GUERRA

Israel segue bombardeando Gaza e diz que não vai parar até 'desmilitarizar' o território

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 241 pessoas morreram nas últimas 24 horas em bombardeios israelenses

Imagem do autor
Cadastrado por

AFP

Publicado em 26/12/2023 às 21:43
Notícia
X

Israel prosseguiu com os bombardeios na Faixa de Gaza nesta terça-feira (26), depois de anunciar que pretende intensificar ainda mais sua ofensiva, até "desmilitarizar" e "desradicalizar" o território palestino governado pelo movimento islamista Hamas.

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, 241 pessoas morreram nas últimas 24 horas em bombardeios israelenses.

Em Khan Yunis, no sul de Gaza, era possível observar a fumaça provocada pelos bombardeios.

O Exército israelense anunciou que visou, nas últimas horas, a mais de 100 alvos, incluindo acessos a túneis e posições militares do Hamas, em particular em Jabalia, no norte, e em Khan Yunis.

"O Hamas deve ser destruído, Gaza deve ser desmilitarizada, e a sociedade palestina deve ser desradicalizada. Estes são os três requisitos para a paz entre Israel e seus vizinhos palestinos em Gaza", escreveu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, em um artigo publicado no Wall Street Journal.

O chefe do Estado-Maior do Exército israelense, Herzi Halevi, afirmou que a guerra "continuará por vários meses" e que Israel buscará "preservar [seus] ganhos por muito tempo".

Na segunda-feira, durante uma visita às suas tropas em Gaza, Netanyahu anunciou que Israel estava prestes a "intensificar os combates nos próximos dias".

A Faixa de Gaza, submetida a um cerco total por parte de Israel desde 9 de outubro, estava ainda mais isolada do resto do mundo nesta terça, devido a um novo corte nas telecomunicações fixas e na Internet, causado pela "continuação da agressão", indicou a companhia palestina de telecomunicações.

A guerra obrigou 1,9 milhão de pessoas, ou seja, 85% da população de Gaza, a deixar suas casas, segundo a ONU.

Relatos comoventes

Segundo o Ministério da Saúde do Hamas, ao todo, 20.915 pessoas, a maioria mulheres e menores de idade, morreram desde o começo das operações israelenses em Gaza, em 7 de outubro.

Israel iniciou sua ofensiva após uma incursão de combatentes islamistas que resultou na morte de 1.140 pessoas no sul do país, a maioria civis, de acordo com balanço da AFP baseado em dados israelenses.

O Hamas também sequestrou mais de 240 pessoas, das quais 129 permanecem em cativeiro em Gaza.

O Exército israelense informou que 158 militares morreram desde o início de sua ofensiva terrestre, em 27 de outubro.

A Organização Mundial de Saúde (OMS), cujos funcionários visitaram na segunda-feira o hospital de Deir al Balah, no centro de Gaza, após o bombardeio a um campo de refugiados próximo, registrou "relatos comoventes" de famílias inteiras dizimadas, indicou o diretor-geral dessa agência da ONU, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

O bombardeio de domingo contra o acampamento de Al Maghazi matou 70 pessoas, segundo o Hamas. O Exército israelense disse que estava "investigando o incidente".

A entrada de ajuda humanitária em Gaza não aumentou de maneira significativa, apesar da aprovação na sexta-feira, no Conselho de Segurança da ONU, de uma resolução que pede o envio "imediato, em grande escala e sem obstáculos" de material.

A ONU anunciou nesta terça-feira a nomeação da atual ministra neerlandesa de Finanças, Sigrid Kaag, para o cargo de coordenadora da entrega de assistência humanitária para o território palestino.

Pressão em Israel

Em Israel, a pressão aumenta para obter a libertação dos reféns. Parentes das pessoas sequestradas interromperam na segunda-feira o discurso de Netanyahu durante uma sessão especial do Parlamento, com gritos de "agora, agora", depois que o chefe de Governo afirmou que precisa de mais tempo.

"E se fosse o seu filho?", "80 dias, cada minuto é o inferno", afirmavam os cartazes dos manifestantes.

O Hamas, considerado um grupo terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia, exige o fim dos combates antes de iniciar novas negociações sobre uma troca de reféns por prisioneiros palestinos.

Os países mediadores, Egito e Catar, tentam obter uma nova trégua, depois da pausa do fim de novembro que permitiu a libertação em uma semana de 105 reféns em troca de 240 presos palestinos em Israel, além da entrada em Gaza de ajuda humanitária procedente do território egípcio.

Nesta terça-feira, o Exército israelense devolveu 80 corpos de palestinos mortos na guerra, retirados de valas comuns ou necrotérios de hospitais em Gaza para verificar que não se tratava de reféns.

Bombardeios dos EUA no Iraque

Os temores de que o conflito provoque uma escalada regional também aumentaram.

Os rebeldes huthis do Iêmen, apoiados pelo Irã, informaram que realizaram o disparo de um míssil contra um navio cargueiro no Mar Vermelho e um ataque com drones contra Israel.

Horas depois, o Pentágono anunciou que o Exército americano derrubou uma dúzia de drones e cinco mísseis disparados pelos huthis contra embarcações no Mar Vermelho.

Enquanto isso, a fronteira entre Líbano e Israel registra trocas de disparos quase diárias entre o grupo Hezbollah, aliado do Hamas, e o Exército israelense. Nove soldados israelenses ficaram feridos nesta terça-feira em uma dessas trocas de agressões.

Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira que bombardearam três posições de grupos pró-Irã no Iraque. O governo iraquiano denunciou um "ato hostil" que matou um integrante das forças de segurança e deixou 18 feridos.

O Irã acusou Israel pela morte, ontem, de um militar do alto escalão em um ataque com mísseis na Síria.

Tags

Autor