GUERRA

ONU denuncia 'grande número' de feridos por disparos israelenses em distribuição humanitária em Gaza

Segundo a ONU, 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes deste estreito território estão ameaçados pela fome após quase cinco meses de conflito

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AFP

Publicado em 02/03/2024 às 17:04
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Uma equipe da ONU disse ter encontrado um "grande número" de pessoas baleadas em um hospital de Gaza, depois que soldados israelenses atiraram contra uma multidão perto de um comboio humanitário, fatos que demonstram a situação desesperadora no território palestino.

Neste sábado (2), o Exército israelense continuou bombardeando a Faixa de Gaza, e provocou ao menos 92 mortos nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do movimento islamista palestino Hamas, que governa este território.

Perante esta situação, os Estados Unidos anunciaram que participarão no lançamento aéreo de ajuda ao território palestino sitiado, bombardeado incansavelmente por Israel desde o início da guerra contra o Hamas, há quase cinco meses.

Segundo a ONU, 2,2 milhões dos 2,4 milhões de habitantes deste estreito território estão ameaçados pela fome após quase cinco meses de conflito, que custou a vida a mais de 30 mil pessoas.

Na quinta-feira, soldados israelenses dispararam contra uma multidão faminta que cercava um comboio de ajuda humanitária no norte de Gaza. Segundo o Hamas, 115 pessoas morreram e 760 ficaram feridas.

No dia seguinte, uma equipe da ONU visitou o hospital Al Shifa, na cidade de Gaza, onde foram internadas dezenas de pessoas feridas na tragédia.

Aí viram "um grande número de feridos de bala", declarou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

A comunidade internacional pediu uma investigação dos fatos e um cessar-fogo imediato na guerra.

 

 

O conflito eclodiu em 7 de outubro, quando comandos islamistas mataram cerca de 1.160 pessoas, a maioria civis, e sequestraram cerca de 250 no sul de Israel, segundo uma contagem da AFP baseada em dados israelenses.

Uma trégua de uma semana em novembro permitiu que cerca de 100 reféns fossem trocados por 240 prisioneiros palestinos, e Israel estima que cerca de 130 pessoas permanecem em cativeiro, das quais 30 teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma operação aérea e terrestre para "aniquilar" o Hamas, um movimento que classifica, assim como os Estados Unidos e a UE, como uma organização "terrorista".

Segundo correspondentes da AFP, nas últimas horas Israel continuou os seus bombardeios na Faixa, especialmente em Khan Yunis e Rafah, no sul do território, em uma campanha que até agora matou 30.320 pessoas, especialmente mulheres e menores, segundo o Ministério da Saúde do Hamas.

Na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou que o seu país participará "nos próximos dias" no lançamento aéreo de ajuda sobre Gaza.

Vários países, incluindo a Jordânia, começaram a fornecer ajuda aérea a Gaza. França, Países Baixos, Reino Unido e Egito também apoiaram este gesto.

Por via terrestre, a ajuda humanitária chega de forma muito limitada, através de Rafah, pois está sujeita a autorizações de Israel, que impõe um bloqueio a Gaza desde 2007.

"Deram-nos sacos de farinha da ajuda que chegou no dia do massacre em Gaza, quinta-feira", disse Hisham Abu Eid, um morador de 28 anos do bairro de Zeitun. "Mas isso não é suficiente. Todo mundo tem fome. A ajuda é escassa e insuficiente".

Nos últimos dias, dez crianças morreram de "desnutrição e desidratação" no enclave, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

O chanceler francês, Stéphane Séjourné, considerou que "a responsabilidade pelo bloqueio da ajuda é claramente israelense", em uma entrevista publicada neste sábado no jornal Le Monde.

A nível diplomático, Catar, Estados Unidos e Egito tentam há semanas chegar a um acordo de trégua de seis semanas, que inclui a libertação de reféns em troca de prisioneiros palestinos e a entrada de grandes quantidades de ajuda em Gaza.

Na sexta-feira, Biden admitiu que a tragédia ocorrida durante a distribuição da ajuda complica as negociações de trégua, mas disse "esperar" que um acordo a este respeito seja alcançado antes do início do Ramadã, até 10 de março.

"Espero que sim, continuamos trabalhando muito nisso. Ainda não chegamos lá", disse ele.

O conflito causou hostilidades com outros países da região. O Hezbollah libanês anunciou neste sábado a morte de três dos seus membros em um bombardeio israelense que, segundo a agência de notícias libanesa, teve como alvo o seu veículo no sul do país. 

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