ECONOMIA

Analistas apontam que novo surto de covid-19 ameaça crescimento econômico da China

Especialistas preveem que o surto, particularmente virulento na capital econômica Xangai, reverterá os ganhos do início do ano

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Katarina Moraes

Publicado em 16/04/2022 às 14:56
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Com informações da AFP

Analistas ouvidos pela AFP consideram que a política "zero covid" da China ameaça inviabilizar as metas de progresso econômico do país, sobrecarregadas por problemas na cadeia de suprimentos, atrasos nos portos e o confinamento em Xangai.

O crescimento na segunda maior economia do mundo desacelerou no segundo trimestre de 2021 devido a problemas no mercado imobiliário e controles regulatórios em determinados setores, o que levou as autoridades a estabelecer um aumento de 5,5% no Produto Interno Bruto para 2022, a menor meta em décadas.

Mas analistas disseram à AFP que esse objetivo pode ser difícil de alcançar devido às ordens de confinamento que paralisam a produção e afetam o consumo em várias cidades importantes do país.

Especialistas de doze instituições financeiras estimaram um crescimento médio de 5% para todo o ano e de 4,3% no primeiro trimestre, ligeiramente acima dos 4% registrados no trimestre anterior. Os dados oficiais para os três primeiros meses serão publicados na segunda-feira.

"A economia da China teve um bom começo em janeiro e fevereiro com menos limitações energéticas, uma recuperação na demanda interna... estímulo fiscal e exportações resilientes", disse Gene Ma, diretor de pesquisa da China para o Instituto de Finanças Internacionais.

Mas o aumento das infecções por coronavírus em março e os confinamentos decretados "interromperam severamente as cadeias de suprimentos e as atividades industriais", acrescenta. Analistas preveem que o surto, particularmente virulento na capital econômica Xangai, reverterá os ganhos do início do ano.

As montadoras alertaram esta semana sobre sérias interrupções na cadeia de suprimentos e a possibilidade de uma interrupção completa da produção se o confinamento de Xangai continuar.

O primeiro-ministro Li Keqiang disse esta semana que o Estado intervirá para ajudar os setores afetados pela pandemia com ferramentas como o corte das taxas de reserva obrigatória para os bancos.

Outras grandes cidades afetadas por surtos de covid incluem o enorme centro de tecnologia de Shenzhen, no sul, que ficou totalmente fechado por quase uma semana em março.

"O impacto nas vendas no varejo pode ser maior, porque a restauração - cerca de 10% das vendas no varejo - foi temporariamente suspensa em algumas províncias", disse o Goldman Sachs em um relatório recente.

Economistas prevêem que em abril surgirão consequências maiores do confinamento que dificultarão o crescimento.

Com infecções em dezenas de cidades, Pequim reiterou sua adesão à estratégia "zero covid", que envolve erradicar qualquer surto com confinamentos e testes em massa, isolamento dos casos positivos e fortes restrições nas fronteiras.

Isso causou uma limitação de movimento por quase duas semanas em Xangai, a capital financeira do país, que registra dezenas de milhares de casos todos os dias, a maioria assintomática.

A cidade de 25 milhões de habitantes abriga o porto de carga mais movimentado do mundo. As operações continuam, mas as restrições às viagens intermunicipais e a falta de caminhoneiros dificultam a movimentação de mercadorias.

O fluxo de veículos de mercadorias nas rodovias "enfraqueceu significativamente" desde o início de abril, diz o economista da Capital Economics, Julian Evans-Pritchard, em um relatório recente.

As autoridades de Xangai foram criticadas por permitir o aumento de casos e por não garantir o fornecimento de alimentos à população.

"Xangai é uma lição e os governos locais em outras partes da China podem se tornar mais sensíveis a surtos", disse à AFP Tommy Xie, chefe de pesquisa da China no banco OCBC. "Se quiserem confinar, vão confinar mais cedo ou mais tarde", o que pode levar a mais interrupções no curto prazo, acrescentou.

Os controles em outras cidades costeiras permanecerão rígidos, disse Dan Wang, economista-chefe do Hang Seng Bank China. "Não é impossível para nós vermos dezenas ou mais de 30 cidades confinadas ao mesmo tempo... o custo econômico é muito alto", disse.

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