Suspeito de ataque no metrô de Nova York será julgado por 'terrorismo'
O detido, identificado como Frank R. James, de 62 anos e nascido em Nova York, irá comparecer na quinta-feira (14) perante o tribunal federal de Brooklyn, anunciou a corte
Por Angela Weiss, da AFP
A justiça americana julgará o suspeito pelo tiroteio no metrô de Nova York, que deixou 23 feridos, dez deles baleados, detido nesta quarta-feira (13), por "ataque terrorista", anunciaram as autoridades.
O detido, identificado como Frank R. James, de 62 anos e nascido em Nova York, irá comparecer na quinta-feira (14) perante o tribunal federal de Brooklyn, anunciou a corte.
"Nós o pegamos", disse o prefeito, Eric Adams, após capturarem o homem mais procurado de Nova York desde a manhã de terça-feira, quando ativou duas granadas de fumaça e abriu fogo contra os passageiros de um vagão se aproximava da estação "36 Street", no Brooklyn.
Sua detenção, em uma rua do sul de Manhattan, foi possível graças a colaboração dos moradores. Várias testemunhas o identificaram em um McDonald's e depois caminhando pela rua.
"O senhor James enfrenta agora uma acusação federal por seus atos. Um ataque terrorista contra o (sistema de) transporte coletivo", disse Michael J. Driscoll, assistente de direção do escritório do FBI em Nova York.
Segundo o promotor de Nova York, Breon Peace, se for considerado culpado, James enfrenta uma pena de prisão perpétua.
Seu cartão de crédito e as chaves da van que ele havia alugado na Filadélfia foram encontrados no local do ataque.
- Histórico criminal -
Segundo o chefe de investigação da polícia, James Essig, o suspeito tem um vasto histórico de detenções por posse de ferramentas para roubos, atos sexuais criminais, roubo e desvio de conduta.
James já havia postado vários vídeos no YouTube, nos quais aparece fazendo longos, e às vezes agressivos, comentários políticos, incluindo críticas ao prefeito Adams, um ex-capitão da polícia que defende mão de ferro nas ações de segurança na maior cidade do país.
A irmã de James, Catherine James Robinson, disse ao jornal The New York Times que ficou "surpresa" ao ver seu irmão considerado como suspeito. "Nunca pensei que poderia fazer algo assim", reconheceu, depois de especificar que há tempos não tem contato com ele.
- Serviço normal -
O metrô reabriu nesta quarta-feira com o "serviço normalizado" e "completo em todas as linhas depois que a NYPD [Polícia de Nova York] concluiu sua investigação", disse a autoridade de trânsito desta cidade de quase nove milhões de pessoas.
Para muitos passageiros que dependem inteiramente desse transporte público para se locomover na cidade, hoje era mais um dia comum como outro qualquer, apesar de estarem mais alertas depois do tiroteio.
"Estava muito mais atenta hoje, olhando o que acontecia à minha volta e garantindo que estava seguro", disse à AFP Laura Swalm, de 49 anos, que usa com frequência o trem de Nova Jersey para Manhattan. Ela também comentou que teve a impressão de que havia menos gente esta manhã do que em outros dias.
"Muita gente que vive longe não tem escolha. Depende do metrô, não pode deixar de usá-lo, independentemente se há um incidente ou não", disse à AFP Daniela, de 29 anos, originária da Bósnia, que reconhece que não pode evitar pensar "que um dia posso não voltar para casa com meus filhos".
- Pistola, munições e um machado -
Segundo o último balanço do tiroteio, 10 pessoas ficaram feridas à bala e outras 13 por inalar fumaça ou no empurra-empurra durante a fuga.
Armado com uma pistola, o suspeito colocou uma máscara de gás enquanto o trem entrava na estação. Depois, acionou duas granadas de fumaça e realizou 33 disparos, segundo o chefe de polícia de Nova York, James Essig. A polícia encontrou uma pistola Glock 17 de calibre 9 mm, três carregadores de munições adicionais e um machado.
"O que se viu foi uma bomba de fumaça preta explodindo e depois... as pessoas indo para a parte de trás [do vagão]", disse à CNN uma das vítimas do tiroteio, Hourari Benkada, ao descrever o momento em que os passageiros começaram a fugir, correndo para o fundo da composição.
Benkada contou que embarcou no primeiro vagão, na Rua 59, e se sentou ao lado do atirador. Como estava com fones de ouvido, não percebeu nada até o vagão começar a se encher de fumaça.
"Fui empurrado e foi quando levei um tiro na parte de trás do joelho", acrescentou.
Nova York registra este ano um aumento dos tiroteios e uma retomada dos crimes violentos. Até o dia 3 de abril, os incidentes com armas subiram para 296, enquanto, no mesmo período do ano passado, foram registrados 260, segundo as estatísticas da polícia.
Leis brandas sobre armas e o direito constitucional de portar armamento têm frustrado repetidamente as tentativas de reduzir o número de armas em circulação no país, apesar de a maioria da população americana ser favorável a controles mais rígidos.