POLÍTICA GLOBAL

Brasil defende 'nova globalização' em reunião do G20

Os ministros das finanças dos países do G7 - Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos - e da União Europeia realizaram uma reunião em separado nesta quarta-feira

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AFP

Publicado em 28/02/2024 às 23:47
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, propôs redefinir a globalização para combater a desigualdade e as mudanças climáticas, em uma reunião das autoridades titulares das finanças do G20, nesta quarta-feira (28), em São Paulo, onde a guerra na Ucrânia prevalece entre as preocupações.

“É hora de redefinirmos a globalização”, disse Haddad ao inaugurar o evento do G20. O Brasil preside este ano o grupo das maiores economias do planeta.

DESAFIOS GLOBAIS

“Precisamos entender a mudança climática e a pobreza como desafios verdadeiramente globais, a serem enfrentados por meio de uma nova globalização sócio-ambiental”, acrescentou o ministro por videoconferência, após ser diagnosticado com covid-19.

Enquanto o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenta impor suas prioridades na agenda global, os riscos gerados pelas guerras no mundo ganham força como tema central da reunião.

"A Ucrânia estará no centro das discussões do G20", declarou à imprensa o ministro da Economia francês, Bruno Le Maire, ao indicar as principais preocupações econômicas.

Além de Le Maire, outros ministros e altos funcionários do G20 - formado pelas 19 maiores economias do mundo, a União Europeia e, pela primeira vez, a União Africana - participam da primeira reunião do ano de titulares das finanças e presidentes dos bancos centrais em São Paulo.

REUNIÃO DO G7

Os ministros das finanças dos países do G7 - Reino Unido, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos - e da União Europeia realizaram uma reunião em separado nesta quarta-feira sobre a renovação do apoio ocidental à Ucrânia, desesperada por mais ajuda.

O ministro ucraniano das Finanças, Serhiy Marchenko, participou virtualmente da discussão.

Um dos pontos-chave é o uso de ativos russos em um fundo para Kiev, utilizando os lucros gerados de cerca de 397 bilhões de dólares (1,97 trilhão de reais) em ativos congelados pelo Ocidente devido à invasão lançada por Moscou.

Na véspera, a secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, propôs discutir com "urgência" o uso de ativos russos congelados para aumentar a ajuda a Kiev.

"Ainda não temos base legal para nos apropriarmos dos ativos russos (...) e não daremos nenhum passo" sem isso, afirmou, no entanto, Le Maire nesta quarta.

TRANSIÇÃO VERDE


Também estão presentes no encontro em São Paulo representantes de organismos multilaterais, como a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, o presidente brasileiro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Ilan Goldfajn, e o presidente do Banco Mundial, Ajay Banga.

Os três concordaram sobre a urgência de destinar recursos para combater as mudanças climáticas, ao participarem de um painel nesta quarta-feira à margem da reunião do G20.

"A crise climática está sobre nós, temos que admitir que fomos um pouco lentos para abordá-la", disse Georgieva.

Nesta quarta, dados oficiais mostraram que os incêndios na Amazônia Legal totalizam quase 3.000 focos em fevereiro, um recorde para este mês do ano, associado à deterioração do clima e ao desmatamento.

A chefe do FMI pediu que se acelere a redução das emissões, eliminar os subsídios aos combustíveis fósseis - estimados em 1,3 trilhão de dólares (6,49 trilhões de reais) em 2023 - e mobilizar capitais para alcançar "a enorme oportunidade da transição verde".

Goldfajn, por sua vez, afirmou que o BID planeja triplicar "de 50 bilhões de dólares para 150 bilhões de dólares" (248,44 bilhões para 745,31 bilhões de reais) seu apoio a projetos contra as mudanças climáticas na América Latina na próxima década.

TAXAÇÃO DE BILIONÁRIOS


No que descreveu como uma "conjuntura econômica global desafiadora", Haddad apontou as prioridades do Brasil, como o “combate à fome e à pobreza, a promoção do desenvolvimento sustentável e a reforma da governança global”.

Além disso, o governo brasileiro pretende promover uma "justa contribuição em impostos" por parte dos "bilionários do mundo".

Nesse sentido, Le Maire também disse à imprensa que a França quer "acelerar" as negociações internacionais em direção a uma tributação mínima para os mais ricos.

O Brasil pretende, ainda, aliviar “o endividamento crônico" dos países mais pobres para que possam "fazer os investimentos necessários para a transição energética, combatam a fome e a pobreza”, indicou Haddad.

A reunião, realizada após o encontro de ministros das Relações Exteriores celebrado na semana passada no Rio de Janeiro, estabelecerá as bases para a cúpula de líderes do G20, que ocorrerá no Rio em novembro.

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