GUERRA RÚSSIA X UCRÂNIA

Sem acordo na guerra, navios no Mar Negro viram alvos militares e Putin evita deixar Rússia temendo prisão

Após fim do acordo de grãos, já é a segunda noite consecutiva de bombardeios na cidade portuária de Odesa

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Publicado em 19/07/2023 às 20:25
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O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o acordo só será reativado se todas as suas demandas forem respeitadas - FOTO: Valery Sharifulin / Sputnik / AFP

A Rússia alertou nesta quarta-feira (19) que considerará como possíveis alvos militares os navios que se dirigirem à Ucrânia, após se retirar do acordo que garantia a exportação de grãos ucranianos pelo Mar Negro.

“A partir das 00h de Moscou de 20 de julho de 2023 (18h desta quarta no horário de Brasília), todas as embarcações que navegarem nas águas do Mar Negro com destino aos portos ucranianos serão consideradas potenciais transportadoras de carga militar", disse o Ministério da Defesa da Rússia em comunicado, acrescentando que "os países de bandeira dessas embarcações serão considerados parte do conflito".

Cidade de Odesa é bombardeada

As declarações ocorrem após uma segunda noite consecutiva de bombardeios na cidade portuária de Odesa (sul), de onde saem exportações ucranianas de grãos, essenciais para o abastecimento mundial.

O presidente ucraniano Volodimir Zelensky, acusou a Rússia de mirar "deliberadamente" contra as infraestruturas de exportação de grãos, criando riscos de abastecimento para os países mais vulneráveis.

A recusa de Moscou em estender o acordo reaviva os temores de uma crise alimentar. O pacto foi firmado em julho de 2022 sob os auspícios da Turquia e da ONU e foi prorrogado várias vezes para permitir a saída dos cereais.

Em resposta a essas incertezas, o preço do trigo aumentou 8,2% durante o dia nos mercados europeus.

O presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o acordo só será reativado se todas as suas demandas forem respeitadas.

“Patrulhas militares" são realizadas pela Rússia em novos ataques

A Rússia, sujeita a fortes sanções ocidentais desde o início de sua intervenção na Ucrânia em fevereiro de 2022, exige o cumprimento da disposição do acordo que lhe permite exportar seus produtos agrícolas e fertilizantes.

Também reivindica que seus bancos e instituições financeiras sejam readmitidos no sistema bancário internacional Swift.

O exército russo afirmou que os ataques em Odessa tinham como alvo locais militares ucranianos, incluindo "infraestrutura para combustível e depósitos de munição".

Kiev, por outro lado, indicou que 60.000 toneladas de grãos prontos para exportação foram destruídas.

O Kremlin acusa a Ucrânia de usar o corredor marítimo do Mar Negro, aberto no âmbito do acordo, "para fins militares" e culpa as potências ocidentais por usarem o acordo como uma arma de "chantagem".

"Em vez de ajudar os países que realmente precisam, o Ocidente usa o acordo de cereais com fins de chantagem política e como ferramenta de enriquecimento de multinacionais e especuladores no mercado mundial", afirmou Putin.

O pacto permitiu a exportação de 33 milhões de toneladas de grãos, aliviando países que sofrem com escassez de alimentos, como Afeganistão, Sudão e Iêmen.

A Ucrânia assegurou que estava disposta a continuar com as exportações, apesar da suspensão do acordo, e pediu ajuda a outros países.

"Deveríamos adicionar um mandato da ONU para criar patrulhas militares" com a participação dos países costeiros do Mar Negro, disse à AFP o assessor da Presidência ucraniana Mijailo Podoliak.

Mais de 2 mil moradores são evacuados na Crimeia

A Rússia está tentando controlar um importante incêndio em um terreno militar na península ucraniana da Crimeia, anexada por Moscou em 2014, que provocou a evacuação de 2.000 moradores.

As autoridades não informaram a origem do fogo, mas alguns meios de comunicação russos mencionaram terem ouvido explosões na área.

Kiev não se pronunciou sobre o assunto, e as autoridades russas afirmaram que ainda estavam investigando a situação.

A Crimeia tem sido frequentemente alvo de ataques desde o início da operação militar russa contra a Ucrânia.

No terreno, o exército russo declarou que suas forças avançaram mais de um quilômetro durante várias "operações ofensivas" ao norte da cidade de Kupiansk, no nordeste da Ucrânia.

A Presidência ucraniana destacou que a contraofensiva lançada há algumas semanas para recuperar territórios ocupados é prevista como "longa e difícil". Também insistiu na necessidade de obter novos tanques ocidentais e caças F-16.

Os Estados Unidos anunciaram um novo pacote de ajuda para Kiev, no valor de 1,3 bilhão de dólares (6,2 bilhões de reais, na cotação atual), que inclui sistemas de mísseis de defesa antiaérea, munições de artilharia, material de desminagem e drones explosivos.

PUTIN TEME PRISÃO FORA DO PAÍS

O presidente russo, Vladimir Putin, alvo de uma ordem de prisão internacional, não comparecerá à cúpula dos países do Brics na África do Sul em agosto, informou nesta quarta-feira (19) a Presidência da nação africana, encerrando meses de especulações.

A eventual visita de Putin tornou-se um tema controverso para a África do Sul, uma vez que o presidente russo é alvo de um mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) que o país africano deveria cumprir, se necessário, por reconhecer esse tribunal.

"Por acordo mútuo, o presidente Vladimir Putin da Federação Russa não participará da reunião de cúpula, mas a Federação Russa será representada pelo ministro das Relações Exteriores, o senhor (Sergei) Lavrov", disse Vincent Magwenya, porta-voz do presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, em um comunicado.

O porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, citado pelas agências de notícias russas, informou horas depois que "o presidente Putin decidiu participar da cúpula dos Brics por videoconferência".

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