'Ainda há muito a ser feito', diz Maduro sobre contestado Judiciário da Venezuela
O Poder Judiciário venezuelano tem sido acusado de servir a Maduro com condenações de opositores e decisões favoráveis à sua agenda política
Da AFP
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta terça-feira (31) que "ainda há muito a ser feito" no sistema judiciário do país, criticado por sua alta morosidade processual e acusado de servir de instrumento para deter dissidentes políticos.
"Ainda há muito a ser feito, por isso aqui na casa de leis (...), na casa de justiça, apelo para aprofundar hoje mais do que nunca a revolução judicial da Venezuela para que a justiça chegue ao homem de pé, à mulher de pé", disse Maduro em discurso durante ato de abertura do ano judicial na Suprema Corte.
"Justiça! Justiça! Justiça! Nosso povo pede, nosso povo clama, justiça, honestidade."
O Poder Judiciário venezuelano tem sido acusado de servir a Maduro com condenações de opositores e decisões favoráveis à sua agenda política. O Tribunal Penal Internacional (TPI) chegou a abrir uma investigação por crimes contra a humanidade e um relatório da ONU concluiu que os serviços de inteligência cometeram crimes contra a humanidade sob ordens de altos membros do governo.
Maduro recebeu no fim de semana o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, que destacou que o governo está disposto a continuar trabalhando para "melhorar o sistema de justiça".
LIBERTAÇÃO DE DETIDOS ARBITRARIAMENTE
Também pediu a libertação de todos os detidos arbitrariamente e medidas para acabar com as torturas. "Tive uma longa e frutífera conversa e dia de reunião com ele", afirmou Maduro sobre o representante.
"Insisti que a Venezuela passou de um Estado cuja política era a violação contínua dos direitos humanos, para um Estado em construção cuja política de Estado é a justiça (...) e o respeito aos direitos humanos."
O alto comissário da ONU trabalha na Venezuela desde 2019, sob a representação de uma comissão instalada por Michelle Bachelet, antecessora de Türk, a fim de monitorar e prestar assistência na situação dos direitos humanos após uma onda de denúncias de vítimas.
Bachelet disse antes de deixar o cargo que viu progressos em termos de direitos humanos, mas que ainda havia "mais a fazer".
De acordo com a ONG Foro Penal, existem 274 "presos políticos" na Venezuela