Massacre no Quênia: passa de 400 o número de mortos em seita evangélica que incentivava jejum
O balanço do "massacre de Shakahola", nome da floresta do Quênia onde uma seita evangélica que praticava jejum extremo se reunia, subiu, nesta segunda-feira (17), para 403 mortos após a descoberta de 12 novos corpos
O balanço do "massacre de Shakahola", nome da floresta do Quênia onde uma seita evangélica que praticava jejum extremo se reunia, subiu, nesta segunda-feira (17), para 403 mortos após a descoberta de 12 novos corpos, anunciou uma autoridade regional.
"Nossa equipe médico-legal pôde exumar 12 corpos hoje", segunda-feira, declarou à imprensa a prefeita da região da costa, Rhoda Onyancha, que acrescentou em uma mensagem à AFP que o "balanço total" é "de 403 mortos".
As autoridades esperam que o balanço aumente, já que as buscas pelas valas comuns em uma ampla região do litoral queniano continuam quase três meses depois da descoberta das primeira vítimas.
A polícia considera que a maioria dos corpos exumados são de seguidores da Igreja Internacional das Boas Novas (Good News International Church), criada pelo autoproclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie, que defendia jejuar até a morte para "se encontrar com Jesus".
Esse ex-motorista de táxi está preso desde 14 de abril e será processado, entre outras acusações, por "terrorismo".
Outras 16 pessoas são acusadas de pertencer a um grupo de homens encarregados de vigiar para que nenhum fiel acabasse com o jejum ou escapasse da floresta, localizada perto da cidade litorânea de Malindi.
As autópsias realizadas até agora revelaram que a maioria das vítimas morreu de fome, logo depois de escutar orações.
Algumas das vítimas, entre elas crianças, foram estranguladas, agredidas ou asfixiadas, segundo as autópsias.
O ministro do Interior anunciou que a floresta de Shakahola será declarada como "memorial".
No mês passado, a Justiça abriu um processo por "tentativa de suicídio" contra 65 adeptos que se recusaram a comer depois de serem retirados da floresta.
Esses processos foram condenados por grupos de defesa dos direitos humanos. A ONG Comissão Nacional de Direitos Humanos do Quênia denunciou uma "decisão inadequada (que) traumatizará os sobreviventes no momento em que precisam desesperadamente de compreensão".