DESEMBOLSO

FMI aprova liberação de US$ 7,5 bilhões para a Argentina

O país sul-americano assinou com o FMI um programa de crédito no qual o país recebe 44 bilhões de dólares (215 bilhões de reais) em 30 meses

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Filipe Farias

Publicado em 23/08/2023 às 20:32
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Da AFP

A diretoria executiva do Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, nesta quarta-feira (23), que aprovou a quinta e a sexta revisões de um acordo com a Argentina, o que libera um "desembolso imediato de cerca de 7,5 bilhões de dólares (36,7 bilhões de reais)".

O país sul-americano assinou com o FMI um programa de crédito no qual o país recebe 44 bilhões de dólares (215 bilhões de reais) em 30 meses, em troca de que o Banco Central aumente suas reservas internacionais e o governo reduza el déficit fiscal.

Segundo o FMI, com a decisão desta quarta-feira, o total de desembolsos no contexto do acordo "chega a 36 bilhões de dólares” (176 bilhões de reais, na cotação atual).

Buenos Aires obteve a aprovação da diretoria por unanimidade, informou um porta-voz do ministro da Economia argentino e candidato presidencial peronista, Sergio Massa.

A negociação do acordo entre a equipe técnica da organização financeira e a Argentina estendeu-se até o mês passado, após semanas de tratativas, de forma que, para honrar seus compromissos da dívida em agosto, a Argentina precisou recorrer a um empréstimo do Catar, a iuanes de um swap cambial (intercâmbio de moedas) vigente com a China e a um empréstimo-ponte do Banco de Desenvolvimento da América Latina (Corporação Andina de Fomento, CAF).

Dos 7,5 bilhões, portanto, os argentinos terão que enviar uma parte para Catar, China e CAF, e guardar outra parte como provisão para os próximos vencimentos. A sétima revisão acontecerá em novembro.

Desde a quarta revisão, no fim de março, “os principais objetivos do programa não foram alcançados, em consequência da seca sem precedentes e de mudanças nas políticas” traçadas, explicou o Fundo. Diante dessa situação, o órgão financeiro optou por aprovar “isenções por descumprimento” de metas.

"Também foram aprovadas mudanças no objetivo de acúmulo de reservas, bem como nos objetivos de déficit fiscal primário e de financiamento monetário do déficit", destacou o FMI.

Fortalecer as reservas

Com uma inflação de mais de 100% ao ano, a Argentina enfrenta uma escassez grave de reservas monetárias internacionais, em meio a uma grande demanda por dólares, moeda a que os argentinos recorrem como refúgio diante do aumento dos preços.

Massa afirmou ontem que, "nos últimos 21 dias, acumulou-se 1,7 bilhão de dólares" (pouco mais de R$ 8 bilhões) em reservas.

"Em um contexto de inflação elevada e pressão crescente sobre a balança de pagamentos, foi acordado um novo pacote de medidas, focado em fortalecer as reservas e reforçar a ordem fiscal", mencionou o Fundo. Sua implementação “contínua e firme" será "fundamental" para “salvaguardar a estabilidade e garantir a sustentabilidade a médio prazo”.

A Argentina acompanha com atenção qualquer decisão do Fundo e, por se tratar de um ano eleitoral, o escrutínio é ainda maior.

Massa viajou a Washington com o firme propósito, segundo ele, de obter mais de 7,5 bilhões de dólares, mas essa foi a única cifra citada no comunicado inicial do FMI. Tampouco foi divulgado o resultado do encontro de hoje entre o ministro argentino e a diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva.

Massa responsabilizou ontem o Fundo pelo aumento da inflação ao obrigar o país a desvalorizar a sua moeda. O Banco Central da República Argentina (BCRA) desvalorizou o peso em cerca de 20% em relação ao dólar um dia depois das eleições primárias de 13 de agosto.

O liberal de extrema direita Javier Milei, defensor da dolarização da economia, obteve 30% dos votos. Já o peronismo governante ficou com 27%, e Massa foi o candidato eleito para disputar a presidência.

O FMI aplaudiu tanto a desvalorização quanto a alta dos juros básicos, medidas que considerou passos na direção correta.

Durante sua visita de dois dias a Washington, Sergio Massa se reuniu com funcionários do alto escalão do governo americano e com organizações internacionais, como o Banco Mundial e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que prometeram um empréstimo de 1,3 bilhão de dólares (6,36 bilhões de reais), no total, à Argentina para projetos específicos de desenvolvimento.

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