Hamas afirma que bombardeios israelenses mataram cerca de 50 reféns
Em Israel, 1.400 pessoas, de acordo com as autoridades locais, morreram desde o início da guerra
O Hamas anunciou nesta quinta-feira (26) que cerca de 50 reféns morreram em Gaza por causa dos bombardeios de Israel, que realizou uma incursão de tanques no enclave palestino com vistas a invadi-lo.
Segundo o Hamas, no poder na Faixa de Gaza, cerca de 7.000 pessoas morreram nos bombardeios israelenses desde 7 de outubro, a maioria civis, incluindo 2.913 crianças.
Em Israel, 1.400 pessoas, de acordo com as autoridades locais, morreram desde o início da guerra, inclusive mil civis que perderam a vida no dia do ataque do Hamas ao território israelense.
A comunidade internacional teme as consequências de uma possível ofensiva terrestre de Israel no enclave palestino, onde a ajuda internacional mal chega aos 2,4 milhões de habitantes, que vivem sitiados em condições humanitárias desastrosas.
Os governantes europeus, reunidos em uma cúpula em Bruxelas, expressaram hoje preocupação com a degradação da situação humanitária em Gaza e defenderam a habilitação de corredores humanitários e a adoção de "pausas" para atender às necessidades da população.
Os 27 países-membros do bloco também se declararam favoráveis à organização de uma "conferência internacional de paz", que seria realizada "em breve".
Em 7 de outubro, centenas de milicianos do movimento islamista se infiltraram no território israelense a partir da Faixa de Gaza em um ataque com uma violência e uma proporção sem precedentes desde a criação do Estado de Israel, em 1948.
Segundo o Exército israelense, 224 reféns israelenses, com dupla nacionalidade ou estrangeiros foram capturados neste ataque pelo Hamas, que até agora libertou quatro mulheres.
Nesta quinta, o movimento islamista publicou os nomes de mais de 6.700 pessoas em seu balanço de mortos, um dia depois de o presidente americano, Joe Biden, questionar a confiabilidade destes números.
O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional da Casa Branca, John Kirby, consultado a respeito, disse que não "responderia" ao fato de milhares de palestinos terem morrido, mas acrescentou: "Não deveríamos confiar" nos dados divulgados pelo Ministério da Saúde do Hamas.
OPERAÇÃO EM GAZA
Na madrugada desta quinta-feira, "o Exército realizou uma operação seletiva com tanques no norte da Faixa de Gaza, indicou um comunicado militar.
Imagens de vídeo em preto e branco divulgadas pelo Exército mostraram uma coluna de veículos blindados e niveladoras que atravessam o que parece ser uma cerca fronteiriça.
A AFP identificou o local ao sul da cidade israelense de Ascalão, mas não conseguiu determinar quando o vídeo foi gravado.
A provável ofensiva terrestre israelense preocupa seriamente a comunidade internacional, que teme um aumento dramático do número de vítimas civis na Faixa de Gaza.
Israel somou à sua campanha de bombardeios um "bloqueio total" desse enclave, de 362 quilômetros quadrados e mais de 2,3 milhões de habitantes privados do fornecimento de água, comida e eletricidade.
Ali, bairros inteiros foram arrasados, os médicos estão sobrecarregados nos hospitais atendendo feridos e são obrigados a operar sem anestesia.
Nesta quinta, uma adolescente foi retirada dos escombros em Khan Yunis, cidade do sul de Gaza, após 35 horas soterrada.
"Aonde formos, morreremos", afirmou Rahma Saqallah, antes de voltar com a filha caçula para Gaza, procedente de Khan Yunis. Ela havia fugido para o sul do território com o marido e os quatro filhos, obedecendo à ordem de evacuação do norte dada por Israel, mas todos os outros membros de sua família acabaram morrendo em um bombardeio.
"Nenhum lugar é seguro em Gaza", afirmou Lynn Hastings, coordenadora de assuntos humanitários da ONU para os territórios palestinos.
Cerca de 1,4 milhão de pessoas, mais da metade da população da Faixa de Gaza, foram deslocadas fugindo dos bombardeios israelenses, segundo a ONU.
TRÉGUA
Biden pediu ontem a Israel que "proteja os civis inocentes" em sua campanha contra o Hamas. "Quando terminar a crise, tem que haver uma visão do que virá depois", acrescentou, reiterando seu apoio a uma solução de dois Estados, um palestino e outro israelense.
O presidente francês, Emmanuel Macron, advertiu no Cairo que "uma intervenção maciça que põe em perigo a vida da população civil é um erro".
Para Washington, um cessar-fogo "neste momento só beneficiaria o Hamas", classificado como organização terrorista por Estados Unidos, UE e Israel. A Casa Branca sugeriu, ao contrário, a adoção de "pausas" para facilitar a chegada de ajuda humanitária ao território.
Menos de 70 caminhões com ajuda entraram no enclave desde o início da guerra.
Israel impediu a entrada de combustível temendo que o Hamas o use em foguetes e explosivos, mas os órgãos de socorro advertem que mais pessoas morrerão sem combustível porque não poderão usar equipamentos médicos, plantas de dessalinização de água e ambulâncias.
A guerra também despertou temores de uma conflagração regional. O movimento Hezbollah, baseado no Líbano, lançou ontem um míssil contra um drone israelense.
Hamas, Hezbollah e o governo da Síria são apoiados pelo Irã, que rejeita a existência do Estado de Israel.
O rei jordaniano, Abdullah II, alertou que a violência poderia "conduzir a uma explosão" regional.
A violência também cresceu na Cisjordânia ocupada, onde mais de 100 palestinos morreram desde 7 de outubro, segundo autoridades sanitárias palestinas.