GUERRA EM ISRAEL

Exército israelense amplia ofensiva terrestre no sul da Faixa de Gaza

Israel, que em 27 de outubro iniciou uma ofensiva terrestre no norte de Gaza, estendeu suas operações para todo o território de quase 2,4 milhões de habitantes

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AFP

Publicado em 05/12/2023 às 22:22
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O Exército israelense realizou, nesta terça-feira (5), operações terrestres na cidade de Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza, dando sequência à sua guerra contra o Hamas e gerando temores de um "cenário ainda mais infernal" para os civis presos em uma pequena área do território palestino, segundo a ONU.

"Estamos agora no coração de Jabaliya, no coração de Shejaiya [no norte da Faixa] e agora também no coração de Khan Yunis", indicou o major-general Yaron Finkelman, chefe do Comando Sul do Exército israelense, ao citar o "dia mais intenso desde o início da operação terrestre" em Gaza.

AMPLIAÇÃO DAS OPERAÇÕES

Israel, que em 27 de outubro iniciou uma ofensiva terrestre no norte de Gaza, estendeu suas operações para todo o território de quase 2,4 milhões de habitantes, cerca de dois meses depois do início da guerra desencadeada em 7 de outubro pelo ataque do Hamas ao sul de Israel.

Os bombardeios no sul de Gaza foram iniciados em 1º de dezembro após o fim de uma trégua de sete dias. Centenas de milhares de civis se refugiaram nesse setor e vivem abrigados em refúgios improvisados, escolas ou tendas provisórias.

Atualmente, estão presos em um perímetro cada vez mais reduzido na tentativa de escapar das bombas.

'CENÁRIO INFERNAL'


A pé, de moto ou com seus pertences amarrados no teto de carros, muitos civis fugiram nesta terça-feira de Khan Yunis em direção à cidade de Rafah, perto da fronteira com o Egito, segundo imagens da AFP.

Os bombardeios na madrugada deixaram dezenas de mortos na Faixa de Gaza, indicou o serviço de imprensa do movimento islamista Hamas, no poder em Gaza desde 2007.

Um desses bombardeios matou 25 pessoas em uma escola de Khan Yunis que abrigava deslocados, indicou o Ministério da Saúde do Hamas.

"Pelo menos 60 mil pessoas a mais se viram obrigadas a fugir para abrigos já superlotados", informou na segunda-feira o diretor da Agência da ONU para os Refugiados Palestinos (Unrwa), Philippe Lazzarini.

Segundo a Unicef, a agência da ONU para a infância, é "impossível" implementar zonas seguras como as delimitadas por Israel.

"Um cenário ainda mais infernal está a ponto de virar realidade", alertou a coordenadora humanitária da ONU para os Territórios Palestinos, Lynn Hastings.

COMBATES NO NORTE


Os bombardeios e os combates continuaram no norte da Faixa, onde o Exército anunciou ter "tomado o controle de posições importantes" do Hamas.

O Exército israelense realizou operações "na área de Jabaliya", o maior acampamento de refugiados palestinos da Faixa de Gaza.

O braço armado do Hamas anunciou que disparou uma série de foguetes em direção a Beersheva, uma cidade no deserto de Negev, no sul de Israel.

Segundo o escritório de imprensa do Hamas, um total de 16.248 pessoas, 70% delas mulheres e crianças, morreram em Gaza desde o início da guerra.

Em Israel, o ataque dos combatentes islamistas de 7 de outubro matou cerca de 1.200 pessoas, a maioria civis, segundo as autoridades israelenses.

Israel prometeu destruir o movimento islamista, classificado como uma organização terrorista por Estados Unidos, União Europeia e Israel.

MORTES DE SOLDADOS

O Exército anunciou nesta terça-feira que 82 soldados morreram em Gaza desde o início da ofensiva terrestre.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, indicou que 138 reféns sequestrados em Israel pelo Hamas seguem retidos em Gaza, após adicionar à lista uma pessoas até então considerada desaparecida.

A chefe de Medicinal Geral do Ministério da Saúde israelense afirmou que o Hamas drogou os reféns com calmantes antes de libertá-los para que parecessem "tranquilos" e "felizes".

TENSÕES DO CONFLITO


Uma semana de trégua, de 24 de novembro a 1º de dezembro, permitiu a libertação de 105 reféns, entre eles 80 israelenses que foram trocados por 240 palestinos que estavam presos em prisões em Israel.

Segundo a ONU, 1,8 milhão dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza tiveram que deixar suas casas por causa da guerra. Os ataques destruíram ou danificaram mais da metade das residências desse território de 362 km².

As necessidades são imensas no território palestino, submetido a um cerco total implementado por Israel desde 9 de outubro que provocou uma grave escassez de água, alimentos, medicamentos, energia e combustível.

A ajuda humanitária, com a exceção dos sete dias de trégua, chega a conta-gotas desde o Egito e depende da autorização de Israel para entrar em Gaza.

A empresa palestina Paltel informou na segunda-feira que "todos os serviços de telecomunicações na Faixa de Gaza" foram interrompidos. No entanto, nesta terça-feira, indicou que os serviços estavam sendo restabelecidos "progressivamente".

A guerra em Gaza também reascendeu a tensão na fronteira entre Israel e Líbano, onde há troca de tiros diários entre o Exército israelense e o Hezbollah xiita libanês, aliado do Hamas.

Um soldado libanês morreu e outros três ficaram feridos nesta terça-feira em um bombardeio israelense contra uma posição militar no sul do Líbano, indicou o Exército deste país.

CISJORDÂNIA

Na Cisjordânia ocupada, onde a violência aumentou desde o início da guerra entre Israel e Hamas, um palestino morreu nesta terça-feira em uma operação do Exército israelense, segundo as autoridades palestinas e uma ONG.

Desde o ataque de 7 de outubro, pelo menos 255 palestinos foram abatidos pelo Exército ou por colonos israelenses, segundo a Autoridade Palestina.

Os Estados Unidos anunciaram que irão impor sanções restritivas de visto a colonos judeus acusados de ataques contra palestinos, em uma tentativa de frear a violência nos territórios que Israel ocupa na Cisjordânia desde 1967.

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