ECONOMIA

ONU afirma que financiamento para adaptação climática caiu 15% em 2021

As medidas destinadas a reduzir a exposição e vulnerabilidade dos países e populações ante os efeitos da mudança climática são um ponto importante do Acordo de Paris

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AFP

Publicado em 02/11/2023 às 13:18 | Atualizado em 02/11/2023 às 13:23
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O financiamento para a adaptação climática dos países em desenvolvimento caiu 15% em 12 meses em 2021, segundo a ONU, que considera que este número demonstra que a luta contra o aquecimento global está estagnada.

"Os avanços em matéria de adaptação climática estão diminuindo em todos os âmbitos, embora devessem estar aumentando para fazer frente às consequências cada vez mais graves da mudança climática", afirma o relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

"Como resultado das crescentes necessidades de financiamento para a adaptação e dos flutuantes fundos de investimento, o atual déficit de financiamento para a adaptação é estimado entre 194 bilhões e 366 bilhões de dólares anuais (973 bilhões a 1,83 trilhão de reais na cotação atual)", acrescentou.

Segundo a ONU, "os fluxos de financiamento público multilateral e bilateral para a adaptação dos países em desenvolvimento diminuíram 15%, para 21 bilhões de dólares em 2021 (118 bilhões de reais na cotação da época)".

Os custos da adaptação nos países em desenvolvimento são estimados em 215 bilhões de dólares anuais (1,07 trilhão de reais na cotação atual) para o período 2021-2030, enquanto que o financiamento necessário é estimado em 387 bilhões de dólares anuais (1,94 trilhão de reais).

O PNUMA indica que "as necessidades de financiamento para a adaptação dos países em desenvolvimento equivalem a um valor entre 10 e 18 vezes maior que os fundos públicos internacionais".

 


No informe Lacuna de Adaptação 2023, a ONU identifica sete caminhos para aumentar o financiamento, entre eles o gasto nacional e o financiamento procedente do setor privado e da comunidade internacional, as remessas, o aumento e a adaptação do financiamento destinado a pequenas e médias empresas e uma reforma da arquitetura financeira internacional.

Além disso, o PNUMA afirma que o novo fundo de perdas e danos "terá que avançar para mecanismos de financiamento mais inovadores para alcançar a quantidade de investimentos necessária".

Para o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, o déficit de financiamento mostra que a luta contra a mudança climática "estagnou".

Segundo o PNUMA, o déficit aumentou, inclusive, apesar das promessas feitas durante a COP26 em Glasgow de dobrar os financiamentos de adaptação entre 2019 e 2025, o que constitui um "precedente preocupante".

As medidas destinadas a reduzir a exposição e vulnerabilidade dos países e populações ante os efeitos da mudança climática são um ponto importante do Acordo de Paris para conter o aquecimento global "abaixo de 2 °C em relação aos níveis pré-industriais".

Muitas economias em desenvolvimento, que são as menos responsáveis pelas emissões de gases de efeito estufa, estão entre as mais expostas aos efeitos dramáticos e destruidores do aquecimento global: fenômenos meteorológicos extremos, enchentes, incêndios, secas, etc.

"Esta incapacidade de se adaptar de maneira adequada intensifica a crise climática e tem consequências maciças nos danos que provoca, especialmente para os mais vulneráveis", afirmam os autores do relatório.

"As 55 economias mais vulneráveis do ponto de vista climático já sofreram danos de mais de 500 bilhões de dólares (2,5 trilhões de reais) durante os últimos dois anos", concluem. 

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