GUERRA EM ISRAEL

Hamas ameaça matar reféns em resposta a bombardeios israelenses

O Irã, que mantém estreitas relações com o Hamas e foi um dos primeiros países a aplaudir a ofensiva do grupo islamita, rejeitou as acusações sobre seu papel na operação

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AFP

Publicado em 09/10/2023 às 21:57
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O grupo islamita palestino Hamas ameaçou, nesta segunda-feira (9), matar os reféns capturados no sábado, no primeiro dia de sua inédita ofensiva contra Israel, em resposta aos bombardeios israelenses que se multiplicam desde então contra a Faixa de Gaza.

A ameaça do Hamas, que controla o empobrecido enclave desde 2007, ocorre depois de Israel ordenar o "cerco completo" desse território de 360 km², onde mais de 2 milhões de palestinos vivem em condições precárias.

No sábado, o movimento islamita palestino lançou uma ofensiva-surpresa por terra, ar e mar contra Israel, que compara o ataque aos atentados terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.

Desde então, mais de 800 pessoas perderam a vida do lado israelense e mais de 2.600 ficaram feridas, segundo as autoridades. Os insurgentes do Hamas mataram até 250 pessoas que participavam de um festival de música perto do enclave palestino, segundo a ONG Zaka, que ajuda nas operações de busca dos corpos.

Do lado palestino, 687 pessoas morreram nos bombardeios israelenses e 2.900 ficaram feridas, segundo o último balanço das autoridades locais.

ATAQUE DE ISRAEL

Nesta segunda-feira, o Exército israelense anunciou que retomou o "controle" das localidades do sul invadidas por milícias do Hamas, embora tenha admitido que ainda "possa haver terroristas na região".

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pediu à população que se prepare para uma guerra "longa e difícil" e fez um chamado pela formação de um governo de "unidade nacional".

"O que o Hamas viverá será difícil e terrível (...) Vamos mudar o Oriente Médio", disse Netanyahu.

O braço armado da organização islamita respondeu em um comunicado que "cada ataque contra o nosso povo sem aviso prévio será respondido com a execução de um dos reféns civis".

"O inimigo não entende a linguagem humanitária e ética, então vamos falar com eles em um idioma que eles entendam", acrescentaram as Brigadas Ezzeldin al Qassam no comunicado.

SEQUESTROS DO HAMAS

Cerca de 150 pessoas foram sequestradas pelo grupo islamita palestino. 

Dezenas de soldados israelenses estão sendo mobilizados perto da Faixa de Gaza. O Exército também está bombardeando a região como resposta ao ataque.

O ministro israelense da Defesa, Yoav Gallant, ordenou nesta segunda-feira um "cerco completo" ao enclave.

"Estamos impondo um cerco completo a Gaza (...) nem eletricidade, nem comida, nem água, nem gás, tudo fechado", disse Gallant em um vídeo. "Estamos lutando contra animais e esta é a consequência", acrescentou.

No pequeno território, mais de 123.000 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, informou o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha) da ONU.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, expressou preocupação com a decisão israelense e lembrou que "as operações militares devem ser realizadas em conformidade com o Direito Internacional Humanitário".

O Exército também concentra seus esforços em salvar os cidadãos sequestrados pelo Hamas.

Entre os reféns há crianças e um sobrevivente do Holocausto em cadeira de rodas, asseguraram as autoridades israelenses.

Vários cidadãos de outros países, alguns com dupla nacionalidade israelense, morreram na ofensiva, entre eles 12 tailandeses, dez nepaleses e pelo menos nove americanos. Também há ao menos três brasileiros desaparecidos, segundo o governo.

Espanha, México, Alemanha e outros países também informaram que alguns de seus cidadãos haviam sido afetados pela ofensiva, sem dar mais detalhes.

SIRENES ANUNCIAM O TERROR 

Nesta segunda-feira, as sirenes também soaram em Jerusalém e no centro do país, enquanto foguetes seguiam sendo lançados de Gaza, principalmente contra o sul de Israel.

Jonathan Panikoff, diretor da iniciativa Scowcroft para a segurança do Oriente Médio, estima que "Israel foi pego desprevenido" neste ataque e "muitos israelenses não entendem como isso pôde acontecer".

O país enfrenta agora a ameaça de uma guerra em várias frentes. No domingo, o movimento libanês Hezbollah lançou projéteis contra posições israelenses em uma região fronteiriça em disputa, mostrando "solidariedade" com o Hamas.

Ainda nesta segunda, "vários suspeitos armados" que haviam se infiltrado do vizinho Líbano foram mortos pelo Exército israelense, que bombardeou a região.

Três membros do Hezbollah morreram no ataque, informou a formação pró-Irã em comunicados separados.

A Jihad Islâmica - que afirma apoiar o Hamas em sua ofensiva - reivindicou a frustrada operação de infiltração, já o Hezbollah negou qualquer envolvimento.

A ofensiva foi condenada por vários países ocidentais e, no domingo, os Estados Unidos começaram a enviar ajuda militar para Israel.

Nesta segunda, a China condenou qualquer ação que atente contra os civis e defendeu um cessar-fogo. A Rússia e a Liga Árabe, que rejeitam a violência "de ambos os lados", foram pelo mesmo caminho e anunciaram uma reunião de emergência para quarta-feira.

E a União Europeia (UE) convocou para terça-feira uma reunião de chanceleres e anunciou que revisará seus programas de assistência aos palestinos, depois de uma controvérsia sobre uma suspensão de pagamentos que provocou reações em diversas capitais do bloco.

O Irã, que mantém estreitas relações com o Hamas e foi um dos primeiros países a aplaudir a ofensiva do grupo islamita, rejeitou as acusações sobre seu papel na operação e disse que "se baseiam em motivos políticos".

Israel, que ocupa a Cisjordânia desde 1967, anexou a parte oriental de Jerusalém e impõe um bloqueio a Gaza desde que o Hamas tomou o poder no enclave em 2007. 

 

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