Suspeito de atentado em Bruxelas morre depois de ser baleado pela polícia
O governo belga ativou o centro nacional de crises e elevou a ameaça terrorista ao nível 4 ("muito grave")
A polícia de Bruxelas interceptou e matou nesta terça-feira (17) o suspeito de matar dois cidadãos suecos na segunda-feira na capital da Bélgica, um ataque que o primeiro-ministro do país condenou como um ato de "loucura terrorista".
Os policiais abriram fogo contra o suspeito, que foi "neutralizado", após uma noite de buscas intensas na capital belga. Uma fonte judicial confirmou à AFP que o homem faleceu em consequência dos tiros dos agentes das forças de segurança.
Em um comunicado, o Ministério Público belga informou que o suspeito foi identificado durante a manhã em um café, onde foi abordado por policiais, que efetuaram vários disparos, o que provocou ferimentos fatais.
Segundo o MP, os serviços de emergência tentaram reanimar o homem, mas ele foi declarado morto. Em uma entrevista coletiva, o primeiro-ministro belga, Alexander De Croo, disse que o suspeito era um tunisiano que morava no país de forma ilegal.
De Croo afirmou ainda que uma pessoa que reivindicou a autoria do ataque havia divulgado nas redes sociais um vídeo em que citava inspiração no grupo extremista Estado Islâmico (EI). "O ataque terrorista que aconteceu ontem (segunda-feira) foi cometido com total covardia. O agressor escolheu como alvos dois torcedores de futebol suecos", afirmou o chefe de Governo.
Em Estocolmo, o primeiro-ministro da Suécia, Ulf Kristerssson, advertiu que "nunca os interesses suecos estiveram tão ameaçados".
Ao comentar o ataque, Kristersson disse que era "uma tristeza inimaginável". Na Albânia, o presidente da França, Emmanuel Macron, afirmou que "todos os Estados europeus são vulneráveis" ao retorno do "terrorismo islamita".
Estado de alerta
O governo belga ativou o centro nacional de crises e elevou a ameaça terrorista ao nível 4 ("muito grave"), o maior na escala, na região de Bruxelas, e ao nível 3 ("grave") no restante do país.
Na capital do país, as sedes do Conselho Europeu e da Comissão Europeia (Executivo da UE) declararam situação de alerta e fecharam o acesso aos visitantes.
Em Estrasburgo, França. o plenário do Parlamento Europeu respeitou um minuto de silêncio em homenagem aos suecos que morreram no ataque.
O suspeito, que não teve a identidade completa revelada até o momento, era um homem de 45 anos, já conhecido da polícia de Bruxelas por "envolvimento em tráfico de seres humanos e ao menos um ataque à segurança do Estado".
O homem foi apresentado apenas como Abdesalem L. O ministro da Justiça, Vincent Van Quickenborne, revelou que em 2016 "informações não confirmadas e transmitidas por uma força policial estrangeira indicavam que ele tinha um perfil radicalizado".
"Apesar de ser conhecido por nossos serviços, não havia nenhuma informação concreta de radicalização", afirmou o ministro. O tunisiano havia apresentado uma demanda formal de asilo na Bélgica em novembro de 2019, que foi rejeitada em outubro de 2020. Ele foi eliminado dos arquivos em fevereiro de 2021 e, desde então, não era mais localizado.
O ataque aconteceu durante a noite de segunda-feira, pouco antes de uma partida de futebol entre as seleções da Bélgica e da Suécia.
O procurador-geral belga, Frédéric Van Leeuw, afirmou que o suspeito seguiu um táxi no qual viajavam os torcedores suecos, antes de abrir fogo.
De acordo com o primeiro-ministro Kristersson, um terceiro cidadão sueco ficou ferido no ataque, além do motorista do táxi.
A notícia do ataque chegou em poucos minutos ao estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, e os jogadores suecos se negaram a retornar ao gramado para o segundo tempo. O jogo, válido pelas eliminatórias para a Eurocopa de 2024, foi suspenso com o placar de 1-1.
A Suécia registra uma grave deterioração de suas relações com os países muçulmanos nos últimos meses em consequência de várias manifestações que incluíram a queima de exemplares do Alcorão.