APROXIMAÇÃO COM A RÚSSIA

Líder norte-coreano Kim Jong-un conclui viagem à Rússia

O encontro com o presidente Vladimir Putin e gerou temores no Ocidente sobre uma entrega de armas de Pyongyang a Moscou para a ofensiva na Ucrânia

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Filipe Farias

Publicado em 17/09/2023 às 13:31
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Da AFP

O líder norte-coreano Kim Jong-un deixou a Rússia neste domingo (17), encerrando uma viagem de vários dias na qual fortaleceu os vínculos com o presidente Vladimir Putin e gerou temores no Ocidente sobre uma entrega de armas de Pyongyang a Moscou para a ofensiva na Ucrânia.

A incomum viagem de Kim, sua primeira internacional desde a pandemia de covid-19, começou na terça-feira e se concentrou nos temas militares, com uma simbólica troca de fuzis com Putin e uma visita ao cosmódromo de Vostochny e a uma fábrica de bombardeiros.

Antes de voltar à Coreia do Norte em seu trem blindado, Kim recebeu de presente cinco drones explosivos, um drone de reconhecimento e um colete à prova de balas do governador regional de Primorie, Oleg Kojemiako, informou a agência oficial russa TASS.

O governador desta região do Extremo Leste russo, que faz fronteira com a China e a Coreia do Norte, também deu a Kim "roupas especiais não detectáveis pelas câmeras térmicas", segundo a TASS.

"A cerimônia de partida do líder da RPDC (República Popular Democrática da Coreia) foi realizada na estação Artiom-Primorie-1, onde já se encontrava o blindado de Kim Jong Un", indicou a agência Ria Novosti, que publicou um vídeo.

A TASS informou que o trem seguiu em direção ao posto fronteiriço de Khasan, a cerca de 250 quilômetros de distância.

As imagens mostram Kim, em seu trem, se despedindo da delegação russa liderada pelo ministro do Meio Ambiente, Alexander Kozlov.

Ambos os países, que são aliados históricos desde a era soviética, estão sujeitos a fortes sanções internacionais, devido ao conflito na Ucrânia, no caso da Rússia, e no da Coreia do Norte, devido ao seu programa de desenvolvimento nuclear e testes de mísseis.

Uma maior cooperação

Especialistas acreditam que a Rússia pode estar interessada em adquirir munições norte-coreanas para a sua ofensiva na Ucrânia, enquanto o país asiático quer ajuda russa para desenvolver o seu programa de mísseis.

O Kremlin negou na sexta-feira que um acordo tivesse sido assinado, mas Putin levantou, depois de se encontrar com Kim no cosmódromo de Vostochny, a perspectiva de uma maior cooperação com Pyongyang e disse que havia "possibilidades" em suas relações militares.

No sábado, o líder norte-coreano se reuniu com o ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, em Vladivostok e juntos examinaram armamento de última geração, inclusive mísseis hipersônicos.

Shoigu e Kim, sorridentes, examinaram bombardeiros nucleares russos e outros aviões militares com tecnologia de ponta, segundo um vídeo publicado pelo Ministério da Defesa russo.

A agência oficial de notícias norte-coreana KCNA descreveu o atmosfera durante a visita de Kim como "calorosa" e disse que "começa uma nova era de amizade, solidariedade e cooperação" na história das relações entre os dois países.

Os Estados Unidos expressaram a sua "preocupação" com a possibilidade de a Rússia comprar munições norte-coreanas e Seul emitiu um "forte alerta" contra qualquer transação desse tipo.

Após o encontro com Kim, Putin anunciou que aceitou o convite para visitar a Coreia do Norte, sua segunda viagem ao país, depois de seu encontro em Pyongyang em 2000 com o pai do atual líder, Kim Jong-il.

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