França e Espanha pedem 'trégua humanitária' em Gaza após cúpula da UE
Os líderes europeus pediram a implementação de "corredores humanitários" e a adoção de "pausas por necessidades humanitárias"
França e Espanha pediram, nesta sexta-feira (27), uma "trégua humanitária" para proteger os civis na Faixa de Gaza diante dos bombardeios israelenses e da libertação de reféns detidos pelo grupo islamista palestino Hamas.
"Acreditamos que agora é necessário uma trégua humanitária capaz de proteger aqueles que estão no terreno e sofreram bombardeios", disse o presidente francês, Emmanuel Macron, em Bruxelas, no final de uma cúpula de líderes da União Europeia (UE).
O chefe de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, indicou que o seu país defendeu a ideia de "um cessar-fogo humanitário". "Por uma questão de consenso, reduzimos isso para uma terminologia que provavelmente desfrutará de maior consenso", disse ele.
Os líderes europeus pediram, na quinta-feira, a implementação de "corredores humanitários" e a adoção de "pausas por necessidades humanitárias", em uma formulação que consumiu longas negociações.
Após o ataque do grupo islamista Hamas ao território israelense, em 7 de outubro, Israel iniciou uma retaliação mortal contra a Faixa de Gaza, onde o alto número de mortes de civis suscitou o alarme internacional.
A formulação acordada na quinta-feira foi a saída encontrada para um entendimento entre os países da UE que apoiam firmemente Israel e aqueles que manifestaram preocupação com a situação dos civis em Gaza.
Durante mais de uma semana, os rascunhos do texto acordado mencionaram uma "pausa humanitária", no singular, embora no final o documento tenha optado por uma formulação diferente.
Na parte das Conclusões da cúpula, dedicadas ao conflito, os líderes da UE salientaram a urgência de ajudar os civis de Gaza "por todos os meios necessários, incluindo corredores humanitários e pausas para necessidades humanitárias".
"Tivemos um debate muito longo sobre o plural ou o singular", admitiu Macron nesta sexta-feira, após o final da cúpula.
Pedro Sánchez observou que havia uma "dúvida legítima" sobre se Israel estava respeitando o direito humanitário internacional nos seus bombardeios e no bloqueio praticamente total de Gaza.
Para o presidente espanhol, as imagens que mostram civis de Gaza sofrendo as consequências dos bombardeios, incluindo crianças, são "absolutamente inaceitáveis".
Sánchez insistiu na ideia de uma conferência internacional de paz para resolver o conflito entre israelenses e palestinos, que foi apoiada por toda a UE.
Entre os líderes que mais se mantiveram firmes na defesa de Israel, destacou-se o chefe do governo alemão, Olaf Sholz, que insistiu na necessidade de fazer "tudo para apoiar o direito de Israel se defender".
O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou que na cúpula a UE se mostrou um bloco unido e "muito firme".
"Devemos ser muito claros: isso significa que é extraordinariamente urgente, importante e essencial que a ajuda humanitária possa chegar" aos civis de Gaza, disse ele.