CHARLES III E CAMILLA: O que é rainha consorte? O que significa rainha consorte? Conheça a esposa de Charles
Camilla Parker Bowels traçou um longo caminho desde quando era vista como "a outra" do Príncipe Charles, até conquistar a simpatia dos ingleses e agora virar rainha consorte
Com informações da AFP
Com a morte da Rainha Elizabeth II, Camilla Parker Bowles tornou-se automaticamente rainha consorte nesta quinta-feira (8). É o título que a mãe e a avó de Elizabeth II tiveram.
Devido à trágica morte de Diana, primeira esposa de Charles, o tratamento dado a Camilla sempre foi um assunto sensível para muitos britânicos a ponto de, após se casar com ele em 2005, ela mesma decidir não assumir o título de princesa de Gales e continuar como duquesa da Cornualha.
O título de rainha consorte é dado à esposa do rei vigente. O conceito é diferente do título de rainha (sem o consorte), destinado a quem já nasce na família real e está na linha de sucessão. Uma rainha consorte tem, em tese, a mesma posição social e o status do rei.
Charles encontrou a felicidade com Camilla Parker Bowles
Charles Philip Arthur George era um menino tímido e sensível quando em 1958, aos nove anos, foi nomeado príncipe de Gales. Depois, seria enviado para estudar em Gordonstoun, um austero internato na Escócia que foi frequentado por seu pai. Lá, em vez de forjar um caráter duro, foi para o "inferno absoluto".
Em 1970, se tornou o primeiro membro da família real britânica com um diploma, na Universidade de Cambridge, onde estudou arqueologia e antropologia. Entre 1971 e 1976, serviu à Marinha Real Britânica. Para seu desconcerto, enquanto estava em missão no Caribe, o amor de sua vida, Camilla Shand, se casou com Andrew Parker Bowles.
Pressionado para se casar, em fevereiro de 1981, pediu em casamento Diana Spencer, que tinha 19 anos, poucos meses após iniciar seu relacionamento. O casamento foi celebrado em julho na Catedral de Saint Paul, em Londres, e foi uma grande festa nacional. Eles tiveram dois filhos: William em 1982 e Harry em 1984.
O casal se separou em 1992, mas só se divorciou em 1996, quando o príncipe herdeiro já tinha um caso com Camilla Parker Bowles, divorciada desde 1995. Após a morte de Lady Di em um acidente de trânsito em Paris em 1997, Charles precisou de uma campanha de relações públicas para virar a página de sua impopularidade.
Em 2005, se casou com Camilla, extrovertida e sorridente, que acabou ganhando a simpatia da maioria dos britânicos. Charles "percorreu um longo caminho para reconquistar o público", lembrou sua biógrafa Penny Junor. "Desde que se casou com Camilla, é muito mais feliz", disse à AFP. "Aprendeu a relaxar, a se divertir".
Camilla deixou de ser "a outra", conquistou a simpatia dos ingleses e agora se torna rainha consorte
Com a morte de Elizabeth II e a chegada ao trono do já idoso príncipe, Camilla avança na hierarquia real com todas as honras por vontade da falecida monarca. Em mensagem por ocasião dos 70 anos de seu reinado, Elizabeth II expressou em fevereiro de 2022 seu "sincero desejo" de que Camilla "seja conhecida como rainha consorte" quando Charles ascendesse ao trono.
É um grande salto para quem até então era conhecida simplesmente como Duquesa da Cornualha. Uma plebeia de 75 anos que foi considerada a principal responsável pelo fim do casamento real entre o príncipe e Diana, celebrado em 1981.
Membro da alta burguesia provinciana, Camilla Shand conheceu o príncipe em 1970 durante uma partida de polo. Apesar de não pertencer à nobreza, a jovem frequentava os mesmos círculos sociais de Charles.
Nascida em 17 de julho de 1947, filha do major Bruce Shand e de Rosemary Cubitt, ricos proprietários de terras, foi educada nas melhores escolas particulares, primeiro em Londres, depois na França e na Suíça.
Após seu retorno ao Reino Unido, a imprensa de fofocas a ligou a relacionamentos com solteiros cobiçados, como Kevin Burke, filho de um fabricante de aeronaves, ou Rupert Hambro, membro da abastada família de banqueiros Hambro.
Camilla inclusive tem alguns laços com a família real: bisneta de Alice Keppel, uma das amantes do rei Edward VII, o tataravô de Charles, ela teria usado essa anedota para se aproximar do príncipe em 1970, perguntando se ele se sentia "tentado" a seguir os passos de seu antepassado.
Camilla não tinha ambição de ser princesa ou rainha
Mas o primeiro relacionamento deles foi curto: Charles ingressou na Marinha Real e Camilla, cansada de esperar, casou-se com um de seus admiradores, o major Andrew Parker Bowles, com quem teve dois filhos. Alguns anos depois, ela mesma encorajaria o príncipe de Gales a se casar com Diana. Mas, quando ambos ainda eram casados, retomaram o relacionamento. A imprensa até publicou suas conversas telefônicas íntimas e muitas vezes escandalosas.
Após o divórcio de Charles e Diana, em 1996, Camilla, divorciada um ano antes, pôde começar a aparecer publicamente com o príncipe. Mas a morte da princesa em um acidente de carro, em agosto de 1997 em Paris, a relegou às sombras novamente. Para muitos britânicos, ela era "a outra", responsável por destruir o conto de fadas da realeza.
Pouco a pouco, no entanto, Camilla conseguiu apagar essa imagem, impondo-se ao lado do príncipe até que, em 2005, teve o relacionamento consagrado com seu casamento em Windsor na presença da rainha. A cerimônia atraiu uma multidão de 20.000 pessoas que aplaudiram o casal, que multiplicou suas viagens e compromissos reais à medida que Elizabeth II envelhecia.
"Camilla nunca teve a ambição de ser princesa, duquesa ou rainha. Ela simplesmente queria estar com o príncipe de Gales", afirmou Penny Junor, biógrafa de Charles, por ocasião de seu décimo aniversário de casamento em 2015.
Ser aceito pela família real, e especialmente pelos filhos de Charles, os príncipes William e Harry, não foi fácil. "Os meninos amavam sua mãe e sabiam o que ela pensava de Camilla. Mas eles também viram o quão solitário seu pai estava e como essa mulher incendiou seu coração novamente", acrescentou Junor.
Com senso de humor, simplicidade e desenvoltura, ganhou popularidade e visibilidade ao se comprometer com causas como a violência contra a mulher ou a defesa dos direitos dos animais.E muitos acabaram reconhecendo o impacto positivo que teve no marido.
"As pessoas percebem que Camilla é ideal para Charles, e os dois trabalham maravilhosamente juntos", disse recentemente à AFP o comentarista real Richard Fitzwilliams.