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Crianças ucranianas repatriadas da Rússia são recebidas com emoção na fronteira

Esse é o quarto e mais numeroso grupo de menores repatriados graças à mediação do Catar

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AFP

Publicado em 20/02/2024 às 23:17
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Onze crianças ucranianas levadas para a Rússia e os territórios ocupados durante a guerra foram recebidas com emoção por parentes nesta terça-feira (20), após cruzarem a fronteira procedentes de Belarus.

Esse é o quarto e mais numeroso grupo de menores repatriados graças à mediação do Catar, disse à AFP na fronteira o mediador ucraniano, Dmitro Lubinets.

Familiares aguardaram por mais de seis horas em um posto fronteiriço usado com fins humanitários para abraçar as crianças. "Estou feliz, é isso", disse Oleksandr, o mais velho do grupo de menores, cujas idades variavam de 2 a 16 anos.

Com um sorriso tímido, o adolescente disse sentir "felicidade e um pouco de nervoso". "Fora isso, está tudo bem. Meu pensamento principal é de que minha nova vida está começando."

Viktoria, 47, tia de Oleksandr, contou que a odisseia do jovem, natural de Sievierodonetsk, começou em julho de 2022, quando o carro em que fugia foi bombardeado na região de Lugansk, o que causou a morte de sua mãe e de seu irmão mais velho.

'Vamos comemorar'

Desde que começou a guerra, em fevereiro de 2022, Viktoria só havia conseguido falar com o sobrinho uma vez por telefone, e viajou três vezes até a fronteira para procurá-lo. "Parecia que a nossa situação estava bloqueada, mas tudo se resolveu", comemorou.

O adolescente foi enviado para um internato público em Lugansk, cidade ucraniana ocupada, onde ficou sem seus documentos, contou Viktoria.

Oleksandr vai morar com a tia em Zhimotir, perto de Kiev. "Vamos comemorar e apresentar a cidade para ele."

Sergiy, 36, que trabalha na área de informática em Kiev, veio buscar os sobrinhos Lev, 13, e Zhazmin, 10, pronto para se tornar um pai para eles, diz, sorrindo.

Após a morte de seus pais, as crianças haviam sido acolhidas perto de Moscou por um parente distante, "que não tinha nenhuma vontade de cuidar delas" e as enviou de volta para Mariupol, ocupada pela Rússia.

Mediação do Catar

O grupo foi recebido ontem na embaixada do Catar em Moscou. Entre eles havia duas crianças gravemente doentes, que foram levadas ao hospital.

"O Catar é quem mais está nos ajudando", contou Dmitro Lubinets, ressaltando que, antes da mediação, observava "que a parte russa estava relutante em realizar esses processos. Hoje, é muito mais fácil."

O Catar, que ajudou a repatriar 30 crianças ucranianas desde julho de 2023, está disposto a contribuir para outros retornos, informou à AFP o embaixador Hadi Al-Hajri. "Estamos abertos a todas as possibilidades: trazer prisioneiros de guerra, prisioneiros políticos e crianças."

A Ucrânia acusa a Rússia de ter deportado milhares de crianças das regiões que ocupa em seu território. Moscou nega a acusação e afirma que "o reassentamento" tem o objetivo de garantir a segurança dos menores e que está disposta a entregá-los a seus parentes na Ucrânia se assim solicitado.

O Tribunal Penal Internacional emitiu no ano passado ordens de prisão contra o presidente russo, Vladimir Putin, e a comissária para os Direitos das Crianças, Maria Lvova-Belova, por "crimes de guerra" devido a essa política, uma decisão que o Kremlin considera nula.

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