Hamas diz travar combates violentos com tropas israelenses em Gaza
A comunidade internacional manifestou preocupação pela situação humanitária no território, bombardeado e assediado por Israel em resposta ao ataque letal lançado dali pelo Hamas em 7 de outubro
Da AFP
O braço armado do movimento islamista palestino Hamas informou, na noite desta sexta-feira (27), que travava violentos combates contra tropas israelenses dentro da Faixa de Gaza, depois que Israel anunciou ter ampliado suas operações terrestres no território palestino.
"Estamos enfrentando uma incursão terrestre israelense em Beit Hanoun [norte da Faixa de Gaza] e no leste de Barueij [centro] e há confrontos violentos no terreno", informaram, em um comunicado, as brigadas Ezzedine al-Qassam, braço armado do Hamas, que governa Gaza.
O porta-voz militar israelense, major Nir Dinar, disse à AFP que "nossas tropas estão operando dentro de Gaza, como fizeram ontem".
A comunidade internacional manifestou preocupação pela situação humanitária no território, bombardeado e assediado por Israel em resposta ao ataque letal lançado dali pelo Hamas em 7 de outubro.
A Assembleia Geral da ONU aprovou uma resolução que pede uma "trégua humanitária imediata", enquanto Israel considerou essa resolução uma "infâmia".
O Hamas, que havia pedido à comunidade internacional que se mobilizasse "para que cessem os crimes e os massacres" israelenses, comemorou a resolução.
Já os Estados Unidos se manifestaram a favor de uma "pausa humanitária" para deixar entrar ajuda em Gaza.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, advertiu que, "sem uma mudança fundamental da situação, a população de Gaza sofrerá uma avalanche de sofrimento humano sem precedentes".
A guerra começou em 7 de outubro com a incursão de combatentes do Hamas que, segundo Israel, mataram mais de 1.400 pessoas no sul do país, em sua maioria civis, e sequestraram mais de 220, que foram levadas como reféns a Gaza.
Em represália, Israel desencadeou uma campanha de bombardeios incessantes, que, segundo o Hamas, deixaram mais de 7.300 mortos, entre eles mais de 3.000 crianças.
Além disso, o grupo islamista afirmou que "cerca de 50" reféns morreram em bombardeios israelenses.
Israel também impôs um cerco praticamente total a esse território de 362 km² e mais de 2,3 milhões de habitantes.
Israel intensifica os bombardeios
O Exército israelense indicou que aumentou os bombardeios "de maneira muito significativa" e anunciou que "ampliará suas operações terrestres esta noite", após duas noites seguidas de incursões de tanques na Faixa.
Os bombardeios se concentraram particularmente na Cidade de Gaza, ao norte da Faixa, segundo vídeos da AFP.
"Se [o primeiro-ministro israelense, Benjamin] Netanyahu decidir entrar em Gaza esta noite, a resistência está preparada", declarou no Telegram um dirigente do Hamas, Ezzat al Risheq. "A terra de Gaza engolirá os corpos dos soldados" israelenses, acrescentou.
O Hamas afirmou também que Israel "cortou as comunicações e a maior parte da internet", "para cometer massacres com bombardeios de represália por ar, terra e mar".
Milhares de pessoas se manifestaram nesta sexta-feira na Cisjordânia ocupada e em vários países árabes em apoio aos palestinos de Gaza.
Equipe da Cruz Vermelha
Nesta sexta-feira (27), um equipe da Cruz Vermelha entrou pela primeira vez na Faixa de Gaza desde o início da guerra. Seis médicos acompanhados de seis caminhões de ajuda ingressaram no território, indicou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Desde 21 de outubro, algo em torno de 70 caminhões entraram na Faixa vindos do Egito, indicou na quinta-feira o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
Essa quantidade, no entanto, é considerada insuficiente pela organização, que reivindica especialmente combustível para fazer a infraestrutura de saúde funcionar.
Antes do "cerco total" imposto por Israel em 9 de outubro, cerca de 500 caminhões chegavam à Faixa diariamente.
"Muitos mais vão morrer em breve por consequência do cerco imposto à Faixa de Gaza" por Israel, afirmou Philippe Lazzarini, comissário-geral da agência da ONU para os refugiados palestinos (UNRWA).
Alvos do Hamas destruídos
A Infantaria israelense lançou na madrugada de quinta para sexta uma "incursão seletiva no setor central da Faixa de Gaza", apoiada por "caças e drones", antes de abandonar o território, anunciaram as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês).
Nesta operação, acrescentaram as IDF, houve bombardeios contra alvos do Hamas "em toda a Faixa de Gaza" e foram destruídas rampas de lançamento de foguetes e centros de comando do Hamas.
O Exército de Israel acusou o movimento palestino de usar hospitais em Gaza como centros de operações para realizar ataques.
O Hamas respondeu imediatamente, afirmando que se tratavam de acusações "totalmente infundadas".
Quase 1,4 milhão de pessoas fugiram nas últimas semanas para o sul da Faixa, mas cerca de 30 mil retornaram para o norte nos últimos dias, segundo a ONU.
"Voltamos para morrer nas nossas casas. Será mais digno", disse Abdallah Ayyad, que retornou para a Cidade de Gaza com sua mulher e cinco filhas.
Escalada regional
A guerra despertou temores de uma conflagração regional. O Irã, um poderoso apoiador do Hamas, lançou várias advertências aos Estados Unidos, aliado incondicional de Israel.
A tensão também está aumentando na Cisjordânia ocupada, assim como na fronteira norte de Israel com o Líbano, onde ocorrem diariamente trocas de disparos entre o movimento Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense.
Mais de 100 palestinos morreram na Cisjordânia em ataques e confrontos com o Exército israelense desde 7 de outubro, segundo o Ministério da Saúde palestino.