Filho de desaparecidos na ditadura apresenta candidatura à Presidência da Argentina
O advogado Eduardo De Pedro será o candidato pelo kirchnerismo, uma ala de centro-esquerda do peronismo
Da AFP
Eduardo De Pedro, filho de um casal desaparecido durante a ditadura argentina (1976-1983), anunciou nesta quinta-feira (22) sua candidatura à Presidência da Argentina pelo kirchnerismo, uma ala de centro-esquerda do peronismo, antes das eleições gerais de 22 de outubro.
"Amo profundamente meu país. Vamos recuperar a esperança e o orgulho de ser argentinos", disse o político de 46 anos, atual ministro do Interior, em um vídeo no Twitter.
De Pedro é conhecido como 'Wado' e faz parte do Hijos, que reivindica a militância antiditatorial de suas mães e pais, desaparecidos em um processo que a justiça denominou "terrorismo de Estado" com milhares de vítimas entre 1976 e 1983.
Advogado de profissão, De Pedro enfrentará nas primárias de 13 de agosto o outro pré-candidato da nova frente peronista União pela Pátria (UP), o ex-embaixador e ex-vice-presidente Daniel Scioli, líder de um setor de centro-direita ligado ao presidente Alberto Fernández.
Scioli também lançou sua pré-candidatura presidencial pela UP nesta quinta-feira em um evento em um teatro de Buenos Aires.
O presidente Fernández está em conflito com sua vice-presidente, Cristina Kirchner, que tem criticado o acordo de crédito e fiscal vigente com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e tem exigido atenção para a grave situação social causada por uma inflação anual acima de 100%.
"Espero que os filhos da geração dizimada sejam aqueles que assumam o comando", disse Kirchner em um evento em 25 de maio, em frente à Casa Rosada, ao confirmar que não se candidatará, como milhares de seus seguidores pediam.
Morte dos pais
De Pedro escapou com vida aos dois anos de idade após um esquadrão da morte invadir sua casa. Sua mãe, Lucila Révora, que foi baleada, o protegeu e está desaparecida desde então.
Pouco antes, seu pai, Enrique De Pedro, militante da Juventude Peronista, havia sido sequestrado e assassinado.
A divisão dentro do oficialismo se agravou nos últimos meses, assim como a batalha interna entre os pré-candidatos da oposição liberal Juntos pela Mudança (JpC).
Um terceiro elemento é Javier Milei, de extrema direita, que aparece com uma alta porcentagem de intenção de voto.