FAIXA DE GAZA

Israel e Jihad Islâmica iniciam uma frágil trégua em Gaza

Três dias de hostilidades custaram a vida de dezenas de palestinos, incluindo crianças, em ataques israelenses à Faixa de Gaza

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JC

Publicado em 08/08/2022 às 0:05
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Por AFP

Israel e o grupo armado palestino Jihad Islâmica iniciaram uma precária trégua na noite de ontem, que entrou em vigor às 23h30 locais (17h30 de Brasília), após três dias de hostilidades que custaram a vida de dezenas de palestinos, incluindo crianças, em ataques israelenses à Faixa de Gaza.

Até poucos minutos antes do início do cessar-fogo, obtido graças à mediação egípcia, o exército israelense realizou ataques contra posições da Jihad Islâmica no enclave palestino "em resposta a foguetes disparados" contra o sul do território israelense, onde soaram sirenes de alerta.

O acordo negociado pelo Egito visa deter a violência que já deixou 44 palestinos mortos, entre eles 15 crianças, e é o pior confronto em Gaza desde a guerra de 11 dias do ano passado.

O enviado da ONU para o Oriente Médio, Tor Wennesland, celebrou o acordo no Twitter, mas lembrou que "a situação continua muito frágil". "Peço a todas as partes que respeitem o cessar-fogo."

Tanto a Jihad Islâmica quanto Israel aceitaram a trégua, mantendo ambas as partes o direito de resposta em caso de futuras agressões.

"Se o cessar-fogo for violado, o Estado de Israel se reserva o direito de responder com firmeza", disse o gabinete do primeiro-ministro israelense, Yair Lapid, que agradeceu ao Egito "por seus esforços".

O acordo de trégua inclui "o compromisso do Egito de agir em favor da libertação de dois prisioneiros, (Basem) Al Saadi e (Khalil) Awawdeh", afirmou em um comunicado Mohamed Al Hindi, chefe do braço político da Jihad Islâmica.

CRIANÇAS MORTAS

O Ministério da Saúde de Gaza anunciou ontem que mais 17 pessoas, incluindo nove crianças, foram mortas por ataques israelenses.

Desde sexta-feira, "43 palestinos caíram como mártires, entre eles 15 crianças" e "311 ficaram feridos", segundo o balanço mais recente do ministério do enclave.

Em Gaza, "a situação é muito ruim", disse à AFP Mohamed Abu Salmiya, diretor do hospital Shifa, da cidade. "Chegam feridos a cada minuto", acrescentou.

A vida diária em Gaza foi paralisada e a única central de energia elétrica do território teve que interromper as atividades no sábado por falta de combustível, provocada pelo bloqueio das entradas no enclave por parte de Israel desde terça-feira.

O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) alertou para o "grave risco" que o conflito representa para a "continuidade dos serviços básicos essenciais".

FOGUETES

Ontem, a Jihad Islâmica lançou pela primeira vez foguetes em direção a Jerusalém, mas eles foram abatidos pelo exército.

Os disparos ocorreram quando centenas de israelenses comemoravam uma festa judaica em Jerusalém, com a visita de nacionalistas à Esplanada das Mesquitas, o terceiro lugar sagrado do Islã, mas também o mais sagrado para o judaísmo, que o conhece como Monte do Templo.

No sul e no centro de Israel, os civis foram forçados a se refugiar em abrigos antiaéreos.

Desde sexta-feira, pelo menos duas pessoas foram hospitalizadas com ferimentos causados por estilhaços e outras 13 ficaram levemente feridas em Israel, segundo o serviço de emergência Magen David Adom.

Israel, por sua vez, afirmou ter neutralizado toda a "alta cúpula da ala militar da Jihad Islâmica em Gaza".

Isso inclui Taysir al Jabari 'Abu Mahmud', um dos principais líderes do grupo armado, executado em Gaza na sexta-feira, e Khaled Mansur, outro alto comandante, abatido em um ataque em Rafah. As mortes foram confirmadas pela Jihad Islâmica.

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