gigantes japonesas de videogames Sony e Nintendo.

Putin alertou que as sanções podem causar um aumento na inflação global devido ao aumento dos preços dos alimentos, já que a Rússia não poderá exportar fertilizantes suficientes. Por enquanto, segundo o mandatário, a Rússia manterá todas as suas entregas de hidrocarbonetos apesar do conflito.

Membros das potências industrializadas do G7 pediram aos países produtores de petróleo e gás que "aumentem suas entregas" para lidar com o aumento dos preços da energia e os riscos de escassez decorrentes da invasão da Ucrânia.

 

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