A abertura de um processo criminal contra o ex-presidente Donald Trump uniu os líderes republicanos no Congresso e a imprensa conservadora dos EUA novamente em torno do empresário.
Depois de ter sido alvo de críticas por membros de seu partido após o fracasso nas eleições de meio de mandato e o lançamento de sua candidatura para 2024, Trump tem recebido apoio de ex-aliados e até rivais republicanos, que classificam a denúncia como perseguição.
Logo após a notícia, os meios de comunicação conservadores, que até então davam sinais de que poderiam soltar a mão do republicano, lançaram um apelo para que apoiadores se manifestassem.
Até mesmo o governador da Flórida, Ron DeSantis, amplamente visto como possível maior rival de Trump nas primárias presidenciais, se apressou em condenar o promotor que apresentou o caso que levou ao indiciamento histórico do ex-presidente.
Em todo o Partido Republicano, raiva e acusações de injustiça fluíram de apoiadores e críticos do ex-presidente, mesmo antes de as acusações serem reveladas.
Muitos disseram que Trump poderia se beneficiar de uma onda de simpatia de todo o partido, com uma base de apoiadores provavelmente energizada pela crença de que o sistema Judiciário foi armado contra ele.
"A acusação sem precedentes de um ex-presidente dos EUA em uma questão de financiamento de campanha é um ultraje", disse o ex-vice-presidente Mike Pence à CNN.
Pence, que se viu ameaçado durante a invasão do Capitólio em 6 de janeiro de 2021 instigada por Trump, buscou se afastar do ex-presidente e chegou a dizer que havia opções melhores no partido para 2024.
Em alguns setores, houve uma reação mais sombria. Na Fox News, o apresentador Tucker Carlson disse que a decisão mostrou que "provavelmente não era o melhor momento para desistir de suas armas AR-15s".
"O Estado de Direito parece estar suspenso esta noite - não apenas para Trump, mas para qualquer um que considere votar nele", disse Carlson. Um de seus convidados, a figura conservadora da imprensa Glenn Beck, previu que o indiciamento causará caos nos próximos anos.
O presidente da Câmara dos Deputados, onde os republicanos têm maioria, Kevin McCarthy, disse que Alvin Bragg, o promotor democrata que acatou a denúncia, "prejudicou irreparavelmente" os EUA na tentativa de interferir na eleição presidencial.
"Como ele rotineiramente liberta criminosos violentos para aterrorizar o público, ele arma nosso sagrado sistema de Justiça contra o presidente Donald Trump", escreveu McCarthy no Twitter. "O povo americano não vai tolerar essa injustiça, e a Câmara dos Deputados vai responsabilizar Bragg e seu abuso de poder sem precedentes."
Como o processo pode afetar a tentativa de Trump de obter a indicação republicana para as eleições de 2024 deve permanecer incerto por semanas ou até meses. O inquérito de Manhattan é uma das quatro investigações criminais envolvendo Trump, e os resultados e efeitos políticos cumulativos dos casos são incertos.
Mas David McIntosh, presidente do Club for Growth, um grupo conservador que busca um substituto para Trump como rosto do Partido Republicano, disse que a acusação já gerou simpatia pelo ex-presidente. Ele comparou o caso aos "antigos julgamentos soviéticos" e argumentou que muitos americanos o veriam da mesma forma.
Espera-se que Trump se entregue às autoridades na terça-feira. Por enquanto, ainda não está claro qual será a repercussão do processo entre os eleitores.
Mas as pesquisas mostram que Trump continua sendo o favorito para a indicação republicana. Segundo uma sondagem, Trump é o favorito de 54% dos eleitores republicanos, acima dos 43% do mês anterior.
Mas os efeitos políticos para Trump podem ser determinados em parte por sua resposta às acusações. Sua tentativa de transformar a batalha legal em um campo de jogo político reacendeu o tipo de comportamento que tende a afastar republicanos moderados e independentes.
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