GUERRA RÚSSIA X UCRÂNIA

Perguntas e respostas para entender a rebelião do grupo paramilitar russo Wagner

Há meses, Prigozhin tem se envolvido em uma disputa pelo poder com os comandos militares russos, aos quais responsabiliza pelas baixas em suas tropas no leste da Ucrânia

AFP
Cadastrado por
AFP
Publicado em 24/06/2023 às 13:37 | Atualizado em 24/06/2023 às 20:18
STRINGER/AFP
Membros do grupo Wagner patrulham o centro de Rostov-on-Don, onde a força mercenária rebelde de Wagner disse ter assumido instalações importantes neste sábado (24) - FOTO: STRINGER/AFP

O presidente russo, Vladimir Putin, prometeu punir os "traidores" do grupo de mercenários Wagner, depois que seu líder ameaçou derrubar o comando militar russo. Horas depois, voltou atrás com recuo.

Yevgueni Prigozhin, de 62 anos, divulgou uma série de mensagens na noite de sexta-feira (23) e na madrugada deste sábado (24), afirmando que ele e suas forças entraram na cidade russa de Rostov, no sul do país, e que tomaram suas instalações militares.

Depois voltou atrás, está se mudando para Belarus e teve qualquer eventual processo contra si extinto a mando de Putin.

O que provocou a rebelião?

Há meses, Prigozhin tem se envolvido em uma disputa pelo poder com os comandos militares russos, aos quais responsabiliza pelas baixas em suas tropas no leste da Ucrânia.

Em várias ocasiões, ele acusou o exército russo de não equipar suficientemente seus mercenários ou de dificultar seus avanços com trâmites burocráticos, além de atribuir a si vitórias que, na verdade - segundo Prigozhin - foram obtidas graças aos combatentes do Wagner.

Neste sábado, Prigozhin acusou o comando militar russo de ordenar bombardeios contra as bases de seu grupo paramilitar e de ter matado muitos de seus combatentes.

O líder do grupo Wagner afirmou que é preciso "frear" as lideranças militares russas e prometeu "ir até o final".

Mais tarde, antes de chegar a um acordo, afirmou que seus combatentes haviam derrubado um helicóptero militar russo e que tinham tomado várias instalações militares na cidade de Rostov (sul).

Como Moscou reagiu?

Durante a noite de sábado, o Kremlin afirmou que estavam sendo tomadas "medidas" contra o motim.
As autoridades reforçaram a segurança em Moscou e em outras regiões, como Rostov e Lipetsk.

Putin qualificou o motim do grupo Wagner de "ameaça mortal" para o país e fez um apelo à unidade.

Também assegurou que a "traição" do grupo Wagner resultaria em uma "inevitável punição".

Com o andamento do acordo, extinguiu processos contra o líder e também os combatentes do grupo paramilitar.

Quem são os combatentes do grupo Wagner? 

O grupo paramilitar Wagner, privado, esteve envolvido em conflitos no Oriente Médio e na África, mas sempre negou sua participação.

No ano passado, Prigozhin admitiu ter fundado o grupo recrutando soldados em prisões russas em troca de anistia.

No leste da Ucrânia, seus paramilitares têm se posicionado na linha de frente.

Eles lideraram a tomada de Bakhmut, que se estendeu durante meses, e reivindicaram ter tomado esta cidade para as tropas russas, embora a operação tenha causado muitas baixas ao grupo.

Como isto afeta o conflito na Ucrânia?

Este motim representa o mais grave desafio ao qual Putin teve que enfrentar em seu longo mandato, e a crise de segurança mais importante para a Rússia desde que chegou ao poder, ao final de 1999.

A situação poderia desviar a atenção e os recursos em plena ofensiva na Ucrânia, e coincide, ainda, com a contraofensiva anunciada por Kiev para recuperar territórios.

O exército ucraniano informou que está "observando" a luta interna entre Prigozhin e Putin.

Moscou, no entanto, advertiu que o exército ucraniano estava aproveitando a situação para reunir suas tropas perto de Bakhmut frente a uma ofensiva.

No plano internacional, Estados Unidos, França, Alemanha e União Europeia informaram que acompanham a situação de perto.

Edição do Jornal

img-1 img-2

Confira a Edição completa do Jornal de hoje em apenas um clique

Últimas notícias