O presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou sua candidatura à reeleição em um vídeo postado online no qual pede aos americanos mais quatro anos para "terminar o trabalho" que começou e evitar a volta de Donald Trump à Casa Branca.
No vídeo de pouco mais de três minutos, Biden disse que passou seu primeiro mandato lutando pela democracia e pela liberdade, valores americanos que são, de acordo com ele, ameaçados por grupos "extremistas" em todo o país. Sua vice, Kamala Harris, disse que concorrerá na chapa com Biden.
Apesar da baixa popularidade - em torno de 42% - e de uma economia que apresenta resultados discrepantes, o presidente parece ter escolhido novamente se colocar como o candidato mais capaz de deter o trumpismo - embora ele não tenha citado diretamente o ex-presidente.
"Quando concorri à presidência, há quatro anos, disse que estávamos em uma guerra pela alma da América. E ainda estamos", disse Biden. "É por isso que estou concorrendo à reeleição."
Segundo estrategistas democratas, o presidente estaria em uma posição confortável caso o duelo contra Trump se repita. O ex-presidente já disse que disputará as primárias do Partido Republicano, e larga como favorito.
No entanto, o recente indiciamento por fraude, novas investigações, outros processos na Justiça e a enorme rejeição podem abrir caminho para um outro candidato. Ron DeSantis, governador da Flórida, e Nikki Haley, ex-embaixadora dos EUA na ONU, são nomes que correm por fora.
Nesta terçã, a campanha parecia estar em pleno vapor. Horas depois de anunciar sua candidatura, Biden falou para uma plateia de sindicalistas durante uma conferência em Washington. No discurso, ele se colocou como o presidente que mais defendeu os sindicatos na história americana - e foi aplaudido de pé.
Assessores disseram que Biden deve manter a mesma mensagem dos últimos meses: reivindicar crédito pela recuperação da economia e criticar os republicanos por suas posições antiaborto, em favor do corte de impostos para os milionários e da venda de armas.
A tropa de choque para a arrecadação de fundos já foi montada, segundo os democratas. Os principais doadores foram convidados para uma reunião em Washington, na sexta-feira, para começar a encher os cofres da campanha.
Com o anúncio, Biden praticamente encerrou a disputa nas primárias do Partido Democrata - os outros pré-candidatos, Robert Kennedy e Marianne Williamson, não têm nenhuma chance de derrotá-lo.
A maior preocupação dos democratas, no entanto, é com sua idade. Aos 80 anos, ele já é o presidente americano mais velho da história. Se reeleito, Biden terminaria o mandato com 86 anos. Embora pesquisas mostrem que os democratas prefiram um novo rosto em 2024, ninguém sabe quem seria a face dessa renovação.
Até hoje, só um ex-presidente conseguiu voltar à Casa Branca. Foi o democrata Grover Cleveland, que perdeu a eleição em 1888 para o republicano Benjamin Harrison. Quatro anos depois, ele venceu a revanche, se tornando o único presidente dos EUA a obter dois mandatos não consecutivos.
Novo Carter
Os republicanos já estão comparando Biden ao ex-presidente Jimmy Carter, que perdeu a reeleição em meio a um contexto de inflação alta e turbulência global. Os democratas, por outro lado, prometem caracterizá-lo como o presidente mais eficaz desde Franklin Roosevelt, citando a aprovação de leis ambientais, o pacote de ajuda econômica, os investimentos na infraestrutura e sua capacidade de reunir uma coalizão contra a invasão russa da Ucrânia.
Comentários