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Lula muda tom e condena invasão da Ucrânia após críticas de EUA e Europa

Lula sofreu forte pressão e cobrança dos Estados Unidos e da Europa para que se posicionasse explicitamente sobre a guerra iniciada por Moscou

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Publicado em 18/04/2023 às 23:39
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"Ao mesmo tempo que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito", afirmou Lula - FOTO: EVARISTO SA / AFP

Sem citar a Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o tom adotado nos últimos dias e voltou a dizer que Brasil "condena" a violação territorial da Ucrânia. Lula sofreu forte pressão e cobrança dos Estados Unidos e da Europa para que se posicionasse explicitamente sobre a guerra iniciada por Moscou.

"Ao mesmo tempo que meu governo condena a violação da integridade territorial da Ucrânia, defendemos uma solução política negociada para o conflito", afirmou Lula. A declaração foi dada durante um almoço com o presidente da Romênia, Klaus Iohannis, país vizinho da Ucrânia.

Lula falou de forma mais protocolar. Leu um discurso elaborado por sua assessoria especial no Palácio do Planalto.

O presidente percebeu a ampla reação negativa no exterior a suas entrevistas recentes. Um embaixador disse que Lula "voltou ao eixo" da posição manifestada por seu próprio governo antes, nas Nações Unidas.

O Brasil condenou a violação territorial da Ucrânia, se opôs a sanções contra Moscou e propôs a montagem de uma comissão negociadora, popularmente chamada de "clube da paz".

O anfitrião brasileiro ouviu do convidado romeno uma declaração contundente, em termos que costumam ser rejeitados pela diplomacia brasileira. Iohannis pregou uma postura "implacável" na defesa da Ucrânia.

"A mensagem da Romênia é clara, forte e deve ser compreendida por nossos parceiros: por mais que Moscou tente justificar suas ações, a Rússia é um Estado agressor, que violou à força a soberania territorial da Ucrânia e tentou anular sua independência", disse o presidente romeno. "A comunidade internacional tem o dever de apoiar a Ucrânia para repelir a agressão e vencer esta guerra para libertar o país."

Lula disse mais de uma vez que EUA e União Europeia, que fornecem armas à Ucrânia, incentivam a continuidade do enfrentamento bélico. O presidente recebera na véspera, no Alvorada, sua residência oficial, o chanceler russo, Sergei Lavrov, homem de confiança de Vladimir Putin.

Sem nenhum reparo do lado brasileiro, o ministro russo afirmou que Brasil e Rússia partilham da mesma visão sobre o conflito. Lavrov levou convite para Lula e seu chanceler, Mauro Vieira, viajarem ao encontro de Putin.

Um porta-voz do governo ucraniano reiterou convite para que Lula vá a Kiev e compreenda a situação real no terreno. O diplomata usou uma postagem no Facebook - o que foi considerado no Itamaraty um canal inadequado. Volodmir Zelenski e Lula já haviam feito convites, um ao outro, para visitas de Estado.

O governo Joe Biden reagiu e espera ouvir explicações do Planalto nos próximos dias. Autoridades americanas se disseram surpreendidas, preocupadas e decepcionadas com as recentes manifestações hostis a Washington.

Elas tentam entender por que o enviado de Putin não foi contestado ao dizer que havia "alinhamento" entre Brasília e Moscou.

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