MIGRAÇÃO

Governo Biden ampliará muro na fronteira com México para barrar migrantes

Em promessas de campanha feitas em 2020, Biden havia dito que "nem mais um centímetro de muro seria construído"

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AFP

Publicado em 05/10/2023 às 19:06
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O governo do presidente democrata Joe Biden anunciou, nesta quinta-feira (5), que ampliará o muro na fronteira com o México para frear a entrada de migrantes, usando fundos concedidos pelo Congresso a seu último antecessor, o republicano Donald Trump, uma medida classificada como um "retrocesso" por seu contraparte mexicano.

 

Em promessas de campanha feitas em 2020, Biden havia dito que "nem mais um centímetro de muro seria construído" durante seu governo.

O secretário americano de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, justificou a medida pela "necessidade aguda e imediata" de "evitar entradas ilegais" na fronteira.

DECISÃO DE BIDEN

A decisão foi publicada no "Federal Register" (correspondente ao "Diário Oficial" brasileiro) nesta quinta, coincidindo com uma visita do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ao México, para tratar com o vizinho da questão migratória e do tráfico de fentanil.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, não gostou do anúncio.

"Esta autorização para a construção do muro é um retrocesso, porque isso não resolve o problema. É preciso atender as causas (da migração irregular)", disse o presidente durante sua habitual entrevista coletiva matinal, pouco antes de receber o secretário Blinken.

Também não agradará aos ecologistas, já que para instalar o que chama de "barreiras físicas e estradas adicionais" no Texas, o governo revoga cerca de vinte leis e regulamentos federais, muitos deles ambientais.

Ao longo de décadas, diferentes governos republicanos e democratas construíram algum tipo de cerca nas áreas fronteiriças com o México.

Donald Trump, provável adversário de Biden nas eleições presidenciais de 2024, transformou a construção de um muro na fronteira em um dos pilares de sua política migratória e afirmou que o México pagaria por ele.

Quando assumiu a presidência, Biden decidiu suspender a construção do muro e acabar com o uso de fundos para sua financiamento.

FORÇA DO CONGRESSO

O democrata repetia que a construção de um muro na fronteira não é uma solução política para o problema e pediu ao Congresso que os recursos fossem destinados a garantir a segurança fronteiriça por meio da tecnologia.

Mas no Congresso ele não conseguiu convencer os republicanos, que o acusavam de ter causado uma crise na fronteira.

Biden diz que "não pode impedir" o uso de dinheiro alocado pelo Congresso no ano fiscal de 2019, quando Trump estava no poder, para a construção de uma barreira na fronteira no Vale do Rio Grande.

"O dinheiro foi alocado para o muro na fronteira. Tentei que fosse realocado, que esse dinheiro fosse redirecionado. Não o fizeram", justificou o presidente.

"Estamos aplicando a lei", insistiu a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, em sua coletiva de imprensa diária.

Dizer que é uma reviravolta política "é absolutamente falso", acrescentou outro porta-voz da Casa Branca, Andrew Bates, na rede social X, antigo Twitter. "O Congresso nos exige que façamos isso de acordo com uma lei de 2019", afirmou.

As novas cercas serão construídas no Vale do Rio Grande por ser uma área de "alto influxo ilegal", afirma Mayorkas.

De outubro de 2022 até o início de agosto, a Patrulha de Fronteira interceptou mais de 245.000 pessoas que tentavam entrar ilegalmente no país nesse setor.

Trump reagiu em sua plataforma Truth Social dizendo que a medida mostra que "estava certo" ao construir "um novo e lindo muro na fronteira". O ex-presidente também perguntou se "Joe Biden vai se desculpar (...) por demorar tanto para agir".

Biden vinha sob pressões não apenas dos republicanos, mas também de cidades governadas por democratas que não dão conta da chegada em massa de migrantes.

Além disso, recentemente, a ala linha-dura dos republicanos se opôs a destinar mais fundos para a guerra na Ucrânia, argumentando que deveriam ser usados para conter a crise migratória.

Essa oposição quase causou uma paralisação orçamentária.

A porta-voz da Casa Branca nega que a construção do muro seja um gesto para que os republicanos aceitem um novo pacote para a Ucrânia. "Não estabeleceria uma ligação", afirmou.

A crise migratória tornou-se um obstáculo na corrida de Biden para a reeleição.

Os democratas sabem disso e nas últimas semanas colocaram em prática medidas concretas, como o envio adicional de 800 militares para a fronteira ou a concessão de refúgio a quase meio milhão de venezuelanos.

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