Mais de 33 mil haitianos fugiram de Porto Príncipe em duas semanas de violência
O Haiti tem vivido semanas de caos desde que gangues armadas lançaram uma batalha contra o controverso primeiro-ministro Ariel Henry, com ataques ao aeroporto, delegacias, presídios e outros edifícios públicos
Mais de 33 mil pessoas fugiram da área metropolitana de Porto Príncipe nos últimos 15 dias para escapar do aumento dos ataques de gangues, anunciou a Organização Internacional para as Migrações (OIM) nesta sexta-feira (22).
"Nas últimas semanas, os ataques armados intensificaram-se na Zona Metropolitana de Porto Príncipe (ZMPP), capital do Haiti", afirmou a agência da ONU em um comunicado.
Além de causar deslocamentos dentro e ao redor de Porto Príncipe, "os ataques e a insegurança generalizada estão forçando cada vez mais pessoas a deixar a capital em busca de refúgio nas províncias, correndo o risco de viajar em estradas controladas por gangues", acrescentou.
DADOS DAS ESTAÇÕES RODOVIÁRIAS
A OIM, que recolheu dados nas estações rodoviárias mais utilizadas, observou que 33.333 pessoas deixaram a capital entre 8 e 20 de março, principalmente para se dirigirem aos departamentos do Grande Sul, que já acolhem cerca de 116 mil deslocados que fugiram nos últimos meses.
Estas "províncias não têm infraestruturas suficientes e as comunidades de acolhida não têm recursos suficientes para enfrentar estes deslocamentos massivos da capital", insistiu a OIM.
Muitas das mais de 33 mil pessoas que fugiram da capital já estavam deslocadas internamente e, em alguns casos, várias vezes.
GANGUES ARMADAS EM BATALHA DO HAITI
O Haiti tem vivido semanas de caos desde que gangues armadas lançaram uma batalha contra o controverso primeiro-ministro Ariel Henry, com ataques ao aeroporto, delegacias, presídios e outros edifícios públicos.
Na semana passada, o questionado primeiro-ministro Ariel Henry concordou em renunciar e dar lugar a um conselho presidencial de sete membros e dois observadores, cuja formação foi adiada por dissensões internas.
Porto Príncipe sofre diariamente as consequências da violência das gangues, que controlam quase 80% da cidade.
"Nos últimos dias, as gangues avançaram para novas áreas da capital", alertou na quinta-feira Ulrika Richardson, coordenadora especial da ONU no país caribenho, sujeito a "sofrimento humano em escala alarmante", em suas palavras.