BOMBARDEIO

Explosões no Irã matam mais de 100 em procissão ao túmulo de general e líder do país promete "uma resposta forte"

O caso está sendo tratado como "ataque terrorista" pelas autoridades iranianas, mas nenhum grupo extremista reivindicou sua autoria

Imagem do autor
Cadastrado por

Estadão Conteúdo

Publicado em 03/01/2024 às 22:44
Notícia
X

Duas explosões mataram, nesta quarta-feira (3), 103 pessoas e feriram outras 170 em Kerman, no Irã. A multidão se aglomerava em uma procissão perto do túmulo do general Qassim Suleimani, considerado um herói nacionalista que foi morto aos 62 anos em um ataque de drone dos EUA no aeroporto de Bagdá, em 2020.

O caso está sendo tratado como "ataque terrorista" pelas autoridades iranianas, mas nenhum grupo extremista reivindicou sua autoria. Especialistas também descartaram que o atentado tenha relação com a guerra em Gaza ou esteja ligado à morte de Saleh al-Arouri, um dos líderes do Hamas, assassinado por Israel no Líbano, na terça-feira.

REAÇÃO

O principal suspeito, por enquanto, é o Estado Islâmico. Em setembro, a agência de notícias Fars informou que um importante "agente" afiliado ao grupo sunita, encarregado de realizar "operações terroristas" no Irã, havia sido preso em Kerman. Em 2017, cinco terroristas do EI atacaram o prédio do Parlamento iraniano, em Teerã, e o mausoléu de Ruhollah Khomeini, matando 17 civis e ferindo 43. Teerã alegou ter impedido outros ataques do EI no país.

No atentado de ontem, segundo autoridades iranianas, duas bombas foram colocadas em sacolas ao longo de uma estrada que segue em direção ao cemitério de Kerman. Segundo a agência Tasnim, ligada à Guarda Revolucionária, os explosivos foram detonados por controle remoto, deixando pedaços de corpos espalhados pelo chão.

A primeira explosão ocorreu a cerca de 700 metros do túmulo de Suleimani e a outra bomba, a 300 metros de distância, foi detonada 15 minutos depois. Ela foi a mais letal, já que matou muitas pessoas que tentavam socorrer os feridos da primeira explosão.

INTENSIDADE

Explosões duplas, de acordo com especialistas, são uma tática comum entre grupos terroristas que operam no Afeganistão, no Iraque e no Líbano. Elas têm como objetivo infligir mais danos a indivíduos que ajudam os atingidos pela primeira explosão.

O presidente iraniano, Ebrahim Raisi, condenou o atentado e disse que os autores "do ato covarde em breve serão identificados e castigados por pelas capazes forças de segurança". "Os inimigos do país devem saber que tais ações nunca poderão perturbar a sólida determinação do Irã", disse Raisi.

O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, emitiu uma declaração culpando os "inimigos maliciosos e criminosos" do Irã pelo ataque, mas não chegou a nomear nenhum grupo ou país que pudesse ser responsável pelo ataque. Khamenei prometeu que os inimigos do Irã deveriam saber que a tragédia de ontem "terá uma resposta forte".

Kerman é a cidade natal de Suleimani. O corpo do general, que comandava as operações pró-Irã no Oriente Médio, está enterrado no cemitério junto com 1.024 outras pessoas consideradas mártires. Seu funeral, em 2020, atraiu mais de um milhão de pessoas. Todos os anos, na data de seu assassinato, muitos iranianos realizam procissões e cerimônias em sua homenagem.

RESPONSABILIDADE

Entre os grupos aliados que o general Suleimani armou e financiou estão o Hamas, que controla a Faixa de Gaza, e o Hezbollah, no Líbano. Alguns iranianos, no entanto, usaram as mídias sociais ontem para culpar o governo e as autoridades de segurança por não terem conseguido proteger um evento tão importante. Durante o funeral do general, um tumulto causou um pânico no mesmo local que deixou 60 mortos.

Tags

Autor