União Europeia desafia 'chantagem' da Rússia, que acentua ofensiva no leste da Ucrânia
A UE acusou, nesta quarta-feira (27), a Rússia de "chantagem" por cortar o fornecimento de gás da Polônia e Bulgária em plena guerra da Ucrânia, que se prepara para encarar uma "grande" ofensiva russa no leste
Da AFP
A União Europeia (UE) acusou, nesta quarta-feira (27), a Rússia de "chantagem" por cortar o fornecimento de gás da Polônia e Bulgária em plena guerra da Ucrânia, que se prepara para encarar uma "grande" ofensiva russa no leste.
O Ministério ucraniano da Defesa informou que as tropas russas tomaram várias cidades do leste, tanto na região de Kharkiv como na de Donetsk.
"Teremos semanas extremamente difíceis pela frente", alertou o ministro ucraniano da Defesa, Oleksiy Reznikov.
"A Rússia concentrou forças para uma grande ofensiva no leste" e tentará "provocar o máximo de dano possível", além de "destruição e perdas dolorosas", completou.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, chegou a Kiev após visitar Moscou, onde conversou com o presidente russo, Vladimir Putin, sobre a maneira de evacuar os civis de Mariupol (sudeste), assediada e bombardeada há dois meses pelo exército russo.
A Rússia bombardeou também hangares em Zaporizhzhia (sudeste), destruindo "grande quantidade" de armas fornecidas pelos países ocidentais.
O governador desta região afirmou, no entanto, que "nenhum depósito de munições e armas foi atingido".
Depois de mais de dois meses de guerra, as potências ocidentais parecem menos cautelosas na hora de apoiar a Ucrânia com armamento para resistir à invasão russa.
Os Estados Unidos reuniram 40 de seus aliados em sua base de Ramstein, na Alemanha, e disseram que estão dispostos a "mover céus e terra" para conseguir que a Ucrânia se imponha na guerra.
A ministra das Relações Exteriores britânica, Liz Truss, pediu o reforço do envio de armas pesadas e aviões a Kiev, defendendo que é o momento de mostrar "valentia" contra a Rússia.
Putin alertou que qualquer intervenção externa na operação militar russa receberia uma "resposta fulminante".
- "Chantagem" sobre o gás -
O grupo russo Gazprom suspendeu suas entregas de gás a Bulgária e Polônia, alegando que esses dois países não pagaram por elas em rublos, conforme ordenado no mês passado pelo presidente Vladimir Putin.
No entanto, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, explicou que a suspensão das entregas é consequência de "ações hostis sem precedentes" desses dois países, membros da Otan e da UE.
Para a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o anúncio da Gazprom representa "uma nova tentativa da Rússia de nos chantagear com o gás", mas informou que ambos os países já recebiam fornecimento dos vizinhos.
A chefe do Executivo da UE afirmou que o bloco de 27 países estava "preparado" para uma eventual interrupção da chegada de gás russo e que elaborou "uma resposta coordenada" para esse tipo de cenário.
Os ministros europeus encarregados da energia se reunirão em 2 de maio em "sessão extraordinária" para analisar a situação, anunciou nesta quarta-feira a ministra francesa de Transição Ecológica, Barbara Pompili.
O gás russo representa 45% das importações do fluido na UE.
Para ajudar a Ucrânia, a Comissão propôs suspender por um ano as tarifas para as importações de produtos ucranianos no território da UE.
Essa iniciativa, que deve ser aprovada pelo Parlamento Europeu, "nos permitiria manter ao máximo a atividade econômica na Ucrânia e preservar nossa produção nacional", declarou o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky.
As sanções internacionais contra a Rússia cobriram todas as áreas, desde econômica e financeira até cultural e esportiva.
- Ofensiva russa no leste -
Os combates continuam no leste e sul da Ucrânia, objetivo prioritário da Rússia.
As forças rusas expulsaram o exército ucraniano de Velyka Komyshuvakha e Zavody na região de Kharkiv e tomaram o controle de Zarichne e Novotoshkivske, na região de Donetsk, informou o ministério da Defesa ucraniano.
Ao menos três pessoas morreram e 15 ficaram feridas em bombardeios perto de Kharkiv, a segunda cidade da Ucrânia, segundo o governador regional Oleg Synegubov.
O objetivo da Rússia é criar uma conexão terrestre entre a anexada península da Crimeia e os territórios separatistas do Donbass, onde as tropas de Kiev lutam contra os separatistas pró-russos desde 2014.
No entanto, um general russo afirmou recentemente que a ofensiva pretendia criar também um corredor para a região separatista moldava de Transnístria.
"Se a Ucrânia cair, amanhã as tropas russas estarão nas portas de Chisinau", a capital moldava, escreveu no Twitter Mikhailo Podoliak, assessor de Zelensky.
As autoridades de Transnístria afirmaram que uma cidade fronteiriça com a Ucrânia, que abriga um grande depósito de munições do exército russo, foi alvo de disparos.
Na segunda e terça-feira, a região registrou uma série de explosões e o governo moldavo anunciou medidas para reforçar sua segurança.