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EUA acredita que Ucrânia pode vencer a Rússia com o equipamento adequado

Durante meses, Zelensky pediu aos países ocidentais o envio de armas pesadas

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Ana Maria Miranda

Publicado em 25/04/2022 às 11:33 | Atualizado em 25/04/2022 às 11:36
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Da AFP

O governo dos Estados Unidos acredita que a Ucrânia pode vencer a guerra contra a Rússia se tiver o "equipamento certo", afirmou o comandante do Pentágono, Lloyd Austin, após uma viagem a Kiev ao lado do secretário de Estado, Antony Blinken.

A viagem de dois funcionários do alto escalão da administração do presidente Joe Biden coincide com o início do terceiro mês de guerra, que já provocou milhares de mortes e deixou milhões de deslocados.

"O primeiro passo para vencer é acreditar que você pode vencer. E eles acreditam que podem vencer", declarou Austin a um grupo de jornalistas depois que ele e Blinken se reuniram com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

"Nós acreditamos que podemos vencer, que eles podem vencer se tiverem o equipamento certo, o apoio adequado", completou.

O encontro durou três horas e foi "muito produtivo e detalhado", afirmou um porta-voz do Pentágono. Zelensky foi informado sobre uma reunião de altos funcionários da área de Segurança de aliados ocidentais que acontecerá na terça-feira na Alemanha.

Após as conversas, Lloyd Austin destacou ainda que o governo dos Estados Unidos espera uma queda na capacidade militar da Rússia: "Queremos ver a Rússia enfraquecida a ponto de não poder fazer o tipo de coisa que fez ao invadir a Ucrânia".

Durante meses, Zelensky pediu aos países ocidentais o envio de armas pesadas - incluindo artilharia e aviões de combate -, ao garantir que as forças ucranianas poderiam mudar o rumo da guerra com mais poder de fogo.

Os apelos parecem ter encontrado resposta. Vários países da Otan se comprometeram nos últimos dias a proporcionar armas pesadas e equipamentos à Ucrânia, apesar dos protestos de Moscou.

Washington é um importante doador financeiro e militar para a Ucrânia, e um dos principais apoiadores das sanções contra Moscou, mas não havia enviado funcionários importantes do governo a Kiev, enquanto vários líderes europeus viajaram para a capital ucraniana para expressar apoio.

Austin e Blinken, que retornaram nesta segunda-feira à Polônia, anunciaram que os diplomatas americanos iniciarão esta semana um retorno gradual à Ucrânia e o envio de 700 milhões de dólares em ajuda militar adicional.

Blinken disse que o presidente Joe Biden pretende designar nos próximos dias a atual embaixadora do país na Eslováquia, Bridget Brink, como nova representante diplomática em Kiev, um cargo que está vago desde 2019.

Embora vários países europeus já tenham reaberto suas embaixadas em Kiev, o retorno dos diplomatas americanos será gradual, segundo um funcionário do Departamento de Estado.

A visita dos americanos aconteceu enquanto os combates prosseguiam na Ucrânia, o que ofuscou as celebrações da Páscoa neste país de maioria ortodoxa.

Zelensky acusou a Rússia de ser um Estado terrorista que destruiu a cidade portuária de Mariupol (sudeste) com semanas de bombardeios sem trégua.

Com milhares de pessoas em condições cada vez mais precárias, Kiev convidou representantes de Moscou a uma reunião nas imediações da siderúrgica Azovstal, onde estão refugiados soldados e civis ucranianos de Mariupol.

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que ordenou a suas forças que não ataquem o complexo industrial, mas os ucranianos afirmam que as hostilidades não deram trégua.

A Rússia anunciou nesta segunda-feira em um comunicado do ministério da Defesa o compromisso de "cessar de maneira unilateral as hostilidades às 14H00 de Moscou (8H00 de Brasília), retirar as unidades a uma distância segura e garantir a saída" dos civis de Azovstal "na direção que decidirem".

Mas, pouco depois, a Ucrânia afirmou que nenhum acordo foi alcançado sobre o tema. "Infelizmente não há nenhum acordo sobre um corredor humanitário a partir de Azovstal hoje", escreveu no Telegram a vice-primeira-ministra ucraniana Iryna Vereshchuk.

No domingo, o coordenador da ONU para a crise ucraniana, Amin Awad, pediu o "fim imediato" dos combates em Mariupol para permitir a saída dos civis.

"As vidas de dezenas de milhares, incluindo mulheres, crianças e idosos, estão em jogo em Mariupol", afirmou Awad em um comunicado.

Mariupol, que o Kremlin afirma ter "libertado", é crucial para os planos russos de estabelecer uma ligação terrestre até a Crimeia, sob ocupação russa.

Na semana passada, um comandante militar russo afirmou que a meta de Moscou é tomar o controle da região leste do Donbass e do sul da Ucrânia.

Os russos não demonstram a vontade de reduzir os ataques em outras áreas da Ucrânia. Cinco civis morreram e cinco ficaram feridos no domingo em Donetsk, anunciou o governador da região cercada no leste do país, Pavlo Kirilenko. As autoridades relataram uma morte em Kharkiv (nordeste).

No sábado, um ataque de mísseis no porto de Odessa deixou oito mortos, incluindo um bebê, e 18 feridos, de acordo com Zelensky.

O ministério russo da Defesa afirmou que o ataque tinha como alvo um depósito de armas estrangeiras perto de Odessa, cidade que registrava uma calma relativa desde o início da guerra.

Nesta segunda-feira, as autoridades russas informaram um incêndio de origem não determinada em um depósito de combustíveis na região de Briansk, cidade a 150 km da fronteira ucraniana que serve de base logística para as tropas de Moscou.

A Rússia também anunciou que derrubou dois drones no distrito de Rylsk, na fronteira com a Ucrânia, a 200 km de Briansk.

Mais de cinco milhões de ucranianos fugiram do país e muitos outros precisaram se deslocar dentro do território desde a invasão russa em 24 de fevereiro, segundo as autoridades.

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