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Zelensky pede à ONU que Rússia seja punida por mortes na Ucrânia e perca poder de veto no órgão

"Estamos lidando com um Estado que está transformando o veto ao Conselho de Segurança da ONU no direito de morrer", disse Zelensky

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Amanda Azevedo

Publicado em 05/04/2022 às 15:50 | Atualizado em 05/04/2022 às 16:00
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Da Estadão Conteúdo

Em um duro discurso ao Conselho de Segurança da ONU, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelensky, chamou a Rússia de criminosos de guerra e pediu que as autoridades julguem o país pelos assassinatos de civis em Bucha, nos arredores de Kiev. Ele comparou os crimes aos cometidos pelos nazistas na 2ª Guerra e pediu que a ONU retire o poder de veto da Rússia no conselho.

"Estamos lidando com um Estado que está transformando o veto ao Conselho de Segurança da ONU no direito de morrer", disse Zelensky.

No dia 25 de fevereiro, por exemplo, a Rússia foi a única a votar no Conselho de Segurança contra a resolução que condenada a invasão na Ucrânia, o que impediu que ela fosse aprovada, já que um voto é suficiente para vetá-las. O país tem uma cadeira permanente no órgão. "A Carta da ONU deve ser restaurada imediatamente. O sistema da ONU deve ser reformado imediatamente para que o veto não seja o direito de morrer", acrescentou.

O líder ucraniano ainda lembrou à ONU que sua primeira carta é "manter a paz e garantir que a paz seja respeitada". "Onde está a segurança que o Conselho de Segurança precisa garantir? Não está lá, embora haja um Conselho de Segurança. Então, onde está a paz?", questionou Zelensky nesta terça-feira (5) em seu primeiro discurso ao conselho desde que a Rússia invadiu a Ucrânia, no dia 24 de fevereiro.

Para Zelensky, a descoberta dos corpos de civis mortos com marcas de execução após a retirada das tropas russas em Bucha configura um crime de guerra que precisa ser investigado. Ele comparou a situação aos crimes nazistas cometidos na 2ª Guerra e pediu que os russos sejam punidos no Tribunal Penal Internacional a exemplo do que aconteceu no Tribunal de Nuremberg.

Ele também afirmou que ações semelhantes aconteceram em outras cidades ucranianas afetadas pela guerra, mas que o mundo ainda não viu. Após o discurso, um vídeo mostrando cadáveres caídos em campos abertos e nas estradas da Ucrânia foi exibido. "A geografia pode ser diferente ou variada, mas a crueldade é a mesma. Os crimes são os mesmos e a responsabilização deve ser inevitável", declarou.

 

O presidente ucraniano ainda afirmou que a Rússia vai desmentir repetidamente as ações em Bucha e culpar todos "apenas para justificar suas próprias ações", mas afirmou que tem provas com imagens de satélite de que os ataques realmente aconteceram na cidade enquanto os russos estiveram lá. Moscou já negou a autoria dos crimes na cidade. "Podemos conduzir investigações completas e transparentes", declarou.

EUA quer Rússia suspensa do Conselho de Direitos Humanos

A embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, Linda Thomas-Greenfield, defendeu a suspensão da Rússia do Conselho de Direitos Humanos - algo que ela e outros estados membros da ONU estão pedindo, o que exigiria uma votação na Assembleia Geral. "A Rússia não deve ter uma posição de autoridade em um órgão cujo objetivo é promover o respeito aos direitos humano", declarou.

Thomas-Greenfield afirmou que acredita, como Zelensky havia falado pouco antes dela, que "este momento exige que potências mundiais responsáveis e líderes globais mostrem alguma espinha dorsal e enfrentem a ameaça perigosa e não provocada da Rússia contra a Ucrânia e o mundo."

Enquanto as autoridades trabalham para confirmar de forma independente os eventos nas imagens, ela reiterou que os EUA "avaliaram que membros das forças russas cometeram crimes de guerra na Ucrânia". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

 

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