OMS está muito preocupada com quadro atual da covid na China, diz Tedros Adhanom
Ele ainda disse esperar que essa emergência de saúde seja declarada encerrada em algum momento de 2023, não especificado
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta quarta-feira, 21, que a entidade está "muito preocupada" a respeito de como a situação da covid-19 se desenvolve na China, "com crescentes relatos de doença grave", conforme o país relaxa medidas para conter o vírus.
Durante entrevista coletiva, Tedros Adhanom disse que a OMS continua a apoiar os esforços de Pequim para vacinar pessoas de mais risco pelo país e que continuará a oferecer seu apoio para cuidados clínicos e a proteção do sistema de saúde local.
"A fim de ter uma avaliação de risco abrangente da situação no local, a OMS precisa de informação mais detalhada sobre gravidade da doença, entradas em hospitais e pedidos por apoio de unidades de terapia intensiva", comentou Adhanom.
Na coletiva, a autoridade disse também ainda esperar que a China compartilhe dados e conduza estudos requisitados, "e os quais continuamos a requisitar". Segundo ele, todas as hipóteses sobre as origens do vírus que provocou a pandemia continuam sobre a mesa.
Tedros Adhanom disse que "certamente, estamos em posição muito melhor na pandemia da covid-19 que um ano atrás", quando começava a onda de casos da Ômicron, com alta forte em casos e mortes.
Desde o pico do fim de janeiro, o número de mortes semanais reportadas pelo vírus recuou quase 90%, notou. Ele ainda disse esperar que essa emergência de saúde "seja declarada encerrada" em algum momento de 2023, não especificado.
Mortes por covid-19
A China assegurou nesta quarta-feira (21) que não registrou uma única morte por covid-19 na terça-feira, depois de alterar os critérios para definir os óbitos provocados pelo coronavírus, apesar de um surto de infecções no país.
Alguns hospitais estão cheios, as prateleiras das farmácias vazias e os crematórios lotados, depois que o governo decidiu acabar em novembro com a política de confinamentos, quarentenas e testes em larga escala para conter o coronavírus.
A China seguia desde 2020 uma política de tolerância zero com a covid, com restrições severas. A estratégia possibilitou a proteção das pessoas com comorbidades e aquelas sem esquema de vacinação completo.
Mas o governo acabou, sem aviso prévio, com a maioria das medidas no início de dezembro, em um momento de crescente irritação da população e de impacto considerável para a economia.
O número de casos disparou desde então, o que provoca o temor de uma taxa de mortalidade elevada entre os idosos, em particular os mais vulneráveis.
O governo chinês anunciou na terça-feira que somente as pessoas que faleceram diretamente por insuficiência respiratória causada pelo coronavírus serão contabilizadas nas estatísticas de morte por covid-19. De acordo com as autoridades, esta metodologia "científica" apresenta uma imagem muito mais limitada da situação.
"Depois de ser infectado com a variante ômicron, as principais causas de morte são as doenças subjacentes. Apenas uma pequena parte morre diretamente de insuficiência respiratória causada pela covid", afirmou Wang Guiqiang, do Primeiro Hospital da Universidade de Pequim, em entrevista coletiva da Comissão Nacional de Saúde (CNS).
A mudança de metodologia significa que muitos óbitos não serão registrados como consequência da covid.