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China e Rússia reforçam aliança contra potências ocidentais

Após a cúpula, Putin expressou um apoio tímido às propostas chinesas

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Lucas Moraes

Publicado em 21/03/2023 às 20:24
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AFP

Rússia e China anunciaram, nesta terça-feira (21), que abriram uma "nova era" em suas relações e enfatizaram suas posturas contra as potências ocidentais, que buscam isolar a Rússia e aumentar sua presença na Ásia.

"Assinamos uma declaração que reforça nossa associação estratégica e nossas relações, que entram em uma nova era", declarou o presidente chinês, Xi Jiping, após se reunir em Moscou com seu contraparte russo, Vladimir Putin.

Após a cúpula, Putin expressou um apoio tímido às propostas chinesas para encontrar uma solução negociada ao conflito na Ucrânia, que começou há quase 13 meses com a entrada das forças russas no país vizinho.

No entanto, o presidente russo criticou os países ocidentais e a Ucrânia pela falta de uma resposta de Kiev a essas propostas, que incluem um apelo ao diálogo e respeito à soberania territorial de todos os países.

"Diversos pontos do plano de paz da China (...) podem servir de base para uma solução pacífica, assim que o Ocidente e Kiev estiverem dispostos a isso. Mas não vemos no momento essa disposição", declarou o mandatário russo.

Os analistas, porém, consideram difícil que a China, que recentemente mediou a reconciliação diplomática entre Arábia Saudita e Irã, consiga o fim das hostilidades na Ucrânia.

Em resposta aos questionamentos apresentados por Moscou e Pequim, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, disse que os Estados Unidos não acreditam "que a China possa ser considerada razoavelmente imparcial de forma alguma".

Trata-se da crítica mais direta de Washington aos esforços de Pequim para acabar com o conflito.

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou que convidou a China para participar dos diálogos de paz e que segue esperando "uma resposta".

Zelensky anunciou que participará em maio por videoconferência da cúpula de potências ocidentais do G7 na cidade japonesa de Hiroshima, a convite do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, que nesta terça-feira esteve pessoalmente em Kiev.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, na noite desta terça, um plano de ajuda para a Ucrânia de 15,6 bilhões de dólares (cerca de R$ 82 bilhões).

 

 

A declaração de Moscou destaca que Rússia e China "estão muito preocupadas com o crescente fortalecimento dos vínculos entre a Otan e os países da região Ásia-Pacífico em questões militares e de segurança", e acusa a Aliança Atlântica de "fragilizar a paz e a estabilidade regionais".

Também denuncia "a influência negativa da estratégia dos Estados Unidos, guiada por uma mentalidade de Guerra Fria (...) sobre a paz e a estabilidade na região".

A China já havia denunciado na semana passada o "caminho errôneo e perigoso" aberto pelo acordo assinado pela Austrália com os Estados Unidos e o Reino Unido (AUKUS) com a compra de submarinos movidos a energia nuclear.

Após o encontro com Xi, Putin anunciou que ambos os países alcançaram um acordo para construir um gigantesco gasoduto que levará gás da região siberiana até o noroeste da China, um projeto conhecido como Força da Sibéria 2.

Segundo Putin, quando o gasoduto entrar em operação, poderá encaminhar "50 bilhões de metros cúbicos de gás" para o gigante asiático.

A Rússia - sob sanções ocidentais pela ofensiva na Ucrânia - busca reorientar a produção de hidrocarbonetos russos e a demanda de energia do gigante asiático, segunda maior economia do mundo, parece oferecer excelentes perspectivas.

 

A visita de Xi a Moscou também é um endosso pessoal a Putin, alvo de uma ordem de detenção emitida na semana passada pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) sob a acusação de deportação ilegal de crianças ucranianas, o que é considerado crime de guerra.

Xi disse que convidou seu homólogo russo para a China "este ano, quando puder".

Putin assegurou que ambos os países têm "muitos objetivos em comum" e elogiou a China por sua "posição justa e equilibrada nas questões internacionais mais urgentes".

De sua parte, Xi declarou que a China está "pronta para ficar firmemente ao lado da Rússia" em nome do "verdadeiro multilateralismo".

Moscou e Pequim fortaleceram sua cooperação nos últimos anos, unidas pelo desejo de combater a influência americana no cenário internacional.

 

bur/rox/lb/dbh-es/zm/fp/am/mvv

 

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