Procurador pede ordem de silêncio para Trump por sua retórica incendiária
A petição cita uma série de comentários de Trump feitos depois da acusação de 1º de agosto
O procurador especial Jack Smith pediu, nesta sexta-feira (15), a um juiz dos Estados Unidos que imponha uma ordem de silêncio ao ex-presidente Donald Trump, alegando que sua retórica incendiária é uma ameaça a seu julgamento por tentativa de alterar as eleições de 2020.
Smith disse ao tribunal federal de Washington que os ataques reiterados de Trump a funcionários do Departamento de Justiça, aos moradores da capital americana e à própria juíza do caso, Tanya Chutkan, poderiam prejudicar o júri, que é formado pela população local.
Também assinalou que os comentários resultaram em ameaças reais de partidários de Trump contra os promotores, a corte e os possíveis jurados.
As declarações de Trump "poderiam ter um impacto substancial na imparcialidade do júri e, ao mesmo tempo, influenciar o depoimento das testemunhas", segundo o texto judicial apresentado por Smith.
Qualquer um "envolvido no processo de justiça criminal que lê e ouve as mensagens depreciativas e inflamadas do réu pode temer com razão que pode ser o próximo alvo dos ataques do réu", diz o documento.
Smith pediu ao juiz que proíba Trump de fazer declarações depreciativas, incendiárias e intimidatórias sobre qualquer pessoa envolvida ou potencialmente relacionada ao caso, assim como qualquer declaração sobre possíveis testemunhas.
A petição cita uma série de comentários de Trump feitos depois da acusação de 1º de agosto, inclusive uma mensagem nas redes sociais que dizia: "SE VIER ATRÁS DE MIM, EU VOU ATRÁS DE VOCÊ!"
O ex-presidente também acusou Chutkan de "fraude" e de "odiar Trump", tachou o escritório de Smith de "equipe de valentões" e afirmou que Washington é um lugar "sujo e repleto de delinquência", com uma população "mais de 95% anti-Trump".
A petição também menciona os ataques do magnata a possíveis testemunhas de acusação, entre elas seu ex-vice-presidente Mike Pence (2017-2021).
Trump foi formalmente acusado por seus esforços para alterar os resultados das eleições presidenciais de 2020, que também levaram ao violento ataque de seus simpatizantes contra o Capitólio, a sede do Congresso americano, em Washington no dia 6 de janeiro de 2021.