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Rússia anuncia rendição de 265 combatentes na siderúrgica de Azovstal, em Mariupol

No mês passado, Moscou anunciou que controlava a cidade portuária estratégica após um cerco de várias semanas

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Ana Maria Miranda

Publicado em 17/05/2022 às 10:30
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Da AFP

A Rússia anunciou, nesta terça-feira (17), a rendição de 265 soldados ucranianos que estavam entrincheirados na siderúrgica de Azovstal, último reduto de resistência na cidade portuária de Mariupol, de onde o governo da Ucrânia tenta retirar os últimos combatentes.

No mês passado, Moscou anunciou que controlava a cidade portuária estratégica após um cerco de várias semanas. Centenas de soldados ucranianos, porém, permaneciam entrincheirados em túneis subterrâneos sob o enorme complexo industrial de Azovstal, cercado pelas tropas russas.

O Ministério da Defesa da Rússia afirmou que 265 soldados ucranianos se entregaram, incluindo 51 feridos que foram levados para um hospital da região de Donetsk, leste da Ucrânia, controlada por rebeldes pró-Kremlin.

O Departamento de Inteligência Militar do Ministério da Defesa ucraniano afirmou que a troca dos soldados "acontecerá para repatriar estes heróis ucranianos o mais rápido possível", confirmando indiretamente que os homens estavam de fato sob controle das tropas russas.

A vice-primeira-ministra ucraniana, Iryna Verechtchuk, também mencionou uma troca, mas apenas em relação aos "52 soldados gravemente feridos". "Quando a condição deles se estabilizar, vamos trocá-los por prisioneiros de guerra russos", disse.

"Graças aos defensores de Mariupol, a Ucrânia ganhou um tempo vital para acumular reservas, reagrupar e mobilizar forças e receber ajuda dos aliados", destacou o Ministério.

De acordo com o exército ucraniano, a resistência na siderúrgica permitiu adiar a transferência de 20.000 solados russos para outras áreas da Ucrânia, impedindo assim que Moscou capturasse rapidamente a cidade de Zaporizhzhia, no sul.

A invasão russa da Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro, deixou milhares de mortos e provocou a fuga de milhões de pessoas

A Ucrânia está resistindo mais do que se esperava inicialmente ao exército russo, com a ajuda de armas e dinheiro dos aliados ocidentais. Depois de cercar a capital Kiev nas primeiras semanas da guerra, Moscou tenta concentrar a ofensiva na região do Donbass, no leste, fronteira com a Rússia.

O governo ucraniano afirma que as tropas russas estão se retirando dos arredores de Kharkiv, a segunda maior cidade do país, para seguir até o Donbass.

Os combates ao redor de Kharkiv destruíram localidades inteiras.

Em Ruska Lozova, ao norte da cidade, Rostislav Stepanenko, de 53 anos, contou à AFP que seu trabalho é "tentar seguir vivo" e disse como sobreviveu a um bombardeio devastador, preso na linha de fogo entre as tropas russas e ucranianas.

"Com sorte, eu chegarei aos 54 anos, mas hoje não esperaria por isto", disse.

"As Forças Armadas da Ucrânia estão estão repelindo os ataques constantes nas áreas em que a Rússia continua tentando avançar", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em um discurso na segunda-feira.

A tomada de Severodonetsk, a cidade mais ao leste sob poder das forças ucranianas, permitiria à Rússia o controle de fato de Lugansk, uma das duas regiões, junto com Donetsk, que formam o Donbass.

O governador regional de Lugansk, Serguei Gaiday, afirmou que as tropas russas bombardeiam Severodonetsk sem trégua. Ele disse que dois edifícios do hospital geral da cidade foram atingidos durante a noite.

"Temos 10 mortos e três feridos na região", escreveu no Telegram.

Até o momento, a tentativa da Rússia de cercar Severodonetsk foi impedida pelas forças ucranianas, que explodiram pontes ferroviárias para conter o avanço.

Gaiday disse que os russos foram obrigados a abandonar as localidades de Girske e Sirotyne, perto de Severodonetsk.

Os bombardeios prosseguiram durante a noite por todo o país e sirenes foram ouvidas nesta terça-feira.

"Hoje é uma manhã ruim para a região de Chernihiv", escreveu no Telegram uma fonte da administração militar regional da zona norte.

No oeste, a administração militar regional de Lviv indicou que uma instalação de infraestrutura militar "quase na fronteira com a Polônia" foi atingida.

E o comando do exército no sul disse que Odessa e Mykolaiv também foram atacadas, com vítimas nas duas cidades. 

Com a invasão russa à Ucrânia, Suécia e Finlândia, que compartilham uma longa fronteira com a Rússia, estão perto de acabar com décadas de não alinhamento militar e unir-se à Organização do Tratado do Atlântico Norte.

No entanto, o presidente russo, Vladimir Putin, declarou na segunda-feira que a medida não representa "uma ameaça direta para nós (...) mas a expansão da infraestrutura militar para estes territórios certamente vai gerar uma resposta nossa".

Por sua vez, os ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reuniram na segunda-feira para tentar decretar um embargo ao petróleo russo que se uniria às outras sanções em curso.

Mas a proposta sobre o petróleo foi bloqueada até agora pela Hungria, que alega os custos que teria para o país. 

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