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Soldado russo é condenado à prisão perpétua por crime de guerra na Ucrânia

Shishimarin, um comandante de tanque, declarou-se culpado pela morte de Oleksandr Shelipov, de 62 anos, na vila de Chupakhivka, no nordeste da Ucrânia

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Ana Maria Miranda

Publicado em 23/05/2022 às 12:58
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Do Estadão Conteúdo
Um tribunal de Kiev condenou o soldado russo Vadim Shishimarin, de 21 anos, à prisão perpétua por cometer crimes de guerra em território ucraniano durante a invasão da Rússia ao país. O veredicto, anunciado nesta segunda-feira, 23, foi a primeiro a condenar um militar russo na Ucrânia desde o início da invasão ordenada por Moscou em 24 de fevereiro.

Shishimarin, um comandante de tanque, declarou-se culpado pela morte de Oleksandr Shelipov, de 62 anos, na vila de Chupakhivka, no nordeste da Ucrânia, em 28 de fevereiro, quatro dias após a invasão.
 
Promotores ucranianos disseram que Shishimarin e outros quatro militares russos roubaram um carro para escapar depois que sua coluna foi alvo de forças ucranianas. Ao entrarem na vila, os soldados viram Shelipov andando de bicicleta e falando ao telefone. Shishimarin foi ordenado a matá-lo para impedir que ele relatasse sua localização, disseram os promotores.
 
Na semana passada, o soldado reconheceu ao tribunal que era o culpado e pediu à viúva da vítima que o perdoasse, ao mesmo tempo que justificou seus atos como "ordens recebidas".
 
O juiz Serhi Agafonov disse que Shishimarin, cumprindo uma "ordem criminosa" de um militar de alto escalão, disparou vários tiros na cabeça da vítima com uma arma automática. "Dado que o crime cometido é um crime contra a paz, a segurança, a humanidade e a ordem jurídica internacional (...) o tribunal não vê a possibilidade de impor uma pena (mais branda)", disse.
 
O advogado do soldado russo, Viktor Ovsiannikov, disse que não ficou surpreso com a sentença porque houve "certa pressão da sociedade" e disse que apresentaria um recurso legal contra o veredicto.
 
Vestindo um moletom com capuz azul e cinza, Shishimarin assistiu aos procedimentos silenciosamente de dentro de uma caixa de vidro reforçada na sala do tribunal e não mostrou nenhuma emoção enquanto o veredicto era lido. Ele ficou com a cabeça baixa, ouvindo um tradutor.
 
O julgamento, que começou na semana passada, tem um enorme significado simbólico para a Ucrânia e um advogado internacional. De acordo com o MP ucraniano, o país abriu mais de 12.000 investigações por crimes de guerra desde o início da invasão russa.
 
Kiev acusa a Rússia de atrocidades e brutalidade contra civis durante a invasão, ao passo que a Rússia nega ter como alvo civis ou envolvimento em crimes de guerra durante o que classifica como uma "operação militar especial".
 
O Kremlin ainda não fez comentários sobre o veredicto. Anteriormente, o governo russo afirmou que não tem informações sobre o julgamento e que a ausência de uma missão diplomática na Ucrânia limita sua capacidade de prestar assistência. (Com agências internacionais).

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