França reflete antes de votar em eleições presidenciais com resultado incerto

Após uma campanha, atípica, marcada pela guerra na Ucrânia, os franceses refletem antes de votar neste domingo (10) no primeiro turno das eleições presidenciais, que têm o atual presidente, Emmanuel Macron (centro), e Marine Le Pen (extrema direita) como favoritos

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Amanda Azevedo

Publicado em 09/04/2022 às 12:18
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Por Toni Cerda, da AFP

Após uma campanha, atípica, marcada pela guerra na Ucrânia, os franceses refletem antes de votar neste domingo (10) no primeiro turno das eleições presidenciais, que têm o atual presidente, Emmanuel Macron (centro), e Marine Le Pen (extrema direita) como favoritos.

Depois de semanas, inclusive meses, de campanha, os jornais alertam para um "teste para a democracia" que as eleições de domingo representam, nas quais serão escolhidos os dois candidatos, de um total de 12, que disputarão as chaves do Palácio do Eliseu no segundo turno de 24 de abril.

A taxa de abstenção é uma das maiores incógnitas destas eleições, realizadas após um primeiro mandato de Macron marcado pelos protestos sociais contra suas políticas voltadas para as classes populares, a pandemia do coronavírus e, agora, os efeitos da guerra na Ucrânia.

Muitos cientistas políticos acreditam que possa superar o recorde de abstenção do primeiro turno de 2002 (28,4%), que ajudou a levar para o segundo turno o conservador Jacques Chirac e o ultradiretista Jean-Marie Le Pen, pai de Marine. Em 2017, a abstenção foi de 22,2%.

"A indecisão também é um sinal do cansaço democrático", analisou neste sábado o jornal Le Parisien, para o qual o fio condutor da campanha é a inquietação dos franceses "com o mundo que os cerca e seu futuro imediato", mas sem um consenso.

"Ao meu redor, ninguém vota e todo mundo reclama", lamentava em mercado de Paris Christine Mazaud, uma aposentada de 75 anos.

Macron, de 44 anos, jogou a cartada de um presidente estável em tempos de crise e reformista; Le Pen, de 53, apostou por se apresentar como a defensora do poder aquisitivo, em um contexto de inquietação pelo auge dos preços da energia e da alimentação.

Foram os grandes temas que marcaram o debate eleitoral que, dependendo da atualidade, também abordou brevemente a migração, os distúrbios na ilha francesa da Córsega e a polêmica contratação de consultorias externas pelo governo francês, entre outros.

Diferentemente das eleições passadas, a questão das mudanças climáticas não esteve muito presente. Para alertar para a emergência climática, organizações de esquerda convocaram para este sábado várias passeatas na França, onde alguns candidatos poderiam aparecer.

- "Alianças internacionais em jogo" -

Após um dia de reflexão, quando é proibido divulgar pesquisas de opinião e fazer campanha, as seções eleitorais vão abrir às 08H00 (03H00 de Brasília) de domingo, exceto em alguns territórios ultramarinos que, devido ao fuso horário, vão fazê-lo horas antes.

A partir das 20H00 locais (15H00 de Brasília), no fechamento das seções, serão conhecidos os resultados, que podem surpreender. O esquerdista Jean-Luc Mélenchon tem opções para evitar que se repita o cenário de 2017, com Macron e Le Pen no segundo turno.

Os resultados serão acompanhados em nível mundial, pois, como destacou neste sábado o jornal regional Ouest France, as eleições são "importantes" pelo "peso da França na Europa" e porque "está em jogo a escolha de [suas] alianças internacionais".

Com sua ofensiva na Ucrânia, lançada em 24 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin, sacudiu o tabuleiro mundial e, na França, ressuscitou os debates tradicionais sobre qual postura adotar em relação a Moscou.

Embora os candidatos à Presidência tenham condenado por unanimidade a operação militar, o consenso se rompeu sobre o grau de firmeza da resposta internacional frente a Putin, e alguns defenderam inclusive abandonar a Otan uma vez terminado o conflito.

A invasão russa também intensificou o aumento dos preços da energia, impulsionando por sua vez a inflação e os temores dos franceses em uma eventual perda de seu poder aquisitivo. Este aspecto dominou os protestos que sacudiram o mandato de Macron em 2018 e 2019.

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