POLÍTICA

McCarthy é eleito presidente da Câmara dos Representantes dos EUA após disputa republicana

Eleito, Kevin McCarthy substitui a democrata Nancy Pelosi no cargo de "speaker", embora saia enfraquecido deste processo que provavelmente implicará um mandato muito difícil

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Katarina Moraes

Publicado em 07/01/2023 às 12:12 | Atualizado em 07/01/2023 às 12:12
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Da AFP

Após quatro dias e 15 votações, o republicano Kevin McCarthy foi eleito presidente da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos na madrugada deste sábado (7), após uma disputa acirrada dentro do partido.

Depois de várias negociações, o grupo rebelde formado por apoiadores do ex-presidente Donald Trump cedeu e permitiu a nomeação deste californiano de 57 anos por maioria simples.

Assim terminou uma estagnação sem precedentes em mais de 160 anos que prevê debates agitados e tensões no Congresso americano nos próximos dois anos.

"É hora de governar com responsabilidade e garantir que colocamos os interesses das famílias americanas em primeiro lugar", disse o presidente Joe Biden após a eleição, afirmando estar "preparado para trabalhar com os republicanos".

Ao longo da semana, esse núcleo de representantes conservadores aproveitou a apertada maioria republicana na Câmara conquistada nas eleições de meio de mandato de novembro para bloquear a nomeação.

Não diminuíram a pressão até obter garantias significativas, entre elas a aplicação de um procedimento para facilitar a destituição do presidente da Câmara.

Finalmente eleito, McCarthy substitui a democrata Nancy Pelosi no cargo de "speaker", embora saia enfraquecido deste processo que provavelmente implicará um mandato muito difícil.

"Temos que colocar os Estados Unidos de volta aos trilhos", disse McCarthy antes de fazer o juramento.

Na agenda dos próximos meses estão negociações para elevar o limite da dívida pública americana, o financiamento do Estado federal e, provavelmente, a liberação de ajuda adicional para a Ucrânia.

No poder da Câmara Baixa, os republicanos prometeram lançar uma série de investigações sobre a gestão da pandemia por Biden e a retirada do Afeganistão.

"É hora de exercer controle sobre a política do presidente", enfatizou McCarthy do plenário.

Sem o controle das duas casas, ao contrário do que aconteceu após sua posse em 2021, Biden não pode aspirar grandes aprovações de leis. Mas com o Senado nas mãos dos democratas, os republicanos também não.

Ao longo desse processo de nomeação, o partido de Biden denunciou o domínio dos trumpistas - muitos dos quais ainda se recusam a admitir a derrota em 2020-- no Partido Republicano, dois anos após o ataque ao Capitólio que terminou com cinco mortos.

"O caos na Câmara dos Representantes é apenas mais um exemplo de como uma faixa extrema... nos impede de governar", disse o líder democrata no Senado, Chuck Schumer.

Mas sem maioria na Câmara desde as eleições de novembro, os democratas também não tiveram apoio para que seu candidato a "speaker", Hakeem Jeffries, vencesse a eleição.

O processo parecia interminável, com maratonas de negociações nos corredores do Capitólio e uma horda de jornalistas captando cada declaração dos representantes rebeldes.

Sem o "speaker", a terceira figura política mais importante dos Estados Unidos depois do presidente e do vice-presidente, os representantes não poderiam assumir seus cargos e, consequentemente, nem votar os projetos de lei.

A raiva era palpável entre os membros do Grand Old Party, como é chamado o Partido Republicano, que apoiou de forma esmagadora a candidatura de McCarthy, levando a debates acalorados.

Muitos deixaram o complexo em protesto contra o discurso de Matt Gaetz, um dos representantes eleitos que lideraram a rebelião.

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