ACUSAÇÃO

Kremlin diz que governo dos EUA está por trás de sentimento 'anti-Rússia' na Geórgia

Governo da Rússia acusou os países ocidentais de uma tentativa de golpe de Estado

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Filipe Farias

Publicado em 10/03/2023 às 23:10
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Da AFP

O governo da Rússia acusou os países ocidentais, nesta sexta-feira (10), de estarem por trás das manifestações na Geórgia, que descreveu como uma tentativa de golpe de Estado.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, traçou um paralelo com a revolta ucraniana de 2014, conhecida como Maidan, que Moscou considera um golpe orquestrado pelo Ocidente. "Isto é muito parecido com o Maidan em Kiev", disse Lavrov na televisão russa.

A Geórgia, uma ex-república soviética do Cáucaso, foi cenário de grandes manifestações durante a semana contra um projeto de lei inspirado, segundo os detratores, em uma lei russa e que o Kremlin utiliza para reprimir os críticos em meios de comunicação e ONGs.

Para Lavrov, o projeto de lei georgiano sobre "agentes estrangeiros" foi apenas um "pretexto para lançar uma tentativa de mudança de regime pela força".

Mais cedo, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, citou uma declaração feita na quinta-feira, em Nova York, pela presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili.

A presidente, pró-Ocidente e com poderes limitados, se distanciou do governo e expressou apoio aos opositores mobilizados contra essa iniciativa.

De acordo com Peskov, o fato de ela ter feito a declaração nos Estados Unidos é um sinal de que "a mão visível de alguém está tentando provocar um sentimento anti-Rússia" na Geórgia.

"Estamos acompanhando com muita atenção e muita preocupação", acrescentou Peskov.

ACUSAÇÃO CONTRA A RÚSSIA

Por sua vez, em Nova York, a presidente georgiana acusou a Rússia de atacar e ocupar territórios de países soberanos "há mais de dois séculos" e ressaltou que "o importante é o que a população georgiana quis dizer".

"Já temos tropas russas em nosso território [...] e isso não impediu que a Geórgia se mantivesse independente e seguisse o seu caminho rumo à Europa", disse à emissora LCI Zurabishvili, ressaltando que é "o único caminho que existe para uma Geórgia soberana e independente".

Diante da grande mobilização de caráter pró-Europa, o governo de Tbilisi reprimiu as manifestações em um primeiro momento, mas anunciou ontem a retirada do projeto de lei, que nesta sexta-feira foi revogado pelo Parlamento georgiano depois de ter sido aprovado em primeira votação.

Nesta sexta-feira (10), centenas de opositores se reuniram novamente diante do Parlamento, desta vez em um ambiente festivo, aos gritos de "somos Europa" e "vitória".

O ex-presidente georgiano, Mikhail Saakashvili - preso desde o fim de 2021 - elogiou a "resistência" dos manifestantes frente à "força brutal usada contra eles".

Dezenas de milhares de georgianos temem que o governo se afaste do objetivo de aderir à União Europeia e passe a buscar uma aproximação com a Rússia, com uma guinada autoritária.

O país do Cáucaso, de quatro milhões de habitantes e candidato à adesão à UE, continua marcado pela breve guerra travada e perdida para a Rússia em agosto de 2008.

A Rússia reconheceu a independência de duas regiões separatistas da Geórgia, Abkhazia e Ossétia do Sul, após a guerra de 2008.

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