Pentágono nega indícios de que míssil tenha derrubado avião de Prigozhin
As Forças Armadas dos Estados Unidos não têm "nenhuma informação que sugira que tenha sido um míssil terra-ar", declarou o porta-voz do Ministério da Defesa
O Pentágono informou, nesta quinta-feira (24), que não há indícios de que o avião que transportava o líder da milícia russa Wagner, Yevgueni Prigozhin, tenha sido derrubado por um míssil terra-ar.
As Forças Armadas dos Estados Unidos não têm "nenhuma informação que sugira que tenha sido um míssil terra-ar", declarou o porta-voz do Ministério da Defesa americano, Pat Ryder, ao descrever como "imprecisas" as versões que mencionam essa hipótese.
Os Estados Unidos acreditam que Prigozhin tenha morrido na catástrofe.
"Nossa avaliação, com base em vários fatores, é de que ele provavelmente morreu", disse Ryder.
PUTIN ELOGIOU CONTRIBUIÇÃO
O presidente russo, Vladimir Putin, elogiou, nesta quinta-feira (24), a "contribuição" para a ofensiva na Ucrânia do chefe do grupo Wagner, Yevgueni Prigozhin, que se rebelou contra o Kremlin no final de junho, e prometeu "levar até ao fim" a investigação sobre sua morte em um avião que caiu na quarta-feira perto de Moscou.
Prigozhin "era um homem com destino complicado, que cometeu erros graves em sua vida, mas que obteve os resultados de que precisava", declarou Putin, durante uma reunião transmitida pela televisão, oferecendo suas condolências aos familiares das vítimas do acidente.
Outras nove pessoas estavam na aeronave, entre tripulação e passageiros, nenhuma sobreviveu.
A declaração de Putin, que qualificou o ocorrido como uma "tragédia", foi a primeira confirmação oficial de que o chefe do grupo Wagner havia morrido.
O acidente ocorreu dois meses após o fracassado levante do grupo paramilitar de Prigozhin contra o Estado-Maior Russo, alimentando especulações de um possível assassinato orquestrado pelo Kremlin.
Nesta quinta-feira, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, garantiu que seu país não tem "nada a ver" com o ocorrido.
No mesmo dia, a Rússia abriu uma investigação por "violação das regras de segurança do transporte aéreo", mas não mencionou nenhuma pista em particular.
FLORES E CAVEIRAS
Entre as supostas vítimas fatais estaria Dmitri Utkin, o braço direito de Prigozhin. O ex-oficial do serviço de inteligência militar russo era o comandante de operações do Wagner.
Algumas informações também indicam a presença no voo de Valeri Chekalov, que segundo a imprensa russa era o diretor de logística do grupo.
Na cidade de Kujenkino, perto da qual o avião caiu, um morador, Vitali, contou ter "ouvido um 'boom'". "Olhei para cima e vi um avião com fumaça branca por cima", disse em um vídeo transmitido pelo canal Fontanka.
Nas redes sociais, várias contas próximas ao grupo Wagner - que não tem endereço online oficial - mencionaram a hipótese de lançamento de um míssil terra-ar para explicar o incidente.
Algumas pessoas citaram a possibilidade de uma encenação orquestrada pelo chefe do grupo de mercenários para desaparecer, mas Margarita Simonyan, editora-chefe da RT, canal estatal ligado a Putin, não deu crédito à esta hipótese.
"Pessoalmente, me inclino pela (pista) mais evidente", comentou na plataforma X (ex-Twitter).
Na quarta-feira à noite, várias pessoas se reuniram diante da sede do grupo Wagner em São Petersburgo e depositaram cravos vermelhos, velas e símbolos do grupo, com uma caveira, na frente do prédio.
Na Ucrânia, onde o grupo paramilitar lutou por muito tempo, houve quem se alegrasse com a suposta morte.
"Talvez isto dê um impulso a acontecimentos desestabilizadores" na Rússia, disse Iryna Kushina, uma autoridade entrevistada pela AFP em Kiev.