UE pede 'corredores humanitários' e 'pausas' para enviar ajuda a Gaza
No primeiro dia de uma cúpula em Bruxelas, os governantes tiveram que superar divergências
Dirigentes dos países da União Europeia (UE) defenderam, nesta quinta-feira (26), habilitar "corredores humanitários" e implementar "pausas" que permitam enviar ajuda urgente para a população civil na Faixa de Gaza.
No primeiro dia de uma cúpula em Bruxelas, os governantes tiveram que superar divergências evidentes e encontrar uma fórmula de consenso sobre a crise humanitária no território palestino, sob bombardeio constante de Israel.
Na parte das Conclusões da Cúpula, dedicada ao conflito, os dirigentes destacaram a urgência de ajudar os civis de Gaza "por todos os meios necessários, inclusive corredores humanitários e pausas por necessidades humanitárias".
No documento, os chefes de Estado e governo da UE expressaram "sua mais viva preocupação com a degradação da situação humanitária em Gaza" e pediram "um acesso humanitário contínuo, rápido, seguro e sem obstáculos".
O texto também menciona que os mandatários apoiaram a realização de "uma conferência internacional de paz rapidamente", ideia apresentada pelo chefe do governo espanhol, Pedro Sánchez.
Os dirigentes reafirmaram o direito de Israel à autodefesa, depois do ataque mortal do grupo islamista Hamas em território israelense, em 7 de outubro, mas apontaram que este direito deve ser exercido "conforme o direito humanitário e internacional".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, saudou o acordo em uma mensagem na rede X (antigo Twitter). "A unidade é a nossa força", publicou.
PRESIDÊNCIA
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, ressaltou, durante coletiva de imprensa, que "não há contradição entre mostrar a nossa solidariedade com Israel e agir para responder às necessidades da ajuda humanitária em Gaza".
Depois do ataque do Hamas, Israel bombardeia sem trégua a Faixa de Gaza, onde o alto número de civis mortos desperta alarme da comunidade internacional.
A UE já tinha aprovado um documento, no qual manifestou o apoio explícito ao direito de Israel à autodefesa, mas respeitando o direito internacional, em especial no referente à proteção de civis.
Diante da situação dramática em Gaza, os líderes pretendem garantir que os palestinos desta região recebam ajuda humanitária urgente e negociam uma fórmula de consenso sobre a suspensão das hostilidades.
Assim, os dirigentes viram-se bloqueados em difíceis tratativas diplomáticas para expressar seu apoio a Israel e, ao mesmo tempo, se solidarizar com os civis de Gaza.
PEDIDO DA ONU
A ONU já se manifestou a favor de um "cessar-fogo" e, ao chegar nesta quinta-feira à sede da cúpula, o chefe de governo espanhol também se declarou favorável a esta solução.
"Gostaria de ver um cessar-fogo para fins humanitários. Mas se não tivermos condições para isso, pelo menos uma pausa humanitária para canalizar toda a ajuda", disse.
A reunião não abordou apenas a guerra entre Israel e o Hamas, ou a situação humanitária dramática em Gaza. O encontro também revisou, novamente, o cenário na Ucrânia, onde os combates prosseguem desde o início da ofensiva da Rússia, em fevereiro de 2022.
A discussão acontece em um momento no qual a crise no Congresso dos Estados Unidos despertou dúvidas sobre a sustentabilidade da ajuda militar de Washington a Kiev.
Na terça-feira, o chanceler alemão, Olaf Scholz, prometeu que o apoio à Ucrânia "não será afetado de forma alguma pelo fato de, desde as horríveis horas da manhã de 7 de outubro, nos concentrarmos em Israel e no Oriente Médio".
Nesse sentido, os chefes de Estado e de Governo do bloco agora analisam as possibilidades reais de utilizar fundos russos congelados da UE para a reconstrução da Ucrânia.
O governo da Eslováquia anunciou nesta quinta-feira que interromperá a ajuda militar à Ucrânia.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, participou por videoconferência de parte da cúpula e agradeceu ao apoio e corroborou os esforços para "prevenir que um incêndio ainda maior se instale no Oriente Médio".
A agenda da cúpula inclui, ainda, discussões sobre as tensões entre Sérvia e Kosovo, assim como a crise entre Armênia e Azerbaijão e a política migratória comum.