Protestos pró-Palestina e prisões em universidades dos EUA crescem
Os choques mais violentos foram registrados em Atlanta, no câmpus da Emory University, em Emerson College, em Boston, onde 108 pessoas foram presas, e na Universidade do Sul da Califórnia, onde outros 100 alunos terminaram o dia na cadeia
As manifestações pró-Palestina continuam a se espalhar em universidades dos EUA, à medida que estudantes e policiais entram em confronto em diferentes cidades. Os choques mais violentos foram registrados em Atlanta, no câmpus da Emory University, em Emerson College, em Boston, onde 108 pessoas foram presas, e na Universidade do Sul da Califórnia, onde outros 100 alunos terminaram o dia na cadeia.
Detenções também foram realizadas pela polícia na Universidade do Texas, em Austin, em um esforço dos diretores para evitar que os estudantes repitam os protestos realizados na Universidade Columbia, onde foram montados acampamentos que alteraram a vida do câmpus. Os manifestantes, entre eles judeus contrários à guerra na Faixa de Gaza, são acusados em alguns casos de antissemitismo por outros estudantes e professores.
QUEIXAS
A principal demanda dos universitários é o fim do financiamento e de projetos das universidades com empresas envolvidas com Israel e a guerra de Gaza, de fabricantes de armas a empresas de tecnologia, como Google e Airbnb, que permitem anúncios em assentamentos judeus na Cisjordânia. Até agora, as universidades rejeitaram desinvestir.
Em Atlanta, os policiais dispersaram um acampamento na Emory University e entraram em confronto com manifestantes. De acordo com o jornal local, os policiais usaram gás de pimenta e prenderam alguns alunos.
Nas redes, vídeos não verificados de forma independente mostram agentes de segurança imobilizando jovens no chão com o uso de teasers, enquanto pessoas gritam em volta.
O porta-voz do Departamento de Polícia de Atlanta, Anthony Grant, disse que os policiais estavam "fornecendo apoio e assistência" a pedido da polícia universitária. A porta-voz da universidade, Laura Diamond, afirmou que muitos manifestantes não eram estudantes e haviam "invadido" o câmpus. Questionados, nenhum dos dois respondeu sobre a truculência da polícia.
PRISÕES
Em Boston, as forças de segurança agiram para dispersar um protesto liderado por estudantes do Emerson College, do lado de fora do State Transportation Building, e entraram em confronto com alunos que formaram um muro humano e ergueram guarda-chuvas para impedir a ação policial, de acordo com imagens de vídeo.
Um total de 108 prisões foram feitas, e quatro policiais ficaram feridos, segundo o Departamento de Polícia de Boston, que negou que haja feridos entre os manifestantes detidos. Imagens do Emerson College mostraram pessoas gritando enquanto a polícia retirava os estudantes e os empurra para o chão.
O grupo Emerson Students for Justice in Palestine acusou a polícia de "bater" indiscriminadamente em quem estavam no protesto. Até o momento, a instituição não se pronunciou.
Os casos repetiram o que aconteceu em várias outras universidades americanas esta semana. Ao todo, mais de 400 manifestantes foram detidos desde 18 de abril. Só na Universidade Columbia, onde os protestos começaram, mais de 100 foram presos.
APOIO
Enquanto os protestos se espalham, alguns políticos pedem ao governo americano medidas mais fortes. O presidente da Câmara dos Deputados, o republicano Mike Johnson, disse que o presidente dos EUA, Joe Biden, deveria considerar o uso da força militar para dispersar os manifestantes.
As universidades que registraram protestos suspenderam os estudantes, sob pressão dos políticos conservadores, de doadores e de ex-alunos que consideram as manifestações antissemitas.
Os estudantes afirmam que a repressão dá mais força aos protestos. Ontem, 23 universidades em 11 Estados estavam conflagradas. Em janeiro, a reitora da Universidade Harvard, Claudine Gay, renunciou em razão dos protestos. Na terça-feira, o Google demitiu 20 funcionários que participaram de manifestações contra a guerra.