TRÉGUA

VLADIMIR PUTIN ordena cessar-fogo na UCRÂNIA para NATAL ORTODOXO

A trégua terá início às 12h locais (6h em Brasília) de 6 de janeiro e vai até as 24h locais (18h em Brasília) de 7 de janeiro

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Filipe Farias

Publicado em 05/01/2023 às 21:24 | Atualizado em 05/01/2023 às 21:25
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Da AFP

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, ordenou, nesta quinta-feira (5), a aplicação de um cessar-fogo a suas tropas na Ucrânia nos dias 6 e 7 de janeiro, por ocasião do Natal ortodoxo, um anúncio recebido com frieza por Kiev e seus aliados.

O anúncio acontece depois que o patriarca da igreja ortodoxa russa Kirill, de 76 anos, pediu uma pausa nos combates na véspera do Natal ortodoxo, que será comemorado no sábado.

"Em vista do chamado de Sua Santidade, o patriarca Kirill, instruo o ministro da Defesa da Rússia a introduzir um regime de cessar-fogo ao longo de toda linha de contato entre as partes na Ucrânia", anunciou o Kremlin em nota.

A trégua terá início às 12h locais (6h em Brasília) de 6 de janeiro e vai até as 24h locais (18h em Brasília) de 7 de janeiro, acrescentou.

O anúncio de Putin foi recebido com frieza pelas autoridades ucranianas.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, garantiu que tratava-se de uma "desculpa para frear o avanço" das tropas de Kiev no Donbass e que serviria para o envio de "equipamentos, munição e aproximar tropas de nossas posições".

"Qual será o resultado? Mais mortes", afirmou.

Mais cedo, o assessor da Presidência ucraniana, Mykhailo Podoliak, classificou o anúncio russo de "hipocrisia" e insistiu em que as tropas de Moscou deveriam abandonar a Ucrânia.

"A Rússia deve deixar os territórios ocupados. Somente então haverá uma 'trégua temporária'. Fique com sua hipocrisia", tuitou.

EUA diz que Rússia busca oxigênio

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também não recebeu o anúncio com otimismo. Vladimir Putin "estava pronto para bombardear hospitais, creches e igrejas" no dia 25 de dezembro e no Ano Novo, criticou durante um discurso na Casa Branca. "Acredito que ele esteja buscando um pouco de oxigênio", acrescentou.

A Alemanha afirmou que o cessar-fogo não garantiria mais "liberdade nem segurança às pessoas que vivem com medo diário sob a ocupação russa".

O Reino Unido insistiu em que Moscou deve retirar "permanentemente suas forças (...) do território ucraniano e acabar com os ataques bárbaros contra civis inocentes".

Tanto a Alemanha quanto os Estados Unidos concordaram nesta quinta-feira em enviar veículos blindados de combate à Ucrânia para ajudar na contraofensiva, anunciou a Casa Branca.

Além disso, Berlim seguirá o exemplo de Washington e também entregará um sistema de defesa antiaérea Patriot a Kiev.

A Rússia está disposta a iniciar um "diálogo sério" com a Ucrânia, mas com a condição de que Kiev aceite "as novas realidades territoriais" que surgiram após a invasão do país, disse Putin ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, em conversa por telefone.

O mandatário turco pediu a Putin a aplicação de um "cessar-fogo unilateral" para dar início às negociações de paz com Kiev.

Em setembro, Moscou reivindicou a anexação de quatro oblasts (províncias) que ocupa parcialmente na Ucrânia, assim como já havia feito com a península ucraniana da Crimeia em março de 2014.

Zelensky, no entanto, recusa-se a negociar com a Rússia enquanto Putin estiver no poder, insistindo em que o objetivo é recuperar todos os territórios ocupados.

Contra-ataque ucraniano

Os apelos de cessar-fogo ocorrem dias depois de um ataque ucraniano na véspera do Ano Novo com pelo menos 89 soldados russos mortos em Makiivka, na província anexada de Donetsk.

Em um fato pouco comum desde o início do conflito, o Exército russo admitiu este trágico balanço após o bombardeio, o que lhe rendeu duras críticas.

Na frente de batalha, os combates continuam intensos. Em Chasiv Yar, uma localidade situada a menos de 20 km de Bakhmut, os moradores disseram à AFP que um míssil russo havia atingido um edifício, ferindo um homem e uma mulher.

A explosão destruiu as janelas de um edifício contíguo e de um hospital, deixando muitos escombros pelo chão.

"Quando ficar muito difícil, vamos deixar a cidade", declarou Olena, uma moradora, à AFP. "Tenho três cachorros. Já teria partido se alguém aceitasse levá-los, mas ninguém quer", explicou.

Mais ao sul, em Berislav, cidade próxima a Kherson, os bombardeios causaram a morte de duas pessoas, segundo o chefe adjunto da administração presidencial, Kirilo Timochenko.

Outras duas morreram um ataque no oblast de Zaporizhzhia, também no sul, segundo o governador Oleksandr Starukh.

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