Zelensky volta à Ucrânia com 'armas novas e potentes' para frear a Rússia
O presidente ucraniano se mostrou confiante em alcançar um acordo para conseguir aviões de combate
Da AFP
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, retornou a Kiev, após um giro por vários países europeus, onde obteve mais "armas novas e potentes" para frear a invasão russa e se mostrou confiante em alcançar um acordo para conseguir aviões de combate.
"De volta para casa com (...) armas novas e potentes para o front" de batalha, anunciou Zelensky em um vídeo dirigido aos seus compatriotas, após encerrar, no Reino Unido, um giro de três dias que o levou também a França, Alemanha e Itália.
Vestido com sua característica indumentária militar, o presidente ucraniano se reuniu, nesta segunda-feira (15), com o premiê britânico, Rishi Sunak, em Chequers, a residência de campo dos primeiros-ministros, 65 quilômetros a noroeste de Londres.
No fim de semana, ele se encontrou com os dirigentes de França, Alemanha e Itália, onde obteve promessas de apoio militar diante da esperada contraofensiva frente à Rússia.
Durante a viagem, Zelensky voltou a pedir aviões de combate, apesar de os países da Otan terem se negado até agora a proporcionar esse tipo de aeronaves.
Sunak confirmou, no entanto, que o Reino Unido ajudará a Ucrânia a treinar a pilotos como parte de seu apoio e o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciou ter "aberto a porta para formar pilotos" ucranianos "a partir de agora".
Zelensky também afirmou que falou com Sunak sobre a criação de uma "coalizão de aviões de combate" e disse que acreditava na possibilidade de alcançar em breve um acordo para obter os equipamentos.
"Queremos criar uma coalizão para os aviões e estou muito otimista a respeito. Conversamos sobre o tema e acredito que acontecerá em breve. Vocês vão tomar conhecimento de decisões que considero muito importantes", disse diante das câmeras.
Mísseis antiaéreos e drones de ataque
O governo britânico anunciou que enviará nos próximos meses à Ucrânia "centenas" de mísseis antiaéreos e drones de ataque de longo alcance.
O Reino Unido se tornou, na semana passada, o primeiro país ocidental a oferecer à Ucrânia mísseis de cruzeiro de longo alcance, os Storm Shadow.
Com capacidade de percorrer até 250 km, mais do que qualquer outro armamento fornecido a Kiev até o momento pelos países ocidentais, estes mísseis podem atingir regiões do leste da Ucrânia sob controle das forças russas.
O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou que as armas não terão maior impacto no conflito, mas "provocarão ainda mais destruição".
Pouco depois, a Rússia afirmou ter interceptado um Storm Shadow nas últimas 24 horas.
A Rússia também afirmou que um de seus aviões de guerra interceptou um avião militar da França e outro da Alemanha - dois países da Otan - sobre o mar Báltico, e denunciou uma tentativa de "violar" seu espaço aéreo, obrigando-os a se afastar.
No domingo, a França se comprometeu a fornecer à Ucrânia dezenas de tanques leves e veículos blindados.
O governo da Alemanha anunciou um pacote de ajuda militar de 2,7 bilhões de euros (14,2 bilhões de reais), que inclui dezenas de tanques, veículos blindados, drones de vigilância e quatro novos sistemas de defesa antiaérea Iris-T.
Mediação da China
No campo diplomático, o alto emissário chinês Li Hui fará uma visita de dois dias na terça-feira (16) a Kiev, informou um responsável do governo ucraniano à AFP.
O presidente chinês, Xi Jinping, visitou Moscou em março e foi criticado por se recusar a condenar a guerra de Putin.
"Nossas relações com a China têm o caráter de uma associação especial, estratégica", disse Peskov nesta segunda-feira, em resposta ao presidente francês, Emmanuel Macron, que acusou a Rússia de empreender uma relação de vassalagem com a China.
No front militar, um ataque russo com mísseis matou quatro pessoas ao atingir um hospital na cidade de Avdiivka (leste), anunciou o governador de Donetsk, Pavlo Kirilenko.
Outras duas pessoas morreram na região de Kharkiv (leste), segundo as autoridades regionais.
Os serviços de emergência ucranianos também reportaram bombardeios russos "intensos" em Kherson (sul). E na região de Nikopol (centro), outros bombardeios deixaram três feridos.
Pouco antes, a Ucrânia havia reivindicado o "primeiro sucesso" de sua ofensiva ao redor de Bakhmut, cidade do leste do país majoritariamente sob controle russo, que registra combates violentos há meses.
Em Kiev, amigos e colegas de Arman Soldin, o jornalista da AFP que morreu na semana passada na Ucrânia, se reuniram para homenageá-lo.
Por outro lado, sete pessoas, entre elas um funcionário de alto escalão enviado pela Rússia e um adolescente, ficaram feridas em uma explosão em Luhansk, cidade ucraniana sob controle russo, informaram as autoridades locais.