POSIÇÃO

'Massacre' em Gaza mostra que governo Netanyahu não tem limite ético ou legal, diz Itamaraty

O Itamaraty diz que "a humanidade está falhando com os civis de Gaza", e afirma que é "hora de evitar novos massacres"

Imagem do autor
Cadastrado por

Estadão Conteúdo

Publicado em 01/03/2024 às 12:36 | Atualizado em 01/03/2024 às 12:43
Notícia
X

O Ministério das Relações Exteriores classificou como "massacre" a ação israelense que resultou na morte de ao menos 112 palestinos que buscavam ajuda humanitária na Faixa de Gaza. A nota do Itamaraty também diz que o governo de Benjamin Netanyahu não tem limites éticos ou legais. O texto foi divulgado na manhã desta sexta-feira, dia 1º.

"O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão", afirma a nota.

O Itamaraty diz que "a humanidade está falhando com os civis de Gaza", e afirma que é "hora de evitar novos massacres".

A nota afirma que mais de 30 mil palestinos já foram mortos, sendo 12 mil crianças, e que mais de 1,7 milhão de pessoas foram deslocadas forçadamente. "O Brasil reitera a absoluta urgência de um cessar-fogo e do efetivo ingresso em Gaza de ajuda humanitária em quantidades adequadas, bem como a libertação de todos os reféns", diz o Itamaraty.

Hamas acusa Israel de matar palestinos em fila de ajuda humanitária em Gaza

O grupo terrorista Hamas acusou Israel de matar dezenas de pessoas que aguardavam o recebimento de ajuda humanitária na Cidade de Gaza, maior cidade do enclave palestino, nesta quinta-feira, 29. De acordo com o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas, 104 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.

As autoridades israelenses reconheceram que as Forças de Defesa de Israel (IDF) atiraram contra palestinos, mas que só fizeram isso depois que uma multidão se aproximou de forma ameaçadora. Tel-Aviv ressaltou que as mortes ocorreram em uma confusão durante a entrega de ajuda humanitária para os civis palestinos e que os soldados israelenses dispararam tiros para o ar e contra as pernas dos residentes para que não se aproximassem dos caminhões.

A Cidade de Gaza e o norte do enclave palestino foram os primeiros alvos da ofensiva israelense em Gaza que já deixou mais de 30 mil mortos, segundo o ministério da Saúde de Gaza, que é controlado pelo Hamas. A guerra começou no dia 7 de outubro, quando terroristas do Hamas invadiram o território israelense e mataram 1.200 pessoas no pior ataque terrorista da história de Israel e o pior contra judeus desde o Holocausto.

Depois de quase cinco meses de guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, a ONU calcula que 2,2 milhões de pessoas, ou seja, a grande maioria da população do enclave palestino, correm o risco de morrer de fome na Faixa de Gaza, especialmente no norte, onde a destruição e os combates praticamente impossibilitam a entrega de ajuda humanitária.

As Forças de Defesa de Israel (IDF) anunciaram que investigações iniciais sobre o caso apontam que 30 caminhões com ajuda humanitária entraram no enclave palestino pela passagem de Kerem Shalom e que ao chegarem a Cidade de Gaza, pessoas armadas começaram a caminhar em direção aos caminhões e saquearam a ajuda humanitária. Neste momento, uma multidão começou a se aproximar da área.

"Esta manhã, caminhões de ajuda humanitária entraram no norte de Gaza, os residentes cercaram os caminhões e saquearam os suprimentos que estavam sendo entregues. Como resultado do empurra-empurra, pisoteamento e atropelamentos pelos caminhões, dezenas de habitantes de Gaza foram mortos e feridos", diz o comunicado da IDF.

Um médico do hospital Al Shifa na Cidade de Gaza afirmou que os soldados atiraram em "dezenas de cidadãos" que correram na direção dos caminhões de ajuda. Testemunhas relataram à AFP que viram milhares de pessoas correndo na direção dos caminhões de ajuda humanitária que se aproximavam de uma rotatória na parte oeste da Cidade de Gaza.

Cessar-fogo

Arábia Saudita, Egito e Jordânia acusaram Israel de ter como objetivo a morte de civis. Em declarações separadas, os países apelaram para um aumento das passagens seguras para o fluxo de ajuda humanitária. Os países árabes também pediram ajuda da comunidade internacional para tomar medidas decisivas que pressionem Israel a respeitar o direito internacional e a chegar a um acordo para um cessar-fogo imediato.

Em um comunicado condenando o ataque de quinta-feira, o grupo terrorista Hamas disse que não permitirão que as negociações de cessar-fogo "sejam um disfarce para o inimigo continuar os seus crimes".

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que os EUA estavam tentando determinar o que havia acontecido na Faixa de Gaza. Questionado sobre a possibilidade de o incidente prejudicar um acordo de cessar-fogo, Biden afirmou que acredita que esta possibilidade é alta. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

Tags

Autor