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Zelensky compara invasão da Rússia à Ucrânia ao 11 de setembro e apela por exclusão do espaço aéreo

Presidente da Ucrânia fez um forte apelo pela criação de um espaço de exclusão aéreo nos céus do país, que permitiria que aviões de outros países possam abater aeronaves russas

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AFP

Publicado em 16/03/2022 às 11:48 | Atualizado em 16/03/2022 às 15:56
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Atualizada às 15h53

"Ser o líder do mundo é ser o líder da paz": falando em inglês diante do Congresso americano, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, interpelou Joe Biden diretamente, nesta quarta-feira (16), voltando a pedir a imposição de uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia. Zelensky também comparou a invasão a seu país com os ataques de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

"Você é o líder de uma nação, da sua grande nação. Espero que você seja o líder do mundo. Ser o líder do mundo é ser o líder da paz", declarou Zelensky, em um discurso transmitido por vídeo ao Congresso dos Estados Unidos e aos canais de notícias dos Estados Unidos.

O presidente Biden, que se recusa a impor essa zona de exclusão aérea, confirmou pouco depois uma ajuda militar adicional de 800 milhões de dólares à Ucrânia, compondo assim um pacote "sem precedentes" de 1 bilhão em uma semana para auxiliar o exército ucraniano a se defender das tropas russas.

"A pedido" do presidente Zelensky, "estamos ajudando a Ucrânia a adquirir sistemas de defesa antiaérea adicionais e de longo alcance", disse, especificando que a ajuda incluirá drones.

Pearl Harbor, 11 de setembro

Volodymyr Zelensky falou pela primeira vez perante o Congresso americano, após uma iniciativa semelhante nos parlamentos britânico e canadense.

Em um apelo por vezes apaixonado, o presidente ucraniano implorou aos Estados Unidos e a seus aliados ocidentais que façam mais para salvar seu país da invasão russa, lembrando-os das horas mais sombrias de sua História.

"Em sua grande História, vocês têm páginas que permitem que entendam os ucranianos", disse ele às autoridades eleitas americanas.

"Lembrem-se de Pearl Harbor, naquela terrível manhã de 7 de dezembro de 1941, quando seu céu foi escurecido pelos aviões que os atacavam", "lembrem-se do 11 de setembro, aquele terrível dia de 2001", acrescentou.

"A Europa não experimenta esse terror há 80 anos", frisou.

"Eu tenho um sonho"

Referindo-se ao destino de "mais de 100" crianças ucranianas, "cujos corações não batem mais" por causa da guerra, o líder de 44 anos assegurou que não vê "sentido na vida, se não puder parar a morte".

Zelensky também retomou o famoso discurso "I have a dream" ("Eu tenho um sonho", em tradução livre), de Martin Luther King, dizendo: "Eu tenho um sonho, essas palavras são conhecidas por todos vocês. Hoje, posso dizer, tenho uma necessidade, a necessidade de proteger nossos céus. Eu preciso da decisão de vocês, da ajuda de vocês".

"É pedir demais criar uma zona de exclusão aérea sobre a Ucrânia, para salvar as pessoas? É pedir demais uma zona de exclusão aérea humanitária?", perguntou, antes de projetar um vídeo de seu país sob as bombas.

Ao final do vídeo, a frase: "Fechem o céu sobre a Ucrânia".

O presidente democrata do poderoso comitê de inteligência do Senado, Mark Warner, afirmou estar "incrivelmente comovido" com o discurso do líder ucraniano, mas não respaldou uma possível zona de exclusão aérea.

Por outro lado, muitos congressistas apoiam os apelos de Zelensky para que Washington ajude a negociar o envio de armas de estilo soviético à Ucrânia, incluindo os caças MiG da Polônia e sistemas de mísseis terra-ar S-300.

Zelensky foi aplaudido de pé por todos os membros eleitos do Congresso, que receberam broches azuis e amarelos, as cores da bandeira ucraniana.

Sentada na segunda fila e cercada pelos principais nomes do Congresso, a embaixadora ucraniana nos Estados Unidos, Oksana Markarova, também foi aplaudida de pé.

"Slava Ukraini", "Glória à Ucrânia", lançou a presidente da Câmara de Representante, a democrata Nancy Pelosi.

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