GUERRA EM ISRAEL

Hamas liberta vários reféns em primeiro dia de trégua em Gaza

No sul da Faixa de Gaza, milhares de pessoas que tinham fugido para áreas próximas da fronteira com o Egito se preparavam para voltar para casa.

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AFP

Publicado em 24/11/2023 às 21:39
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O movimento islamista palestino Hamas libertou, nesta sexta-feira (24), o primeiro grupo de reféns capturados em Israel em 7 de outubro, no âmbito de um acordo que estabelece uma trégua temporária na Faixa de Gaza, devastada pelos bombardeios israelenses.

Um total de 24 reféns, entre eles 13 israelenses, dez tailandeses e um filipino, foram entregues pelo Hamas ao Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), anunciou o Catar, um dos principais mediadores do conflito.

Em troca, Israel liberou "39 mulheres e crianças detidas" em suas prisões, acrescentou o emirado, que negociou o acordo ao lado de Estados Unidos e Egito. Segundo o CICV, essas pessoas devem ser enviadas para a Cisjordânia, um território ocupado por Israel desde 1967.

ISRAELENSES DE VOLTA AO PAÍS

Os 13 reféns israelenses já estão em seu país e realizaram os primeiros "exames médicos" previstos, confirmou o Exército. Entre eles, há quatro crianças e seis mulheres, segundo uma lista oficial.

O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que seu objetivo era liberar os quase 240 reféns capturados pelo Hamas em seu ataque contra Israel em 7 de outubro, no qual os milicianos mataram 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades.

"Estamos decididos a trazer de volta todos os nossos reféns", frisou Netanyahu no primeiro dia de uma trégua de quatro dias na Faixa de Gaza.

Em resposta ao ataque do Hamas, Israel efetua bombardeios incessantes contra o pequeno território palestino. O grupo islamista, que governa a Faixa de Gaza desde 2007, afirma que 14.854 pessoas morreram até agora.

Em consequência do acordo assinado na quarta-feira, Israel deve liberar três palestinos para cada refém. No total, espera-se a liberação de 50 reféns.

GUERRA NÃO TERMINOU


Para o presidente dos Estados Unidos Joe Biden, a liberação de reféns desta sexta "é apenas o começo" e há "chances reais" de estender o cessar-fogo em Gaza.

A trégua constitui o primeiro sinal de distensão após 49 dias de guerra e oferece um momento de tranquilidade aos mais de 2 milhões de habitantes de Gaza.

Na Cisjordânia ocupada, cenas de alegria acompanharam o retorno dos prisioneiros libertados, recebidos como "heróis" em algumas regiões, como em Beitunia ou mais ao norte, no campo de refugiados de Nablus.

Em Tel Aviv, os rostos sorridentes dos reféns libertados eram projetados na fachada do Museu de Arte, com a frase "Estou de volta em casa". No entanto, muitos familiares pensavam naqueles que ainda estavam retidos em Gaza.

"A cada dia, teremos 13 pessoas liberadas, e depois? Ainda teremos 190 pessoas em Gaza, o que será delas?", questionou Harosh Menashe, um homem de 67 anos, cujo primo está entre os reféns.

No sul da Faixa de Gaza, milhares de pessoas que tinham fugido para áreas próximas da fronteira com o Egito se preparavam para voltar para casa. Entre eles estava Omar Jibrin, um jovem de 16 anos.

Minutos depois do início da trégua, o adolescente saiu de um hospital do sul do território onde havia se refugiado com oito parentes. "Vou para casa", disse à AFP.

O Exército israelense, no entanto, lançou panfletos alertando que "a guerra" não havia "acabado" e que retornar ao norte estava "proibido" e era "muito perigoso".

As autoridades israelenses disseram que os combates "vão continuar" assim que a trégua terminar. "Tomar o controle do norte da Faixa de Gaza é a primeira etapa de uma longa guerra e nos preparamos para as fases seguintes", disse o porta-voz do Exército Daniel Hagari.

Além dos bombardeios, Israel lançou, em 27 de outubro, uma operação terrestre em Gaza com o objetivo de "aniquilar" o Hamas, classificado como organização terrorista por Estados Unidos e União Europeia.

No sul de Israel, quinze minutos após o início da trégua, as sirenes de alerta antiaéreo foram ativadas em várias localidades próximas à fronteira com Gaza, disse o Exército sem dar mais detalhes.

200 CAMINHÕES DE AJUDA HUMANITÁRIA

Israel divulgou uma lista de 300 palestinos (33 mulheres e 267 menores de 19 anos) que podem ser soltos. Entre eles, há 49 membros do Hamas.

A comunidade internacional celebrou o acordo e acredita que é um primeiro passo para um cessar-fogo duradouro.

Os bombardeios devastaram a Faixa de Gaza e deslocaram 1,7 dos seus 2,4 milhões de habitantes, segundo a ONU, que denuncia uma grave crise humanitária.

Desde 9 de outubro, a população está submetida a um "cerco total" por parte de Israel, que cortou o abastecimento de comida, água, eletricidade e medicamentos.

APOIO DO CATAR

Segundo o Catar, a trégua deve permitir a entrada de "um maior número de comboios humanitários e de ajuda, incluindo combustível".

Nesta sexta-feira, 200 caminhões com ajuda entraram em Gaza, de acordo com o Ministério de Defesa israelense, responsável pelos assuntos civis no território palestino.

Por sua vez, o Escritório de Coordenação para Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) assinalou que os caminhões que chegaram nesta sexta representam "o maior comboio humanitário" a entrar no pequeno território palestino desde o início da guerra.

É o maior "comboio humanitário recebido desde 7 de outubro" na Faixa de Gaza, acrescentou.

A guerra também chega à fronteira norte de Israel, onde, nas últimas semanas, foram registradas trocas de disparos quase que diárias entre o Exército israelense e o movimento libanês Hezbollah, aliado do Hamas.

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