Bombardeios russos deixam três mortos na Ucrânia
De acordo com as autoridades locais, 19 pessoas ficaram feridas e mais de 100 casas foram danificadas
Da AFP
Ao menos três pessoas morreram em uma nova onda de ataques aéreos russos lançados, nesta terça-feira (15), contra oito regiões da Ucrânia, cujo Exército está com os recursos "quase esgotados", segundo Moscou.
Na Rússia, o Banco Central foi forçado a aumentar sua taxa de juros para tentar conter a inflação e a queda do rublo que, tal como a economia do país, foi alvo de sanções econômicas após a invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Depois de uma nova onda de bombardeios noturnos, Moscou afirmou ter destruído locais militares "fundamentais do regime de Kiev".
O Exército ucraniano, por sua vez, informou que derrubou 16 dos 28 mísseis lançados pelo Exército russo.
Um dos mísseis não interceptados deixou três mortos em uma área industrial de Lutsk, cidade no oeste do país, a menos de 100 quilômetros da fronteira com a Polônia.
O local pertence à gigante sueca SKF, especializada em rolamentos, e que exerce "uma atividade civil normal", disse um porta-voz da empresa, que confirmou a morte de três funcionários.
Parque infantil
Segundo jornalistas da AFP presentes no local, outro míssil atingiu o parque de um jardim de infância em Lviv, que assim como Lutsk, está a centenas de quilômetros do front.
"Sinto uma dor terrível", disse Olga Bura, uma moradora da região de 64 anos, visivelmente abalada após ver os danos em sua casa.
De acordo com as autoridades locais, 19 pessoas ficaram feridas e mais de 100 casas foram danificadas. O teto de um supermercado desabou.
A Presidência ucraniana também informou que um complexo esportivo foi atingido em Dnipro, no centro do país.
Após um ano e meio de guerra, a Rússia continua negando responsabilidade pelas vítimas civis e afirma que seus bombardeios visam apenas alvos legítimos, apesar de atingirem prédios residenciais.
Recursos "quase esgotados"
No front, a Ucrânia reivindicou na segunda-feira pequenos avanços no sul e no leste do país, ao redor da cidade de Bakhmut.
Mas as tropas têm mais dificuldades no norte, perto de Kupiansk, embora continuem "freando a ofensiva russa na direção de Kupiansk e Lyman", disse o porta-voz do Exército, Andrei Kovalev.
Nesta terça-feira, o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, visitou a região de Zaporizhia, na frente sul, onde soldados procuram há semanas por pontos fracos nas linhas de defesa da Rússia.
Os militares pediram mais drones e "enfatizaram a necessidade de meios rádio-eletrônicos e sistemas de defesa aérea de primeira linha para combater aeronaves e drones inimigos", segundo a Presidência.
Kiev lançou uma contraofensiva em junho para recuperar os territórios ocupados pela Rússia desde o início da guerra, em 24 de fevereiro de 2022.
Mas Moscou considerou, nesta terça-feira, que os recursos do Exército ucraniano estavam "quase esgotados", apesar do apoio dos Estados Unidos e da União Europeia.
Kiev "não obtém resultados" em sua contraofensiva, disse o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu.
O ministro acrescentou que a campanha militar na Ucrânia acabou sendo um "teste sério" para o Exército russo, mas que Moscou conseguiu aumentar "significativamente" sua produção de veículos blindados.
Queda do rublo
Na esfera econômica, o rublo despencou nas últimas semanas, devido, entre outros motivos, às consequências das restrições às vendas de petróleo pela Rússia.
Nesta terça-feira, a moeda russa se depreciou frente à americana, valendo 100 unidades por dólar, a menor cotação desde março de 2022. Desde o início do ano, a moeda desvalorizou-se 30% em relação ao dólar.
O Banco Central da Rússia decidiu aumentar a sua taxa de juros oficial de 8,5% para 12%, após um longo período de hesitação devido à queda da moeda e ao aumento da inflação.
A medida busca frear o aumento dos preços ao consumidor e a queda do poder de compra dos russos.
A instituição monetária não descarta aumentar novamente os juros.
Moscou também começou nesta terça uma fase de ensaio para criar um rublo digital, na esperança de que a tecnologia blockchain ajude a limitar o impacto das sanções internacionais.
No mesmo dia, a Rússia e Coreia do Norte defenderam o fortalecimento de uma cooperação militar, aumentando ainda mais a crescente aproximação entre os dois países desde o início da guerra na Ucrânia.
Já os EUA advertiram a Moscou que, se fechar um acordo de armas com Pyongyang, estaria violando as resoluções da ONU.