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TRUMP PRESO? EUA em suspense diante de possível indiciamento e detenção, nesta terça-feira (21), de Donald Trump

Está previsto um protesto "pacífico" às 18h (19h no horário de Brasília) no sul de Manhattan, provavelmente em frente aos escritórios da promotoria

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Filipe Farias

Publicado em 20/03/2023 às 21:25
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Da AFP

Os Estados Unidos estavam em suspense nesta segunda-feira (20), de olho no possível indiciamento de Donald Trump em Nova York por ter comprado o silêncio, em 2016, de uma atriz pornô com quem teria tido uma relação - uma "caça às bruxas" segundo o ex-presidente, que convocou seus apoiadores a apoiá-lo.

Trump afirmou no sábado, por meio de sua rede social Truth Social, que será "detido" na terça-feira, uma bomba em plena pré-campanha para a indicação republicana a uma nova candidatura à Presidência americana.

O republicano instou seus seguidores a se "manifestarem" em seu apoio. Alguns mais ferrenhos foram até a entrada da Trump Tower, seu luxuoso prédio na Quinta Avenida de NY, com cartazes, constatou a AFP.

Está previsto um protesto "pacífico" às 18h (19h no horário de Brasília) no sul de Manhattan, provavelmente em frente aos escritórios da promotoria.

Diante do temor por possíveis tensões, inclusive com violência, a polícia nova-iorquina está "coordenando" com o FBI (polícia federal investigativa dos EUA) e a promotoria de Manhattan, informou à AFP.

Receio por novo caos do ataque ao Capitólio

O bilionário de 76 anos, que mudou de forma persistente o equilíbrio de poder nos EUA, voltou, nesta segunda, a atacar, por meio da Truth Social, a atuação do promotor Alvin Bragg, que tachou de "corrupta". O magistrado negro e democrata foi eleito pela população.

Para Trump, trata-se de uma "caça às bruxas". Ele alega que o evento investigado prescreve em dois anos. "E o mais importante, NÃO FOI CRIME!", escreveu, nesta segunda-feira, na Truth Social.

Alina Habba, uma advogada do ex-presidente, alertou no domingo na CNN que, "se [os democratas] decidirem culpá-lo por uma infração que, na verdade, ele não cometeu, vão criar um caos".

O maior medo das autoridades é uma repetição do caos do ataque ao Capitólio, sede do Congresso em Washington, em 6 de janeiro de 2021, quando Trump incitou seus apoiadores a ignorar os resultados das urnas, que deram a vitória ao democrata Joe Biden.

Nas redes sociais, os trumpistas prometeram, nesta segunda, impedir o indiciamento de seu herói, em especial o grupo "The Donald", que pede uma "greve nacional" ou até mesmo uma "guerra civil 2.0", de acordo com os meios Rolling Stone e Daily Beast.

Na página Patriots.win, um dos usuários, que se esconde atrás do pseudônimo Fuckamala (algo como 'foda-se Kamala' Harris, a vice-presidente), lamentava que a greve não interessava. "Até que se queimem todos os alicerces, nada vai mudar", disse.

Caso complexo

O caso de Stormy Daniels é juridicamente complexo. A Justiça tenta esclarecer se Trump é culpado de falso depoimento (uma infração) ou de infringir a lei de financiamento eleitoral (uma ofensa criminal) ao pagar 130 mil dólares a Stephanie Clifford, verdadeiro nome de Daniels, semanas antes das eleições de 2016, segundo a acusação.

Na semana passada, a investigação se acelerou. Michael Cohen, ex-advogado e agora inimigo do republicano, responsável por entregar o dinheiro a Daniels, e a atriz prestaram depoimento perante um grande júri, cujo veredito pode levar a uma acusação.

Trump também foi encorajado a testemunhar para esse grande júri, o que ele fará, segundo outro de seus advogados.

"Os promotores quase nunca convidam o alvo da investigação a depor ante o grande júri a menos que tenha a intenção de acusá-lo", explicou à AFP o ex-promotor e professor de direito Bennett Gershman.

De acordo com seu colega Renato Mariotti, é provável que, no caso de um indiciamento, Trump, que vive em sua mansão de Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida, compareça voluntariamente ao tribunal de Manhattan.

No domingo, vários nomes importantes do Partido Republicano manifestaram apoio a Trump, em particular seu ex-vice-presidente, Mike Pence, que rompeu com o magnata em 2021, e com quem poderia competir nas primárias pela indicação dessa legenda às eleições de 2024.

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